quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Estupefaciente

 

De repente, muito mais que de repente, melhor dizer repentinamente, deparamo-nos com o tudo. Se bem que um tudo a pressagiar o nada. São calores, incêndios, queimadas, nevascas, tremores, torpes inundações, ondas gigantes, vendavais, temporais, enxurradas. O que mais? Doenças a retornar, outras inéditas a se manifestar; novas definições, observações, deliberações. Crises de ansiedade, angústia, depressão, violência, a banalização do mal, o suicídio. Drogas as mais variadas a coonestar, tumores então não mais escondidos; não valores a serem esculpidos, difundidos, ideologizados. A nesciedade, a insciência vem nos assolar. E tem lugar o imogerado.

Cuidai-vos! Mares, rios e lagos em cor avermelhada; eclipses rotineiros. Alerta para o dia da noite no dia! O impossível passou a nos conduzir; nem mesmo “trancos e barrancos” possibilitará qualquer viver. Se colocado em tela tal cenário, a coisa estaria para além do surrealismo, do abstrato; seria algo dissentâneo, talvez híbrido, prepóstero... E lá estava eu a tentar expressar o vulgacho, o atascadouro. A tela? Qual nada! Nem mesmo as blandícias da espátula e/ou pincel poderiam evitar o formidoloso. Se bem que, em dado momento o clangor, seguido de um tonitruar, permitiu-me observar o refulgir da honra, da adoração. Enfim, o nume a nos guiar.      

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Kako Gnose

 

Alguns professores universitários brasileiros não conseguem entender o porquê, muito embora a pedagogia de Paulo Freire, de o Brasil ter um dos piores índices educacionais do mundo, conviver com o analfabetismo e tantos analfabetos funcionais. Creio que tais professores sejam vítimas de dissonância cognitiva ou de patente hipocrisia. Atentai vós outros que lastimais o apedeutismo. Em termos freireanos, é a "educação bancária", o conteúdo, o conhecimento que promove o espírito crítico; a recíproca não é verdadeira, pois espírito crítico não promove conhecimento algum. O dito espírito crítico enfatizado por vós não passa de doutrina. Uma pergunta: há, de fato, empenho dos governantes em promoverem a educação?  Parece que a coisa agora resume-se ao "Pé de Meia", isso para que o tráfico continue a ser financiado. Devo recordar-vos de que meninos brasileiros, não é de hoje, repetem o mote: "Não precisa estudar para ser jogador de futebol!" Em dias atuais o mote foi ligeiramente modificado:  "Não precisa estudar para ser presidente da república!"

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Har Megiddo

 

Com o bloqueio de redes sociais, a geração Z, no Nepal, derruba governo, incendeia casas e causa mortes. Políticos de direita são alvos de violência em diversas partes do mundo. Na Alemanha, às vésperas da eleição, seis candidatos conservadores são assassinados. Após derrota para Marine Le Pen, representante do partido de direita, Emmanuel Macron dissolve parlamento e convoca novas eleições. Como explicar a derrota de Javier Milei na Argentina? No Brasil, dos 1.400 presos acusados de “golpistas” em 08 de janeiro de 2023, 141 continuam presos e 44 em prisão domiciliar. Ex-presidente, mesmo ausente do país, foi acusado de golpista, está preso e sendo julgado por um tribunal de exceção.

Em face desse breve relato, será que alguém ainda duvida de que estamos próximos do Armagedom? Creio que nem mesmo o ateísmo consegue enceguecer contumazes observadores. Duvidais? Pois bem, já consigo aperceber-me dos anjos e suas respectivas taças; seres com chagas, o mar e as fontes de água tornadas em sangue, seres humanos abrasados com tanto calor, percebo as dores, os rios a tornarem-se desertos. E do céu a grande voz, por certo, irá proferir: Está feito!

Conheci também a grande prostituta, pois com ela convivi nos anos de magistério. Ela pairava sobre as muitas águas a corromper jovens e governantes; mulher bem vestida e adornada de joias, a trazer na mão o cálice da perdição. Confesso que, a princípio, tanto quanto João, cheguei a admirar a tal mulher, mas um Deus sempre presente alertou-me. Outro anjo poderoso está para descer do céu e tornar tudo em luz. A grande Babilônia será destruída; a besta derrotada. Novos valores e princípios governarão o planeta. Satanás vencido para sempre.

“E vi um novo céu e uma nova terra”. Apocalipse 21: 1

Pseudociência

 

La Medicina Hipocrática. Foram 431 páginas voltadas a uma melhor compreensão da ciência médica por referência. E já de início posso vos afiançar que os profissionais da área médica, não obstante o afamado juramento, a fazer uso das palavras do próprio autor, Pedro Lain Entralgo, tratam com uma “infiel fidelidade o tema hipocrático”.

O livro discorre de modo exaustivo sobre o conceito de physis (natureza). O corpus hipocrático busca harmonia, equilíbrio entre natureza e ser humano. Nas palavras do autor, “el médico hipocrático conoce la phýsis del enfermo, y em alguna medida la phýsys universal”. A natureza não vai nos trazer nenhum ser perfeito; a beleza e a sabedoria da natureza está em se autorregular, em se autocorrigir.

E o que temos em dias atuais? Uma parafernália tecnológica a virar corpos pelo avesso na procura de alguma “anomalia”. Atenção: nunca haverá sequer, em se tratando de natureza, um corpo perfeito! Então o ser humano torna-se refém de uma tecnologia invasiva, que usa como argumento estar fazendo o melhor para seu bem estar. Em verdade, essa vaidade acadêmica visa apenas imitar “Papai do Céu”.

O que temos, então? Exames e medicamentos caros a enriquecer a indústria farmacêutica e, por acréscimo, patrocinar o turismo acadêmico de profissionais médicos. A medicina não mais nos dá a liberdade de escolha; médicos cada vez mais indiferentes a pessoa humana: seus clientes. Em nada vou estranhar se atribuírem à Alexa (assistente virtual) um diploma de pós-doutorado em medicina e ela tornar-se uma pseudo seguidora de Asclépio.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Eu, o tirano

 

Nada mais prudente do que recorrer a etimologia para melhor entender o vero significado de alguns termos. E lá vamos nós: eu sou considerado um tirano! Minto; somos próximos a 218 milhões de tiranos neste imenso Brasil, segundo a Excelentíssima Senhora Ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia.

Mas o que seria, de fato, um tirano? Originalmente, o termo não carregava conotação negativa e referia-se a governante ou monarca ilegítimo, ou seja, alguém alheio à oligarquia vigente, alguém humilde, um militar, talvez, que tomava o poder através de golpes. O termo evoluiu do grego para o latim e assimilou a característica de alguém que exerce o poder de forma arbitrária e opressiva. A conotação negativa do termo (algo bem atual) está associada a governos cruéis, despóticos, autoritários. Creio serem desnecessários os exemplos.

E a perguntas que não querem calar: onde nos encaixamos neste conceito? Seria porque não nos permitirmos silenciar a respeito de um governo que se revela cada vez mais autoritário, enganoso, hipócrita, desleal, cleptocrata? Seria porque alertamos, através das mídias sociais, nossos compatriotas acerca dos desmandos de um executivo inepto e antiquado? Seria porque desempenhamos informalmente as funções de uma imprensa totalmente vendida aos interesses de poucos? Ou, quem sabe, Sua Excelência tenha querido referir-se a outras pessoas? Na verdade, a si mesma e a seus pares.

Peço-vos vênia no recordar a expressão popular “O bom julgador por si julga todos!”

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Uma távola não muito redonda


Conheci certo político, um prepóstero matemático, na verdade um apoucado intelectual, que durante seu virulento discurso declarou ter construído uma mesa onde o quadrado mesclava-se ao círculo, pondo fim ao milenar problema da quadratura do círculo. E apresentou o tal objeto (ou seria abjeto?): uma mesa parte curva, parte retilínea. Ouviu-se um oh, seguido de risos. A tentativa de embair a novel plateia, e não só o poviléu, mostrou-se como facécia. A dita távola, então, assimilou a alcunha de anomalia.

Dizem que Ulisses Guimarães, em 1988, após promulgar a anomalia, digo, a Constituição (desculpai-me o ato falho) foi assassinado. Isto porque ele seria um dos pretendentes a retirar a espada da pedra, um legado do deposto Imperador, a simbolizar uma espécie de retorno aos tempos de exautoração. Muitos foram os sardônicos representantes políticos que estadearam mínimos princípios éticos para sacarem a arma da rocha e aboletarem-se no precioso sólio.

Tancredo Neves tentou e morreu. Paulo Maluf pretendeu, José Serra intentou, Leonel Brizola diligenciou. Houve um primeiro Fernando que diziam caçar marajás (risos). Mas marajás não caçam marajás! Itamar não tentou, mas foi inquinado. Outro Fernando, a obumbrar intenso mau-caratismo surgiu como num fulgir de fogos de artifício. Mas a farsa tem prazo de validade. No perquirir mais agudamente optou-se em ter um órgão como estalão: o TSE.

Meu Deus! Dizia o TSE pôr novas regras à liça e adjudicar o cargo a quem, de fato, a ele fizesse jus. Qual nada! tresandaram, deflectiram. Creio que de modo consentâneo, permitiram que um herético, dado a libações, viesse tentar retirar a espada plantada por alguém de mirífico caráter. Em verdade, o dito representante escolhido pelo TSE teve origem num atascadouro e vende-se a troca de qualquer espórtula. O mesmo que colocar um lobo para zelar por ovelhas.

Resta-nos somente a certeza de que a espada continua enraizada na pedra.   

 

Obs: A linguagem um tanto rebuscada fez-se mister haja vista a seriedade do tema. 

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Vilipêndio

 

Sou levado a crer que o cínico oportunismo de algumas pessoas acabam por torná-las reverenciadas. Não há o que se questionar em termo de aptidões, mas a despreocupação ética deveria conhecer limites. Até a Filosofia mostra-se refém de autores carentes de integridade. E infelizmente estas são referências literárias tidas como exemplares.

Comecemos por Arthur Schopenhauer. Muito embora pregar uma espécie de esvaziamento do mundo, em um de seus ataques de fúria jogou a vizinha, uma senhora, escada abaixo, o que lhe custou uma dívida vitalícia.

Outro grande autor de referência é Goethe. Nas palavras de Strong: “Goethe era a própria encarnação do egoísmo e da falta de coração”. Os biógrafos dele diziam que ele amou (?) cerca de sessenta mulheres. O caso extraconjugal que teve com a esposa de Friederike Brion serviu de inspiração para escrever Os sofrimentos do jovem Werther. O primeiro mandamento de Goethe seria: “Amarás o teu próximo e a sua esposa”. Assim como Goethe, Hegel admirava Napoleão, que invadira seu país.

Falemos agora de Jean-Jacques Rousseau. Segundo Strong, consta em suas Confissões que: “Na infância era um ladrãozinho. Em seus escritos, ele defendia o adultério e o suicídio. Viveu por mais de vinte anos na prática da licenciosidade. A maior parte de seus filhos, senão todos, ilegítimos, ele os mandava para o hospital dos enjeitados tão logo nasciam, deixando-os assim à dependência da caridade de estranhos, embora inflamasse as mães da França com eloquentes apelos para que elas acalentassem seus próprios bebês”. Este o homem - na verdade um apátrida - que veio nos propor O Contrato Social. No entanto, as propostas indecentes não se esgotaram.

Martin Heidegger, tão reverenciado nos estudos universitários, foi membro do partido nazista de 1933 a 1945. Em 1934 fundou o Comitê de Filosofia Jurídica da Academia Nacional Socialista de Direito Alemão. Sua formação foi em seminário protestante, todavia casou-se com uma católica e teve como amante uma judia.

Karl Marx. Uma de suas avós pertencia a rica família em Amsterdam; o primo Lionel Rothschild foi barão e membro do parlamento da cidade de Londres, descendência da qual muito se orgulhava. Segundo alguns historiadores, Marx fora contratado como agente dos Rothschilds para subverter a democracia e contaminar o movimento socialista. Em sua vida adulta, Karl Marx não trabalhava; boa parte do tempo era destinado à boemia e ao desregramento. Sempre se recusou a buscar uma profissão verdadeira. Seus recursos financeiros eram decorrentes de empréstimos feitos por amigos, dentre estes o empresário Friedrich Engels, e membros da família, com os quais não mantinha relações saudáveis. Gastou toda a herança familiar, bem como os bens da esposa. Ainda antes da morte da mãe, negociou o adiantamento da herança com seu tio Phillip. Incompetente para lidar com dinheiro, chegou a ser despejado do abrigo em Chelsea devida a falta de pagamento; teve a esposa e filhos jogados na rua. Talvez isso explique o ódio ao capitalismo. Mas defender trabalhadores? 

Paramos aqui? Não, falemos então de uma figura icônica: Jean-Paul Sartre, outra grande decepção. Filósofo, escritor e crítico, na verdade só se revelou por inteiro no leito de morte. Benny Lévy, seu secretário, anotou uma série de entrevistas com o autor e publicou no livro L’espoir maintenant (A esperança agora). Ali se expôs o verdadeiro Sartre. Sim, o filósofo nunca soube ou sentiu a tão afamada náusea; ele praticamente desmente tudo o que pregara durante toda a vida como existencialista ateu, inclusive criticou Marx e falou na ruína da democracia.

Não, eu não falei demais. Estai certos de que ainda há muito a se descobrir. Filosofastros e filosofemas da atualidade têm como premissas as citadas escolas. Por outro lado, as saudáveis referências como Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino e Kant foram lançadas ao ostracismo. Talvez agora possais entender o meu rompimento com a Filosofia.