La Medicina Hipocrática. Foram 431 páginas voltadas a uma melhor compreensão da ciência médica por referência. E já de início posso vos afiançar que os profissionais da área médica, não obstante o afamado juramento, a fazer uso das palavras do próprio autor, Pedro Lain Entralgo, tratam com uma “infiel fidelidade o tema hipocrático”.
O livro discorre de modo exaustivo sobre
o conceito de physis (natureza). O corpus hipocrático busca harmonia,
equilíbrio entre natureza e ser humano. Nas palavras do autor, “el médico
hipocrático conoce la phýsis del enfermo, y em alguna medida la phýsys
universal”. A natureza não vai nos trazer nenhum ser perfeito; a beleza e a
sabedoria da natureza está em se autorregular, em se autocorrigir.
E o que temos em dias atuais? Uma
parafernália tecnológica a virar corpos pelo avesso na procura de alguma
“anomalia”. Atenção: nunca haverá sequer, em se tratando de natureza, um corpo
perfeito! Então o ser humano torna-se refém de uma tecnologia invasiva, que usa
como argumento estar fazendo o melhor para seu bem estar. Em verdade, essa
vaidade acadêmica visa apenas imitar “Papai do Céu”.
O que temos, então? Exames e
medicamentos caros a enriquecer a indústria farmacêutica e, por acréscimo,
patrocinar o turismo acadêmico de profissionais médicos. A medicina não mais nos
dá a liberdade de escolha; médicos cada vez mais indiferentes a pessoa humana:
seus clientes. Em nada vou estranhar se atribuírem à Alexa (assistente virtual)
um diploma de pós-doutorado em medicina e ela tornar-se uma pseudo seguidora de
Asclépio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário