quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Pseudociência

 

La Medicina Hipocrática. Foram 431 páginas voltadas a uma melhor compreensão da ciência médica por referência. E já de início posso vos afiançar que os profissionais da área médica, não obstante o afamado juramento, a fazer uso das palavras do próprio autor, Pedro Lain Entralgo, tratam com uma “infiel fidelidade o tema hipocrático”.

O livro discorre de modo exaustivo sobre o conceito de physis (natureza). O corpus hipocrático busca harmonia, equilíbrio entre natureza e ser humano. Nas palavras do autor, “el médico hipocrático conoce la phýsis del enfermo, y em alguna medida la phýsys universal”. A natureza não vai nos trazer nenhum ser perfeito; a beleza e a sabedoria da natureza está em se autorregular, em se autocorrigir.

E o que temos em dias atuais? Uma parafernália tecnológica a virar corpos pelo avesso na procura de alguma “anomalia”. Atenção: nunca haverá sequer, em se tratando de natureza, um corpo perfeito! Então o ser humano torna-se refém de uma tecnologia invasiva, que usa como argumento estar fazendo o melhor para seu bem estar. Em verdade, essa vaidade acadêmica visa apenas imitar “Papai do Céu”.

O que temos, então? Exames e medicamentos caros a enriquecer a indústria farmacêutica e, por acréscimo, patrocinar o turismo acadêmico de profissionais médicos. A medicina não mais nos dá a liberdade de escolha; médicos cada vez mais indiferentes a pessoa humana: seus clientes. Em nada vou estranhar se atribuírem à Alexa (assistente virtual) um diploma de pós-doutorado em medicina e ela tornar-se uma pseudo seguidora de Asclépio.

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