segunda-feira, 16 de junho de 2025

Vilipêndio

 

Sou levado a crer que o cínico oportunismo de algumas pessoas acabam por torná-las reverenciadas. Não há o que se questionar em termo de aptidões, mas a despreocupação ética deveria conhecer limites. Até a Filosofia mostra-se refém de autores carentes de integridade. E infelizmente estas são referências literárias tidas como exemplares.

Comecemos por Arthur Schopenhauer. Muito embora pregar uma espécie de esvaziamento do mundo, em um de seus ataques de fúria jogou a vizinha, uma senhora, escada abaixo, o que lhe custou uma dívida vitalícia.

Outro grande autor de referência é Goethe. Nas palavras de Strong: “Goethe era a própria encarnação do egoísmo e da falta de coração”. Os biógrafos dele diziam que ele amou (?) cerca de sessenta mulheres. O caso extraconjugal que teve com a esposa de Friederike Brion serviu de inspiração para escrever Os sofrimentos do jovem Werther. O primeiro mandamento de Goethe seria: “Amarás o teu próximo e a sua esposa”. Assim como Goethe, Hegel admirava Napoleão, que invadira seu país.

Falemos agora de Jean-Jacques Rousseau. Segundo Strong, consta em suas Confissões que: “Na infância era um ladrãozinho. Em seus escritos, ele defendia o adultério e o suicídio. Viveu por mais de vinte anos na prática da licenciosidade. A maior parte de seus filhos, senão todos, ilegítimos, ele os mandava para o hospital dos enjeitados tão logo nasciam, deixando-os assim à dependência da caridade de estranhos, embora inflamasse as mães da França com eloquentes apelos para que elas acalentassem seus próprios bebês”. Este o homem - na verdade um apátrida - que veio nos propor O Contrato Social. No entanto, as propostas indecentes não se esgotaram.

Martin Heidegger, tão reverenciado nos estudos universitários, foi membro do partido nazista de 1933 a 1945. Em 1934 fundou o Comitê de Filosofia Jurídica da Academia Nacional Socialista de Direito Alemão. Sua formação foi em seminário protestante, todavia casou-se com uma católica e teve como amante uma judia.

Karl Marx. Uma de suas avós pertencia a rica família em Amsterdam; o primo Lionel Rothschild foi barão e membro do parlamento da cidade de Londres, descendência da qual muito se orgulhava. Segundo alguns historiadores, Marx fora contratado como agente dos Rothschilds para subverter a democracia e contaminar o movimento socialista. Em sua vida adulta, Karl Marx não trabalhava; boa parte do tempo era destinado à boemia e ao desregramento. Sempre se recusou a buscar uma profissão verdadeira. Seus recursos financeiros eram decorrentes de empréstimos feitos por amigos, dentre estes o empresário Friedrich Engels, e membros da família, com os quais não mantinha relações saudáveis. Gastou toda a herança familiar, bem como os bens da esposa. Ainda antes da morte da mãe, negociou o adiantamento da herança com seu tio Phillip. Incompetente para lidar com dinheiro, chegou a ser despejado do abrigo em Chelsea devida a falta de pagamento; teve a esposa e filhos jogados na rua. Talvez isso explique o ódio ao capitalismo. Mas defender trabalhadores? 

Paramos aqui? Não, falemos então de uma figura icônica: Jean-Paul Sartre, outra grande decepção. Filósofo, escritor e crítico, na verdade só se revelou por inteiro no leito de morte. Benny Lévy, seu secretário, anotou uma série de entrevistas com o autor e publicou no livro L’espoir maintenant (A esperança agora). Ali se expôs o verdadeiro Sartre. Sim, o filósofo nunca soube ou sentiu a tão afamada náusea; ele praticamente desmente tudo o que pregara durante toda a vida como existencialista ateu, inclusive criticou Marx e falou na ruína da democracia.

Não, eu não falei demais. Estai certos de que ainda há muito a se descobrir. Filosofastros e filosofemas da atualidade têm como premissas as citadas escolas. Por outro lado, as saudáveis referências como Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino e Kant foram lançadas ao ostracismo. Talvez agora possais entender o meu rompimento com a Filosofia.   

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