Sou levado a crer que o cínico oportunismo de algumas pessoas acabam por torná-las reverenciadas. Não há o que se questionar em termo de aptidões, mas a despreocupação ética deveria conhecer limites. Até a Filosofia mostra-se refém de autores carentes de integridade. E infelizmente estas são referências literárias tidas como exemplares.
Comecemos por Arthur Schopenhauer. Muito
embora pregar uma espécie de esvaziamento do mundo, em um de seus ataques de
fúria jogou a vizinha, uma senhora, escada abaixo, o que lhe custou uma dívida
vitalícia.
Outro grande autor de referência é
Goethe. Nas palavras de Strong: “Goethe era a própria encarnação do egoísmo e
da falta de coração”. Os biógrafos dele diziam que ele amou (?) cerca de
sessenta mulheres. O caso extraconjugal que teve com a esposa de Friederike
Brion serviu de inspiração para escrever Os
sofrimentos do jovem Werther. O primeiro mandamento de Goethe seria:
“Amarás o teu próximo e a sua esposa”. Assim como Goethe, Hegel admirava
Napoleão, que invadira seu país.
Falemos agora de Jean-Jacques
Rousseau. Segundo Strong, consta em suas Confissões
que: “Na infância era um ladrãozinho. Em seus escritos, ele defendia o
adultério e o suicídio. Viveu por mais de vinte anos na prática da
licenciosidade. A maior parte de seus filhos, senão todos, ilegítimos, ele os
mandava para o hospital dos enjeitados tão logo nasciam, deixando-os assim à
dependência da caridade de estranhos, embora inflamasse as mães da França com
eloquentes apelos para que elas acalentassem seus próprios bebês”. Este o homem
- na verdade um apátrida - que veio nos propor O Contrato Social. No entanto, as propostas indecentes não se
esgotaram.
Martin Heidegger, tão reverenciado nos
estudos universitários, foi membro do partido nazista de 1933 a 1945. Em 1934
fundou o Comitê de Filosofia Jurídica da Academia Nacional Socialista de
Direito Alemão. Sua formação foi em seminário protestante, todavia casou-se com
uma católica e teve como amante uma judia.
Karl Marx. Uma de suas avós pertencia
a rica família em Amsterdam; o primo Lionel Rothschild foi barão e membro do parlamento
da cidade de Londres, descendência da qual muito se orgulhava. Segundo alguns
historiadores, Marx fora contratado como agente dos Rothschilds para subverter
a democracia e contaminar o movimento socialista. Em sua vida adulta, Karl Marx
não trabalhava; boa parte do tempo era destinado à boemia e ao desregramento.
Sempre se recusou a buscar uma profissão verdadeira. Seus recursos financeiros
eram decorrentes de empréstimos feitos por amigos, dentre estes o empresário
Friedrich Engels, e membros da família, com os quais não mantinha relações
saudáveis. Gastou toda a herança familiar, bem como os bens da esposa. Ainda
antes da morte da mãe, negociou o adiantamento da herança com seu tio Phillip.
Incompetente para lidar com dinheiro, chegou a ser despejado do abrigo em
Chelsea devida a falta de pagamento; teve a esposa e filhos jogados na rua.
Talvez isso explique o ódio ao capitalismo. Mas defender trabalhadores?
Paramos aqui? Não, falemos então de
uma figura icônica: Jean-Paul Sartre, outra grande decepção. Filósofo, escritor
e crítico, na verdade só se revelou por inteiro no leito de morte. Benny Lévy,
seu secretário, anotou uma série de entrevistas com o autor e publicou no livro
L’espoir maintenant (A esperança
agora). Ali se expôs o verdadeiro Sartre. Sim, o filósofo nunca soube ou sentiu
a tão afamada náusea; ele praticamente desmente tudo o que pregara durante toda
a vida como existencialista ateu, inclusive criticou Marx e falou na ruína da
democracia.
Não, eu não falei demais. Estai certos
de que ainda há muito a se descobrir. Filosofastros e filosofemas da atualidade
têm como premissas as citadas escolas. Por outro lado, as saudáveis referências
como Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino e Kant foram
lançadas ao ostracismo. Talvez agora possais entender o meu rompimento com a
Filosofia.
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