Penso em contar um causo, contudo
corro o risco de iniciar um discurso laudativo; quem sabe uma parlenda? Ainda
assim, atrever-me-ei.
Era São João, ou melhor, estávamos na
festa junina. Alegria, música, fogos de artifício. Eis que a meu lado surge um
cabelo vermelho... cores de certo crepúsculo. A cabeleira nada esvoaçante
faz-me lembrar um leão, mas era uma leoa. Observo o céu: sim balões em demasia,
algumas estrelas, o luar e nada de quasares a pulsar. Evoco Afrodite, Eros e
sei lá quem mais... A leoa devora-me; ela tem atrevimento no olhar. Imagino o
leito, afinal... Penso em pedir para ser por ela arrebatado, quem sabe imolado,
mesmo que num forjado élan. Que tal fazer minhas as palavras do poeta e
suplicar: “Adapte-me ao seu ‘Ne me quitte
pas’”. Deus, que confusão! Confundi a leoa com a camaleoa. E o pior:
descobri, muito embora tendo a licença poética como desculpa, que camaleão é
substantivo epiceno.
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