Hodiernamente, é muito comum as
pessoas vincularem engenharia social com tecnologia da informação, hackers,
ciberataques, etc. Todavia, a engenharia social precede a era da informação; eu
diria que esta, a tecnologia da informação, é um recurso amplamente empregado
por aquela. A engenharia social já foi definida como “a arte de enganar”. Em
verdade, ela busca entender a vulnerabilidade humana e, a partir daí, explora
suas falhas, explora a boa vontade das pessoas. Posso citar, como exemplo de
utilização da tecnologia para estudar o comportamento humano, o Facebook.
Mas, antes mesmo de nos voltarmos à
observação da temática em si, permito-me recorrer à sétima arte. Sim, quero
crer que todos vós tendes assistido à Matrix - pelo menos, certo estou de que
tendes ouvido falar à respeito. Pois bem, Matrix sintetiza em boa parte o que
tenho a vos relatar. Há uma estrutura social totalmente forjada, que se apoia
no discurso de um bem estar social e a qual todos estamos submetidos; é a
caverna de Platão. Nós acreditamos ter liberdade de escolhas, julgamos decidir
nossas vidas, mas somos inexoravelmente manipulados. Nossos gostos, nossas
opções, nosso pensar é, de certo modo, previamente moldado. Fugir disso?
Parece-me impossível. Mas vejamos.
Não obstante a engenharia social então
presente na caverna platônica, pode-se perceber que todo período pós epidêmico
proporciona o advento de significativas revoluções no pensamento. A febre
tifoide que assolou a Grécia de 430 a 427 a.C. matou 35% da população. Neste
ínterim surge Sócrates, que vem presentar o mundo ocidental com sua filosofia e
um novo tônus religioso que lhe custou a vida. Logo após a Peste Negra (peste
bubônica) na Europa, de 1347 a 1353, onde, em alguns lugares, chegaram a morrer
2/3 da população, desponta o Grande Cisma do Ocidente, a crise na Igreja
Católica, que vai de 1378 a 1417.
Mas foi no século XIX que, assim
creio, salvo melhor juízo, surge a engenharia social como a conhecemos hoje em
dia. Foi um século intenso: as Guerras Napoleônicas, o Bloqueio Continental, a
Guerra Cisplatina, a Guerra do Ópio, a Rebelião Francesa que deu origem à Segunda
República, a publicação do Manifesto do Partido Comunista, surge o positivismo
de Auguste Comte, experimenta-se o auge da Revolução Industrial, tem lugar a
Guerra Civil (Guerra de Secessão) norte-americana, o assassinato de Abraham
Lincoln, publicação da Origem das Espécies de Darwin, a psicanálise de Sigmund
Freud, etc.
No início do século XX tivemos a
Primeira Grande Guerra, de 1914 a 1918. Irrompe a Gripe Espanhola entre 1918 e
1919, que levou à morte 50 milhões de pessoas. Na busca por vacinas, a ciência
experimenta um grande avanço. Contudo, pode-se claramente perceber fortes
indícios de uma mudança comportamental contrapondo-se a valores até então
cultuados. Pertinente lembrar que, no Brasil, tivemos a Semana da Arte de 1922,
pois segundo dizem os “especialistas”, não eu, que em função das muitas vidas
perdidas na guerra, a arte tornou-se tão efêmera como a vida humana. Bem, é
neste século vemos destacar-se a engenharia social. A Teoria Populacional de
Thomas Robert Malthus, apesar de criada no século XVIII, acabou por influenciar
as gerações seguintes. A primeira grande guerra, gestada pela Nova Ordem
Mundial, objetivava não só a instalação de um governo mundial, mas também o
controle populacional. Sim, isto porque a ciência auxiliava muito em tornar as
pessoas longevas. Um projeto foi idealizado e posto em prática.
Em meados do século XX pudemos
testemunhar: os cabelos longos, o movimento hippie, a apologia às drogas, a
liberação sexual, Festival de Woodstock, os movimentos estudantis de 1968 em todo
o mundo. O que havia por trás de tudo isso? Novos valores nos foram
introjetados. Vê- se a chegada furtiva de uma engenharia social. Alinhados à
ideologia de esquerda, tem início o movimento de emancipação da mulher, baseado
na teoria marxista de que a mulher - a família, de um modo geral - é vítima do
homem, que por sua vez, é vítima de um sistema capitalista que o embrutece e
desumaniza. Na verdade, não há qualquer respeito às mulheres, o que está por
trás é a extinção da instituição familiar; a mulher é apenas usada como
instrumento. Pondo fim na instituição familiar, estará em parte resolvido à
questão populacional. O aborto é estimulado; o movimento feminista também. Do
mesmo modo não há respeito pelos homossexuais; eles são peças para formação de opinião
e igualmente manipulados. E desponta a ideologia de gênero. Coincidência?
A causa dos negros. Portugal, Espanha,
França, entre outros, tiraram proveito da escravidão, traficaram escravos e,
durante muito tempo exploraram suas colônias no continente africano. É bom
lembrar que o Brasil, tanto quanto à África de então, era uma colônia. Pois
bem, a Inglaterra, que enriqueceu às custas da escravidão, até porque sem a
força de trabalho dos negros não teria logrado êxito em sua Revolução
Industrial, fazendo uso de imensurável hipocrisia, lançou o Bill Aberdeen a ser
aplicado ao Brasil. E vós me perguntais: onde a engenharia social? Sim, hoje o
Brasil é o único país que tem uma “dívida impagável” com nossos irmãos
africanos. Por que? À custa de muita propaganda, discurso, palestras,
“especialistas”, o povo brasileiro foi convencido de sua culpa. Atentai: em
momento algum estou declarando de que não existe racismo em nosso país; estou
apenas apontando os efeitos da engenharia social e o quanto os negros são igualmente
e diariamente manipulados. A intenção é polarizar a sociedade, pois assim
torna-se mais fácil conquistar.
A engenharia social está presente no
dia-a-dia. Não, em geral, as pessoas não têm liberdade de escolher nem mesmo
suas roupas; as pessoas apreciam o que lhes é impingido. A moda testemunha
isso. Propagandas veiculadas com apelação sexual têm por finalidade não o sexo,
nem mesmo o consumo, mas a extinção dos valores familiares. A criança, ao ser
despertada precocemente no sentido de olhar para o próprio corpo, cria um
ambiente de “normalidade” para expô-lo daí em diante. As tatuagens tornaram-se
febre. Por que? A engenharia social prega à rodo a importância da fama, da
celebridade, da vaidade. Não só as tatuagens podem produzir este efeito, mas
também os cabelos multicoloridos. Prega igualmente um individualismo exacerbado
e depois fala em fraternidade, em respeito ao outro. No entanto, as vítimas são
incapazes de perceberem a contradição, pois foram educadas inaptas para a
abstração. A ideologia de esquerda, atuante dentro das instituições estudantis,
atende totalmente às expectativas da engenharia social.
A engenharia social está presente nas
artes. O que temos hoje? Há um discurso que declara ser a arte a maior
expressão de liberdade. Sim, correto. Mas onde está o complemento? Sim, além da
liberdade, faz-se necessário o conhecimento, a técnica. A liberdade pressupõe
responsabilidade. O autor é responsável pelo que produz. E isso não prescinde
da sensibilidade, da boa educação, da boa formação do artista. Os
psicologistas, à serviço da engenharia social, dizem que a arte é catarse. A
catarse, definida por Aristóteles, reporta-se não à criação da obra de arte em
si, mas àqueles que a admiram, ou seja, a obra de arte é capaz de provocar uma
espécie de purificação do espectador, algo como uma libertação de emoções.
Muitas obras de arte contemporâneas, no entanto, estão mais para a catarse como
a acepção dada pela medicina, ou seja, evacuação dos intestinos! A engenharia
social, pautada no teoria marxista de que a base material é responsável por
toda a superestrutura, inclusive a produção artística, empenha-se em chamar de
arte popular o que é capaz de causar asco e revolta em grande parte dos
possíveis telespectadores. A arte contemporânea, pautada no bom discurso
alienante, quer fazer do inescrupuloso, do ignorante, do parvo um novo
Rembrandt, um moderno Tolstoi ou Virgílio, um outro Brahms ou Mozart, um
atualíssimo Sófocles.