domingo, 29 de outubro de 2023

Quimera


E o texto tem início a nos interrogar: vivemos, de fato, em um mundo real? Por vezes, e não poucas, vejo-me imerso em desvarios, ficções, delírios, veleidades. Estaríamos a experienciar a caverna platônica? ou quem sabe a Matrix? O surreal é quem conduz tal questionamento. Vejamos! O que se nos apresenta como realidade parece começar com propositais e perfunctórias observações. Da parcialidade, então, surgem premissas que, indutivamente, irão estabelecer sofismas com o status de axiomas. Está criada a falácia! Falácia do politicamente correto, da homofobia, da violência contra a mulher e tantas outras. Curioso é que o auxílio da falácia revela inconteste empenho em apontar vítimas; a falácia, como recurso espúrio, e aliada a ideologias, vitimiza malfeitores, crápulas, terroristas, tornando-os heróis. Uma observação: o discurso enganoso manifesta patente desprezo por valores e princípios. E não são poucos os que assimilam tais discursos, muito embora não outsiders, como no caso da grande mídia.

Mas a falácia, aliada a ideologias e à mídia, interfere até mesmo na ciência. Será possível? Observemos! A falácia “cria” epidemias, ou até mesmo pandemias. E já que nos voltamos aos conhecimentos científicos, por que não mostrar a verdadeira “cara” desta inventiva? Inventiva?! Por que o espanto? Analisemos, pois! A mitologia grega nos fala em Pandora, uma belíssima mulher que a todos encanta e seduz, colocada entre os seres humanos para puni-los. Punidos porque se propuseram a pensar, diga-se de passagem. Pois bem, essa mulher traz na mão uma caixa que, quando aberta, esparge todo o tipo de malefício para a humanidade. Na tampa da caixa algo fica preso: a esperança! Retornemos, então, às ciências. Eis nossa caixa de Pandora! A ciência seduz, encanta, maravilha, haja vista a TV, o rádio, o aparelho celular, o computador, que nos manipula e vigia. Não olvidemos os aviões, lanchas e carros velozes, bem acordes com nosso individualismo exacerbado. A indústria de cosméticos atende à nossa vaidade. Todavia, não esqueçamos das bombas que destroem cidades inteiras, das armas de destruição em massa, das armas químicas, da devastação de florestas e perfuração de poços de petróleo, a título de insumos para um requestado desenvolvimento. Não deixemos de lado a imagem das chaminés lançando toneladas de poluentes em nossa atmosfera, da indústria alimentícia que, a visar somente o lucro, busca nos entupir com produtos químicos e da indústria farmacêutica que, com auxílio da falácia e aliada a ideologias, busca a aprovação do aborto, porque fetos são fontes de insumos para seus experimentos e medicamentos.

Eu poderia alongar-me, contudo deixo-vos à vontade para melhores detalhamentos. Sim, só mais uma pergunta: E a esperança presa à caixa de Pandora? Infeliz ou felizmente, conhecimentos científicos não têm tampa, portanto, não há esperança!  


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Atemporal


E a sugestão é escrever. Sim, foram várias as pessoas que exaltaram a escrita como forma de combater dias ociosos e, consequentemente, angustiantes. Gosto muito de escrever; tenho prazer em fazê-lo. Bem, o ato de escrever, como verbo transitivo, é dirigir-se a alguém por escrito; enquanto verbo intransitivo, busca representar o pensamento por meio dos caracteres de um sistema. De um modo geral, a escrita dá forma a pensamentos. Não obstante, um breve detalhe reclama minha atenção: E se o (s) destinatário (s) não mais tiver (em) interesse no que está sendo escrito? Nesse caso, o verbo transitivo não alcança seu objetivo. Pergunto: Será que o compositor faz música ou canções para si mesmo? E o artista plástico? será que pinta telas para sua única apreciação? E o dramaturgo? compõe peças para o próprio deleite?

Perdoai-me os veros amigos; agradeço sobremodo as sugestões. Todavia, percebe-se que, atualmente, por mais conciso que seja o texto, mesmo quando publicado em redes sociais, terá como resposta apenas, e não raramente, um emoji, isto é, um ideograma: a atual herança nipônica. As pessoas parecem ter medo, receio ou algo que o valha; não querem se comprometer ou seria falta de tempo? Talvez, (quem o sabe?), o politicamente correto pode colocar mordaças; uma democracia “relativa” como a nossa pode propor censuras. Contudo, o “fenômeno” da não-interação está presente também nos vídeos; as mensagens devem ser curtas, com no máximo 30 segundos. Que relação anômala é essa que as pessoas estabeleceram com o tempo? Meu Deus, quanto de cômica atrocidade há nesse meu discorrer! Mas o que se esperar de um povo que nunca foi ouvido? Segundo Umberto Eco, as antigas conversas de bar migraram para as redes sociais. Ainda sobre a frase do escritor, prefiro entender o termo imbecil como alguém parvo, tolo.  

Com isso, os dias de ócio se somam, se avolumam. Um novo trabalho? Onde? Como? O politicamente correto pervadiu os editais. Como minha oferta de tempo supera a demanda, dispus-me ler certo edital. Tratava-se de emprego em navios mercantes. E de início eram abordadas as vagas destinadas a negros, em seguida as vagas destinadas a deficientes e, por fim, as vagas destinadas a transgêneros. Pergunto-me pelos critérios para avaliar deficientes no que tange aos exames físicos (corrida e natação). Enfim, o que o edital me sugere é que o mérito fora proscrito, lançado ao ostracismo. Apesar da preocupação em atender a demanda, senti-me um discriminado: eu não poderia inscrever-me para o tal concurso, haja vista minha idade e por receber uns trocados a título de aposentadoria. Estaria eu sendo vítima de etarismo?

Certo primo, ao tomar conhecimento da minha indignação acima descrita, declarou-nos "Intrusos Temporais", ou seja, Cidadãos Extemporâneos; uma Geração de Serôdios.