E a sugestão é escrever. Sim, foram várias as pessoas que exaltaram a escrita como forma de combater dias ociosos e, consequentemente, angustiantes. Gosto muito de escrever; tenho prazer em fazê-lo. Bem, o ato de escrever, como verbo transitivo, é dirigir-se a alguém por escrito; enquanto verbo intransitivo, busca representar o pensamento por meio dos caracteres de um sistema. De um modo geral, a escrita dá forma a pensamentos. Não obstante, um breve detalhe reclama minha atenção: E se o (s) destinatário (s) não mais tiver (em) interesse no que está sendo escrito? Nesse caso, o verbo transitivo não alcança seu objetivo. Pergunto: Será que o compositor faz música ou canções para si mesmo? E o artista plástico? será que pinta telas para sua única apreciação? E o dramaturgo? compõe peças para o próprio deleite?
Perdoai-me os veros amigos; agradeço
sobremodo as sugestões. Todavia, percebe-se que, atualmente, por mais conciso
que seja o texto, mesmo quando publicado em redes sociais, terá como resposta
apenas, e não raramente, um emoji, isto é, um ideograma: a atual herança
nipônica. As pessoas parecem ter medo, receio ou algo que o valha; não querem
se comprometer ou seria falta de tempo? Talvez, (quem o sabe?), o politicamente
correto pode colocar mordaças; uma democracia “relativa” como a nossa pode
propor censuras. Contudo, o “fenômeno” da não-interação está presente também
nos vídeos; as mensagens devem ser curtas, com no máximo 30 segundos. Que
relação anômala é essa que as pessoas estabeleceram com o tempo? Meu Deus,
quanto de cômica atrocidade há nesse meu discorrer! Mas o que se esperar de um
povo que nunca foi ouvido? Segundo Umberto Eco, as antigas conversas de bar
migraram para as redes sociais. Ainda sobre a frase do escritor, prefiro
entender o termo imbecil como alguém parvo, tolo.
Com isso, os dias de ócio se somam, se
avolumam. Um novo trabalho? Onde? Como? O politicamente correto pervadiu os
editais. Como minha oferta de tempo supera a demanda, dispus-me ler certo
edital. Tratava-se de emprego em navios mercantes. E de início eram abordadas
as vagas destinadas a negros, em seguida as vagas destinadas a deficientes e,
por fim, as vagas destinadas a transgêneros. Pergunto-me pelos critérios para
avaliar deficientes no que tange aos exames físicos (corrida e natação). Enfim,
o que o edital me sugere é que o mérito fora proscrito, lançado ao ostracismo. Apesar
da preocupação em atender a demanda, senti-me um discriminado: eu não poderia
inscrever-me para o tal concurso, haja vista minha idade e por receber uns
trocados a título de aposentadoria. Estaria eu sendo vítima de etarismo?
Certo primo, ao tomar conhecimento da
minha indignação acima descrita, declarou-nos "Intrusos Temporais", ou seja, Cidadãos Extemporâneos; uma
Geração de Serôdios.
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