Proponho iniciarmos fazendo breve
análise do termo arrogância. Arrogância: uma posição supostamente superior,
isto é, sobranceria que conduz ao menosprezo; a altivez que não permite
perceber o pouco caso que dispensa ao próximo; a manifestação de orgulho, algo de
insolência que reverbera nos que julgam desfrutar de elevada condição. A partir
deste breve introito pode-se inferir que à arrogância alia-se a prepotência, a
vaidade, a presunção, a pretensão.
E não são poucos os vitimados por tal
comportamento. Contudo, há, ou deve haver um momento, no qual despido de
quaisquer máscaras, o ser humano realiza um tipo de autoanálise, onde percebe
os excessos cometidos, busca corrigir-se e policiar-se. A não ser no caso de a
arrogância elevar-se de tal modo acima da condição humana que venha pretender
lançar o pobre coitado à um limbo divino escatológico.
Infelizmente é isso que vimos a
presenciar. Alexandre, não o Grande, até porque este de que falo de grande nada
tem, nem mesmo os cabelos. Alexandre de Moraes conseguiu fazer do Brasil uma
mescla de ambiente policialesco num Estado kafkiano. Sim, o Ministro nunca
deixou de ser Secretário de Segurança. O curioso é que, enquanto exerceu tal
função, o Estado de São Paulo permaneceu entregue à bandidagem. Ele, o Ministro,
atua como se num romance policial; vê bandidos por todo lado. Bem, nesse caso
eu recomendo análise. Mas, enquanto procuras um bom terapeuta, fica aqui meu
alerta, pro bono, Sr. Ministro: É direito inalienável de qualquer cidadão fazer
críticas a seus governantes!
Mas o preclaro Ministro parece ter
esquecido até mesmo das aulas introdutórias ao direito. Sim, ele abre um inquérito
inconstitucional, expede mandatos de busca e apreensão, intima pessoas a depor
mas não especifica qual o crime. Atento Sr. Ministro: o delito tem que ser
indicado! Todavia, Alexandre de Moraes parece ter lido Kafka. Se no decorrer da investigação o crime não
for identificado, ele se reunirá com seus pares, Excelências segundo a liturgia
do cargo, legislarão a posteriori, contrariando o Direito Penal e a
Constituição que dizem defender, adentrando, inclusive, na esfera de outro
poder. Atenção Vossa Excelência Ministro Alexandre Kafka de Moraes: “Não existe
crime sem lei que o pré-estabeleça”.
Nada obstante, não só Alexandre Kafka
de Moraes tem semelhante conduta. Os Ministros do STF, de um modo geral,
julgam-se inatingíveis, deuses a quem todos devem submissão. É o problema da
nomeação: nomeia-se para o Supremo Tribunal Federal apadrinhados políticos, não
juízes de fato ou de direito. Como inconscientemente reconhecem-se ineptos,
descambam para a politicagem barata, apegam-se a ideologias caquéticas, a
situações convenientes e hermenêuticas tendenciosas para beneficiar amigos.
Aqui vai meu segundo conselho: se quereis fazer política, renunciai e
candidatai-vos a cargos públicos.
E quanto às críticas ao Judiciário,
Vossa Excelência há de reconhecer que não são sem fundamentos. O direito de
criticar não se limita a cargos eletivos, mas estende-se a todos vós, porque,
em verdade, data maxima venia, por eles sois nomeados. Seria uma espécie de
“serviço terceirizado”. Todos vós tendes uma dívida de gratidão com aquela que
vos nomeou, a Instituição Presidência da República, porque se não fosse por
ela, realmente eu nada conseguiria predizer acerca de vosso futuro.
No século 19 e início do século 20 as apresentações de ilusionismo e escapamos eram muito populares e, os mágicos mais famosos, tinham status de rock star. Um desses, cujo nome não me recordo, anunciou que voaria em torno da torre Eiffel. O dispositivo que o faria "voar" fora montado noite anterior à apresentação que ocorreria pela manhã. O mágico em questão, em função do sucesso de suas performances, se tornou extremamente arrogante e se considerava superior e inatingível. Para concluir: usando sua sensação de poder disse aos seus assistentes que ele não precisava do dispositivo para voar. Hoje consta da estatística de mortos por queda da torre Eiffel. Cuidado Xandinho, você não voa.
ResponderExcluirOnde se lê escapamos, leia-se escapismo. Corretor automático filho-da-puta.
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