Talvez seja este o polinômio mais cultuado por seres humanos. Senão vejamos: Facilidade, a intenção ou tendência por fazer algo sem muito trabalho; nada de esforço. O termo envolve também condescendência, o que, de certa forma, implica alguma leviandade. Na busca por sinônimos deparamo-nos com a comodidade. E a vida cômoda é assaz procurada. Esse atípico “bem estar” é até mesmo objeto da ciência (ciência?) ou seria apenas tecnologia? A técnica, de fato, se volta a oferecer comodidades. Poxa, que bom! Mesmo? Os aplicativos afastaram os seres humanos de um conviver saudável. A tecnologia busca isolar os seres humanos, e não só em nome da comodidade, mas também no aventar de pretendida “segurança”.
Hoje podemos assistir peças teatrais,
filmes e musicais no conforto de nossos sofás; compramos a boa comida e a inebriante
bebida teclando nossos aparelhos celulares; visitamos museus, bibliotecas, lugares
os mais longínquos abrigados por nossas paredes; hoje consultas médicas são
realizadas de modo virtual; o porteiro eletrônico nos afasta da convivência que
julgamos incômoda; realizamos pagamentos, transferências, empréstimos, etc.
através de aplicativos instalados em nossos telefones; documentos já podem ser exibidos
e enviados virtualmente; pessoas há que se divertem com os jogos
disponibilizados por aplicativos; crimes são praticados com o aporte da
tecnologia... A lista é extensa.
Pelo exposto, percebemos claramente que
a facilidade não só afasta, mas também isola seres humanos. A comodidade conduz
ao insulamento e, em seu último estágio, consagra o individualismo. A crescente
violência entre pessoas, assim me parece, é originária deste estimulado individualismo.
Pergunto-vos: Onde a descrita facilidade proporcionaria o abraço, o afago, o
sorriso? Onde a humanidade, a solidariedade, a abnegação? Podemos e/ou devemos
confiar em amigos virtuais? A virtualidade, por si mesma, é embaraçosa, é recurso
desajeitado, canhestro. Bem, para encerrar, faço minhas as palavras de Frank
Chuca: “Nos sentimos confortáveis com a comodidade e as facilidades da
modernidade, mas a profundidade da nossa alma sente a falta das coisas
orgânicas e genuínas”.