segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Ciências efêmeras

 

Em meados do século XIX, surge na França o cientificismo (coisa de francês). O cientificismo afirma a superioridade da ciência sobre outras formas de compreensão humanas. Alguém, cujo nome não me recordo, declarou que bastaria seguir os preceitos da ciência para que a humanidade fosse feliz.  Fomos? Somos? Seremos? Muito pelo contrário, a ciência parece ter causado e estar a nos causar inúmeros problemas. Bem, mas em decorrência desta visão científico-ideológica, os demais saberes buscaram “atualizar-se”. Então fizeram da filosofia uma ciência, o que se opõe à própria filosofia. E as disciplinas até então vinculadas ao estudo filosófico também experimentaram uma dita “independência” e se autodeclararam ciência. A sociologia tornou-se uma “ciência social”, assim como a psicologia. Resumindo, o que não era considerado ciência exata ou natural assimilou a alcunha de “ciência social”.

Destarte, passamos a conviver com o risível (quiçá o deplorável). Sim, a psicanálise fez-se ciência. Já percebestes que pessoas carentes de atenção adoram uma sessãozinha de psicanálise? O que é o estresse? A meu ver trata-se da luta pela vida. Ansiedade é querer superar possíveis obstáculos. Depressão é arrependimento por escolhas mal feitas. O que são a neurastenia e a histeria, afinal? Percebo certa similaridade entre os sintomas. Hodiernamente, tais “doenças” parecem ter sido esquecidas. Modismos? Vejamos o que nos diz Martin van Creveld, à página 307, de sua obra O Sexo Privilegiado: “A história dos diagnósticos nos últimos dois séculos indica, com alto grau de certeza, que doenças mentais são só rótulos criados para qualificar as queixas dos pacientes, conforme o conjunto de ideias em circulação numa certa época e lugar”. 

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