quinta-feira, 7 de junho de 2012

Da obviedade do óbvio


  
“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.                                                          
                                                                                                                     Ayn Rand

De início, minha intenção fora comentar as declarações da filósofa russo-americana, mas... Comentar o que? Parece que nada há para comentar diante do óbvio. A obviedade cala-nos. Não é um calar advindo do temor; não! Tampouco um calar que se funda na insipiência. É somente um calar originado no constrangimento; constrangimento de saber-nos falhos, cúmplices. O emudecimento não é uma reação, mas a convicção de nossa vil, parca e insossa participação na sociedade. Criamos uma estrutura social maquiada pela comodidade; inventamos padrões de comportamento com promessa de felicidade, permitindo que interesses outros nos tornem cegos, broncos e gananciosos.
Então deparamo-nos com os que pensam e lançam, malgrado nossa vontade, uma gradativa e carrasca verdade. Nosso egoísmo é tanto que negamo-nos a enxergá-lo, bem como a sua gênese; nosso egoísmo é cultivado e alia-se à vaidade. E o que pode se opor a esse egoísmo? Não o altruísmo, mas aquilo que de fato é: o óbvio. O óbvio, nesse caso, tem por fito mostrar nossa pequenez e indiferença ante aquilo que mais “prezamos”: a vida em sociedade. Benvinda seja, portanto, a obviedade!

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