“Quando você perceber que, para
produzir, precisa obter autorização de quem não produz nada; quando comprovar
que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando
perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo
trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas pelo contrário, são eles
que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e
a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor
de errar, que sua sociedade está condenada”.
Ayn Rand
De início, minha intenção fora
comentar as declarações da filósofa russo-americana, mas... Comentar o que?
Parece que nada há para comentar diante do óbvio. A obviedade cala-nos. Não é
um calar advindo do temor; não! Tampouco um calar que se funda na insipiência. É
somente um calar originado no constrangimento; constrangimento de saber-nos
falhos, cúmplices. O emudecimento não é uma reação, mas a convicção de nossa
vil, parca e insossa participação na sociedade. Criamos uma estrutura social
maquiada pela comodidade; inventamos padrões de comportamento com promessa de
felicidade, permitindo que interesses outros nos tornem cegos, broncos e
gananciosos.
Então deparamo-nos com os que pensam e lançam,
malgrado nossa vontade, uma gradativa e carrasca verdade. Nosso egoísmo é tanto
que negamo-nos a enxergá-lo, bem como a sua gênese; nosso egoísmo é cultivado e
alia-se à vaidade. E o que pode se opor a esse egoísmo? Não o altruísmo, mas
aquilo que de fato é: o óbvio. O óbvio, nesse caso, tem por fito mostrar nossa
pequenez e indiferença ante aquilo que mais “prezamos”: a vida em sociedade. Benvinda
seja, portanto, a obviedade!
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