sábado, 29 de setembro de 2012

A nova versão do Malleus Maleficarum




O texto não versa acerca de uma nova caça às bruxas, isto é, mulheres que espontaneamente se colocavam num patamar superior ao universo masculino, até porque isto é extemporâneo.  Não!  O texto discorre, e de modo quase cômico, pois que o assunto beira ao burlesco, sobre uma nova e nefasta neurose que, não satisfeita em analisar todos os problemas pelo viés único de uma teoria-padrão, volta-se à crítica daqueles que, antanho, defendiam posições hoje superadas pela sociedade.
Vejamos: há não muito, José de Alencar, escritor de renome e digno representante da literatura brasileira, foi vítima de certa perseguição, acusado de disseminar o ideal escravocrata. É pertinente ressaltar que o pensamento é filho de seu tempo. Então a pergunta: em que circunstâncias viveu José de Alencar? Parece-me que banir a leitura dos textos do referido escritor seria, no mínimo, um expediente inócuo e pautado meramente no ressentimento. O que devemos fazer é aprender a ler José de Alencar, que, como toda leitura, exige do leitor espírito crítico. Como já o disse em outras oportunidades, citando Wittgenstein, “a crítica pressupõe o conhecimento”.
Não sei se é pertinente, mas, neste caso, procurem inteirar-se de uma ciência que atende pelo nome de hermenêutica. Se assim não o fizermos, deixemos de lado os textos bíblicos, Platão, Aristóteles, Maquiavel, Hobbes e o próprio Karl Marx.
Hoje estamos às voltas com o veto a Monteiro Lobato, outro exímio escritor, esteio e farol de tantas gerações, que se vê enredado em acusações de racismo e sexismo. Meu Deus, tantos “ismos”! Algo me sugere de que as minorias se valem dos “ismos” para construir seus arrebatadores discursos retóricos, onde o ressentimento, assim acredito, serve de supedâneo. Devo ainda falar em critérios para se ler Monteiro Lobato? Devo ainda falar em circunstâncias? Devo ainda falar em hermenêutica? Não, não desejo me tonar fastidioso e repetitivo tanto quanto àqueles que vociferam na busca de reconhecimento público.
Todavia, e com alguma audácia, devo lembrar-vos de que os negros não são mais minoria, as mulheres nunca foram minoria, e, arriscadamente declaro que os homossexuais também o deixaram de ser.  O que se me afigura é que estamos diante de uma insólita situação: pseudominorias melindradas por fatos passados, que, a qualquer custo, desejam não só afirmar-se, mas também impor-nos goela abaixo seus valores de forma grotesca, envolvendo-nos em sofismas fundados em preconceitos e em pré-conceitos. 

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