A
coisa parece romance policial.
Economia
- Os Estados Unidos querem invadir a Síria com o pretexto de que o povo daquele
país está sendo dizimado por um governo ditatorial, sangrento e irracional. Mas
desde quando o Tio Sam se incomoda com isso? Até quando vamos acreditar que os
norte-americanos representam o bem e seus desafetos o mal? Petróleo? Por
enquanto, pois nossos amigos da América do Norte dentre em pouco anunciarão sua
autossuficiência em combustíveis. E não por conta do petróleo, mas porque já
desenvolveram uma tecnologia eficiente para extrair o xisto de poços
petrolíferos já explorados e dados como exauridos.
Política
- A Líbia foi liberta pelo nosso paladino norte-americano; o Egito também se
viu livre de seu ditador; o Iraque já não mais se recorda de Saddam Hussein.
Bem, estes países, agora livres de seus déspotas, estão sendo custodiados pelo
fundamentalismo islâmico. Todavia o fundamentalismo também tem suas divisões:
xiitas e sunitas. De todas as nações árabes, somente o Irã é comandado pelos
xiitas. O Irã, por conta de sua ideologia religiosa, tem interesse na queda do
ditador sírio. O Qatar, rico, também tem o governo sunita. A Arábia Saudita,
dentre os islâmicos, é o único aliado dos Estados Unidos, e por isso
considerado um traidor do Islã. A Síria tem como Chefe de Estado um déspota
sunita, mas a maioria da população é desvinculada do islamismo e do
fundamentalismo religioso. A Síria seria uma nação que, quando tivesse seu
governo deposto, afastar-se-ia dos rigores do Corão. Isso explica porque,
apesar de ser um ditador sunita, Bashar Al-Assad recebe o apoio de seus rivais xiitas.
Religião
- No mundo árabe há a expectativa de se criar um tipo de Vaticano do islamismo.
E não faltam candidatos para sediar tal pretensão: o Qatar, vitimado por uma
crise de ostentação; o Egito, por conta da Universidade do Cairo, referência no
estudo e tradições do mundo árabe; o Irã, que pretende invadir a Arábia Saudita,
transformando Meca na capital sagrada do islamismo. Mas não nos esqueçamos da
Turquia, que apesar de não ter um governo fundamentalista, é um país
eminentemente muçulmano.
Bem,
agora posso me fantasiar de inspetor Poirot e desvendar a trama. Se as nações muçulmanas
se unirem através de governos fundamentalistas, Israel estará em perigo. Ora,
nosso Tio Sam não permitiria isso, até porque Israel é a porta de entrada
norte-americana no oriente médio. Por outro lado, a Arábia Saudita também seria
invadida, o que seria uma lástima para a economia norte-americana, enquanto a
exploração do xisto não faz dos Estados Unidos uma nação autossuficiente em
combustível. Este é o único interesse e preocupação dos Estados Unidos com o
mundo árabe: tirar proveito de um aliado produtor de petróleo.
No
mais, os Estados Unidos continuarão a espionar o Brasil e a Dilma Rousseff, mas
nunca por causa de petróleo ou do pré-sal; a exploração do xisto é muito mais
viável economicamente. O Brasil está sendo espionado por norte-americanos,
russos, chineses, franceses etc. E quem, depois da internet, redes sociais,
Google e todo recurso tecnológico, não espiona nos dias de hoje?