domingo, 31 de maio de 2020

Da engenharia social



Hodiernamente, é muito comum as pessoas vincularem engenharia social com tecnologia da informação, hackers, ciberataques, etc. Todavia, a engenharia social precede a era da informação; eu diria que esta, a tecnologia da informação, é um recurso amplamente empregado por aquela. A engenharia social já foi definida como “a arte de enganar”. Em verdade, ela busca entender a vulnerabilidade humana e, a partir daí, explora suas falhas, explora a boa vontade das pessoas. Posso citar, como exemplo de utilização da tecnologia para estudar o comportamento humano, o Facebook.

Mas, antes mesmo de nos voltarmos à observação da temática em si, permito-me recorrer à sétima arte. Sim, quero crer que todos vós tendes assistido à Matrix - pelo menos, certo estou de que tendes ouvido falar à respeito. Pois bem, Matrix sintetiza em boa parte o que tenho a vos relatar. Há uma estrutura social totalmente forjada, que se apoia no discurso de um bem estar social e a qual todos estamos submetidos; é a caverna de Platão. Nós acreditamos ter liberdade de escolhas, julgamos decidir nossas vidas, mas somos inexoravelmente manipulados. Nossos gostos, nossas opções, nosso pensar é, de certo modo, previamente moldado. Fugir disso? Parece-me impossível. Mas vejamos.

Não obstante a engenharia social então presente na caverna platônica, pode-se perceber que todo período pós epidêmico proporciona o advento de significativas revoluções no pensamento. A febre tifoide que assolou a Grécia de 430 a 427 a.C. matou 35% da população. Neste ínterim surge Sócrates, que vem presentar o mundo ocidental com sua filosofia e um novo tônus religioso que lhe custou a vida. Logo após a Peste Negra (peste bubônica) na Europa, de 1347 a 1353, onde, em alguns lugares, chegaram a morrer 2/3 da população, desponta o Grande Cisma do Ocidente, a crise na Igreja Católica, que vai de 1378 a 1417.

Mas foi no século XIX que, assim creio, salvo melhor juízo, surge a engenharia social como a conhecemos hoje em dia. Foi um século intenso: as Guerras Napoleônicas, o Bloqueio Continental, a Guerra Cisplatina, a Guerra do Ópio, a Rebelião Francesa que deu origem à Segunda República, a publicação do Manifesto do Partido Comunista, surge o positivismo de Auguste Comte, experimenta-se o auge da Revolução Industrial, tem lugar a Guerra Civil (Guerra de Secessão) norte-americana, o assassinato de Abraham Lincoln, publicação da Origem das Espécies de Darwin, a psicanálise de Sigmund Freud, etc.

No início do século XX tivemos a Primeira Grande Guerra, de 1914 a 1918. Irrompe a Gripe Espanhola entre 1918 e 1919, que levou à morte 50 milhões de pessoas. Na busca por vacinas, a ciência experimenta um grande avanço. Contudo, pode-se claramente perceber fortes indícios de uma mudança comportamental contrapondo-se a valores até então cultuados. Pertinente lembrar que, no Brasil, tivemos a Semana da Arte de 1922, pois segundo dizem os “especialistas”, não eu, que em função das muitas vidas perdidas na guerra, a arte tornou-se tão efêmera como a vida humana. Bem, é neste século vemos destacar-se a engenharia social. A Teoria Populacional de Thomas Robert Malthus, apesar de criada no século XVIII, acabou por influenciar as gerações seguintes. A primeira grande guerra, gestada pela Nova Ordem Mundial, objetivava não só a instalação de um governo mundial, mas também o controle populacional. Sim, isto porque a ciência auxiliava muito em tornar as pessoas longevas. Um projeto foi idealizado e posto em prática.

Em meados do século XX pudemos testemunhar: os cabelos longos, o movimento hippie, a apologia às drogas, a liberação sexual, Festival de Woodstock, os movimentos estudantis de 1968 em todo o mundo. O que havia por trás de tudo isso? Novos valores nos foram introjetados. Vê- se a chegada furtiva de uma engenharia social. Alinhados à ideologia de esquerda, tem início o movimento de emancipação da mulher, baseado na teoria marxista de que a mulher - a família, de um modo geral - é vítima do homem, que por sua vez, é vítima de um sistema capitalista que o embrutece e desumaniza. Na verdade, não há qualquer respeito às mulheres, o que está por trás é a extinção da instituição familiar; a mulher é apenas usada como instrumento. Pondo fim na instituição familiar, estará em parte resolvido à questão populacional. O aborto é estimulado; o movimento feminista também. Do mesmo modo não há respeito pelos homossexuais; eles são peças para formação de opinião e igualmente manipulados. E desponta a ideologia de gênero. Coincidência?

A causa dos negros. Portugal, Espanha, França, entre outros, tiraram proveito da escravidão, traficaram escravos e, durante muito tempo exploraram suas colônias no continente africano. É bom lembrar que o Brasil, tanto quanto à África de então, era uma colônia. Pois bem, a Inglaterra, que enriqueceu às custas da escravidão, até porque sem a força de trabalho dos negros não teria logrado êxito em sua Revolução Industrial, fazendo uso de imensurável hipocrisia, lançou o Bill Aberdeen a ser aplicado ao Brasil. E vós me perguntais: onde a engenharia social? Sim, hoje o Brasil é o único país que tem uma “dívida impagável” com nossos irmãos africanos. Por que? À custa de muita propaganda, discurso, palestras, “especialistas”, o povo brasileiro foi convencido de sua culpa. Atentai: em momento algum estou declarando de que não existe racismo em nosso país; estou apenas apontando os efeitos da engenharia social e o quanto os negros são igualmente e diariamente manipulados. A intenção é polarizar a sociedade, pois assim torna-se mais fácil conquistar.

A engenharia social está presente no dia-a-dia. Não, em geral, as pessoas não têm liberdade de escolher nem mesmo suas roupas; as pessoas apreciam o que lhes é impingido. A moda testemunha isso. Propagandas veiculadas com apelação sexual têm por finalidade não o sexo, nem mesmo o consumo, mas a extinção dos valores familiares. A criança, ao ser despertada precocemente no sentido de olhar para o próprio corpo, cria um ambiente de “normalidade” para expô-lo daí em diante. As tatuagens tornaram-se febre. Por que? A engenharia social prega à rodo a importância da fama, da celebridade, da vaidade. Não só as tatuagens podem produzir este efeito, mas também os cabelos multicoloridos. Prega igualmente um individualismo exacerbado e depois fala em fraternidade, em respeito ao outro. No entanto, as vítimas são incapazes de perceberem a contradição, pois foram educadas inaptas para a abstração. A ideologia de esquerda, atuante dentro das instituições estudantis, atende totalmente às expectativas da engenharia social.

A engenharia social está presente nas artes. O que temos hoje? Há um discurso que declara ser a arte a maior expressão de liberdade. Sim, correto. Mas onde está o complemento? Sim, além da liberdade, faz-se necessário o conhecimento, a técnica. A liberdade pressupõe responsabilidade. O autor é responsável pelo que produz. E isso não prescinde da sensibilidade, da boa educação, da boa formação do artista. Os psicologistas, à serviço da engenharia social, dizem que a arte é catarse. A catarse, definida por Aristóteles, reporta-se não à criação da obra de arte em si, mas àqueles que a admiram, ou seja, a obra de arte é capaz de provocar uma espécie de purificação do espectador, algo como uma libertação de emoções. Muitas obras de arte contemporâneas, no entanto, estão mais para a catarse como a acepção dada pela medicina, ou seja, evacuação dos intestinos! A engenharia social, pautada no teoria marxista de que a base material é responsável por toda a superestrutura, inclusive a produção artística, empenha-se em chamar de arte popular o que é capaz de causar asco e revolta em grande parte dos possíveis telespectadores. A arte contemporânea, pautada no bom discurso alienante, quer fazer do inescrupuloso, do ignorante, do parvo um novo Rembrandt, um moderno Tolstoi ou Virgílio, um outro Brahms ou Mozart, um atualíssimo Sófocles.

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