A reportagem mostrara-se extensa;
apresentara casos, índices e possíveis causas. A violência, de um modo geral,
recrudescera. Mas no tocante à mulher, principalmente, muito embora leis, campanhas,
tentativas de conscientização, a irascibilidade agravara-se. O que estaria a
provocar semelhantes atitudes? Ora, notadamente, o número de casamentos
desfeitos aumentou sobremaneira, e por conseguinte, a quantidade de lares
desfeitos. Mas, por que a violência? Esta, pode-se dizer, sempre foi inerente aos
seres humanos; não só as narrativas atuais, mas também os relatos bíblicos
corroboram tal característica. Todavia, no que diz respeito às mulheres, podia perceber-se
um certo “respeito”; até a psicopatia revelava certo abrandamento com o gênero
feminino.
E a matutar sobre esta violência atípica
e intempestiva fui conduzido ao sono. Mas meu sono parece ter-se bandeado para
o quimérico... Seria, de fato? Ora, não posso alegar imaginação infundada,
devaneio ou algo assim; isso seria desonesto. Desconheço se minhas ideias criaram
imagens ou representações fascinantes... Mas fato é que certa imagem tomou
forma, tornou-se próxima e ... Então fiquei diante da senhora; na verdade uma
rainha. Sim, tratava-se de Ester, a mulher, esposa do rei Assuero, que pôs fim
às perseguições de Hamã ao povo hebreu.
A senhora, muito embora o traje
epocal, revelava extrema sensibilidade; sim a disposição condizente com os
espíritos nobres. Seu olhar era doce, o semblante próximo do angélico. A voz
fez-se suave, bem timbrada... - “Tudo tem origem na liberdade!” - Fiquei pasmo;
não conseguia articular palavras, respostas e/ou questões. E Ester prosseguiu:
- “As mulheres equivocaram-se na tentativa de assimilar o conceito humano de
liberdade. Essa visão é enganosa. A liberdade não pode ser adquirida a partir
de temáticas sob o jugo das leis! Isto porque as leis voltam-se apenas às obras
materiais, às relações que se manifestam na carne, sejam elas sociais,
culturais, econômicas, políticas. Liberdade e leis são excludentes, até porque
as leis existem para pôr limites à liberdade”. A rainha aproximou-se ainda mais
e, a encarar-me fixamente, proferiu algo como uma rogativa: - “Sê meu porta-voz!
Diz aos seres humanos, e não só as mulheres, que a vera liberdade só pode ser
experienciada a partir de frutos eminentemente espirituais. Não existem leis
para pôr limites - para regular - o amor, a honra, a dignidade, a bondade, a
humildade, a fé, a integridade, a prudência, a lisura, a temperança. A vivenciar
tais valores, então os seres humanos desfrutarão da tão sonhada liberdade”.
Observação: O presente texto teve como
referência a epístola de Paulo aos Gálatas.
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