quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Ester

 

 

A reportagem mostrara-se extensa; apresentara casos, índices e possíveis causas. A violência, de um modo geral, recrudescera. Mas no tocante à mulher, principalmente, muito embora leis, campanhas, tentativas de conscientização, a irascibilidade agravara-se. O que estaria a provocar semelhantes atitudes? Ora, notadamente, o número de casamentos desfeitos aumentou sobremaneira, e por conseguinte, a quantidade de lares desfeitos. Mas, por que a violência? Esta, pode-se dizer, sempre foi inerente aos seres humanos; não só as narrativas atuais, mas também os relatos bíblicos corroboram tal característica. Todavia, no que diz respeito às mulheres, podia perceber-se um certo “respeito”; até a psicopatia revelava certo abrandamento com o gênero feminino.

E a matutar sobre esta violência atípica e intempestiva fui conduzido ao sono. Mas meu sono parece ter-se bandeado para o quimérico... Seria, de fato? Ora, não posso alegar imaginação infundada, devaneio ou algo assim; isso seria desonesto. Desconheço se minhas ideias criaram imagens ou representações fascinantes... Mas fato é que certa imagem tomou forma, tornou-se próxima e ... Então fiquei diante da senhora; na verdade uma rainha. Sim, tratava-se de Ester, a mulher, esposa do rei Assuero, que pôs fim às perseguições de Hamã ao povo hebreu.

A senhora, muito embora o traje epocal, revelava extrema sensibilidade; sim a disposição condizente com os espíritos nobres. Seu olhar era doce, o semblante próximo do angélico. A voz fez-se suave, bem timbrada... - “Tudo tem origem na liberdade!” - Fiquei pasmo; não conseguia articular palavras, respostas e/ou questões. E Ester prosseguiu: - “As mulheres equivocaram-se na tentativa de assimilar o conceito humano de liberdade. Essa visão é enganosa. A liberdade não pode ser adquirida a partir de temáticas sob o jugo das leis! Isto porque as leis voltam-se apenas às obras materiais, às relações que se manifestam na carne, sejam elas sociais, culturais, econômicas, políticas. Liberdade e leis são excludentes, até porque as leis existem para pôr limites à liberdade”. A rainha aproximou-se ainda mais e, a encarar-me fixamente, proferiu algo como uma rogativa: - “Sê meu porta-voz! Diz aos seres humanos, e não só as mulheres, que a vera liberdade só pode ser experienciada a partir de frutos eminentemente espirituais. Não existem leis para pôr limites - para regular - o amor, a honra, a dignidade, a bondade, a humildade, a fé, a integridade, a prudência, a lisura, a temperança. A vivenciar tais valores, então os seres humanos desfrutarão da tão sonhada liberdade”.

Observação: O presente texto teve como referência a epístola de Paulo aos Gálatas.     

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