Apenas vontade? Não o saberia dizer. Talvez a rogativa de o meu coração surtira efeito: jovens surgiram e conduziram-me ao inaudito. Não, não havia movimento, mas deslocamento, e isso em grande velocidade. Meu destino? O infinito! Delíquio? Pode ser, mas lá estava eu. Procurei pelo passado... nada. Até mesmo por um futuro... Eu só via agoras: agoras que não precediam ou sucediam. Cronos deixara de existir. Nada de acontecimentos; não havia sucessões. Sem o tempo, a eternidade perdera a serventia.
Mas meu pasmo não se encerrava aí. Conduziram-me
inda mais. Lugar nenhum? Somente eu na imensidão, se bem que apenas a ideia do
eu; nada presencial, nada material. E o que mais? Nada! Eu visitava a
imensidão; eu conhecera um nada prenhe de tudo. Urano também fora banido. O
espaço só se faz necessário quando em presença de objetos. Nada havia que
suscitasse dimensões.
O mais impactante de minha visita:
percebo que o inexistente tem existência. Então pergunto-me pelo eu. Qual a
relevância do ego em face de não haver espaço-tempo? Espaço e tempo são
intuídos quando na finitude. Sábias as palavras que recomendam um “negar-se a
si mesmo”. Afinal, o que conhecemos de fato?