Uma primeira questão: Tratar-se-ia,
efetivamente, de subjetividade? Eu poderia até mesmo falar em narcisismo, mas
creio que a coisa tem origem distante e se estende ainda mais. Não, a pessoa em
questão não admira (apenas) com exagero sua própria imagem; ela quer mais, ela
quer ser vista, reconhecida, idolatrada pelo outro. Isso é protocolar! Essa
dependência do olhar alheio pode ser responsável, na atualidade, pelo sucesso
de “influencers”, “coachs “. Estes, por sua vez, não estão preocupados com a
qualidade do que divulgam, mas sim com likes, seguidores, compartilhamentos e
emojis de aprovação. Atualmente, já se fala em mutação civilizacional.
Então, abordemos os desdobramentos:
Por não conseguir a atenção desejada, seres humanos lançaram mão de recursos
outros, onde até mesmo a arte foi aviltada. Hodiernamente, manifestações
artísticas, em geral, revelam a agressividade típica de seus criadores. O que
importa é ser visto, conhecido, notado! A arte passou a ter como base
simplesmente a subjetividade; conceitualmente, a arte seria apenas catarse. Não
mais há preocupação com estética, pois mutilam partes do próprio corpo;
rabiscos agressivos (tatuagens) se estendem por toda a pele. Bem, e quando tudo
se resume a fracasso, resta o suicídio.
Essa nova subjetividade - na verdade
não tão nova, a meu ver - expressa de modo óbvio um construído e nefasto
individualismo. O que me causa espécie é o fato de uma sociedade pautada
sobremodo numa doentia individualidade falar em respeito ao próximo, em
fraternidade, em direito humanos, etc., etc., etc.
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