quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Nova subjetividade

Uma primeira questão: Tratar-se-ia, efetivamente, de subjetividade? Eu poderia até mesmo falar em narcisismo, mas creio que a coisa tem origem distante e se estende ainda mais. Não, a pessoa em questão não admira (apenas) com exagero sua própria imagem; ela quer mais, ela quer ser vista, reconhecida, idolatrada pelo outro. Isso é protocolar! Essa dependência do olhar alheio pode ser responsável, na atualidade, pelo sucesso de “influencers”, “coachs “. Estes, por sua vez, não estão preocupados com a qualidade do que divulgam, mas sim com likes, seguidores, compartilhamentos e emojis de aprovação. Atualmente, já se fala em mutação civilizacional. 

Então, abordemos os desdobramentos: Por não conseguir a atenção desejada, seres humanos lançaram mão de recursos outros, onde até mesmo a arte foi aviltada. Hodiernamente, manifestações artísticas, em geral, revelam a agressividade típica de seus criadores. O que importa é ser visto, conhecido, notado! A arte passou a ter como base simplesmente a subjetividade; conceitualmente, a arte seria apenas catarse. Não mais há preocupação com estética, pois mutilam partes do próprio corpo; rabiscos agressivos (tatuagens) se estendem por toda a pele. Bem, e quando tudo se resume a fracasso, resta o suicídio.

Essa nova subjetividade - na verdade não tão nova, a meu ver - expressa de modo óbvio um construído e nefasto individualismo. O que me causa espécie é o fato de uma sociedade pautada sobremodo numa doentia individualidade falar em respeito ao próximo, em fraternidade, em direito humanos, etc., etc., etc.      



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