Nenhum
legado é justificativa para o crime
Historicamente,
podemos identificar o caos instalado na Alemanha na década de 1930. O “crash” de 1929, que provocou uma crise
na economia mundial, não foi o único responsável. É pertinente citar a humilhação
protocolar imposta pelo Tratado de Versalhes, com o qual a República de Weimar viu-se
obrigada a concordar. Para não ser invadida, a Alemanha além de aceitar a
responsabilidade pela guerra, foi coagida a pagar vultosas indenizações, teve
que transferir seus territórios e reduzir seu exército a um contingente de
100.000 soldados. A Alemanha conheceu o
desemprego em massa; o povo desiludido ansiava por um novo líder que lhes
devolvesse a dignidade e o respeito.
Então
surgiu Adolf Hitler, carismático, eloquente, que conquistou uma população sem esperança
e ávida por mudanças, com a promessa de uma vida melhor. Além de empresários, o
nazismo buscava atrair a atenção dos desempregados, da classe média baixa, de
pequenos negociantes e camponeses. Todavia, para chegar ao poder, Hitler teve
que costurar alianças com partidos conservadores. E, de fato, quando no poder, Hitler
cumpriu muito de suas promessas através de leis que controlavam a educação, a cultura
e a economia.
A
pergunta que não quer calar: Este notável reerguimento da nação alemã poderia
justificar os excessos praticados pelo nazismo? Será que poderíamos justificar
o terror e o extermínio através do notório resgate da Alemanha? Evidente que
não! Nenhum legado pode ser argumento para o crime.
No
Brasil, mutatis mutandis, vivenciamos
o golpe militar, o endividamento, e, consequentemente, várias crises
econômicas; sofremos com a inflação galopante, com o emparedamento no panorama
mundial, com as sanções impostas pelo FMI. Então surge Lula, também carismático
e eloquente. De modo similar conquista grandes e pequenos empresários, as
classes média e baixa, os agricultores, os pequenos negociantes, os sem teto,
os descamisados, os sem terra. E o Brasil experimentou um excepcional avanço. Mas
o PT e Lula para governar também tiveram que fazer acordos e alianças com os
conservadores que agora chamam de elite.
A
segunda pergunta: Isso, no entanto, lhe dá o direito de mascarar os crimes de
seu partido? Seu legado é argumento para transformar o país numa republiqueta
de bananas, onde os crimes de responsabilidade devem passar impunes? Ao usar
seu legado como argumento para não ser investigado e responsabilizado demonstra
um sintoma claro de sua desfaçatez. Aliás, como vimos, Lula foi nada original;
ele se projetou como qualquer oportunista: tira proveito de um povo desiludido
e desesperado com promessas milagreiras e, quando surpreendido em suas
leviandades, banca a vítima, fazendo da hipocrisia um recurso midiático.
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