quinta-feira, 14 de abril de 2016

O legado e o crime

Nenhum legado é justificativa para o crime

Historicamente, podemos identificar o caos instalado na Alemanha na década de 1930. O “crash” de 1929, que provocou uma crise na economia mundial, não foi o único responsável. É pertinente citar a humilhação protocolar imposta pelo Tratado de Versalhes, com o qual a República de Weimar viu-se obrigada a concordar. Para não ser invadida, a Alemanha além de aceitar a responsabilidade pela guerra, foi coagida a pagar vultosas indenizações, teve que transferir seus territórios e reduzir seu exército a um contingente de 100.000 soldados.  A Alemanha conheceu o desemprego em massa; o povo desiludido ansiava por um novo líder que lhes devolvesse a dignidade e o respeito.
Então surgiu Adolf Hitler, carismático, eloquente, que conquistou uma população sem esperança e ávida por mudanças, com a promessa de uma vida melhor. Além de empresários, o nazismo buscava atrair a atenção dos desempregados, da classe média baixa, de pequenos negociantes e camponeses. Todavia, para chegar ao poder, Hitler teve que costurar alianças com partidos conservadores. E, de fato, quando no poder, Hitler cumpriu muito de suas promessas através de leis que controlavam a educação, a cultura e a economia.  
A pergunta que não quer calar: Este notável reerguimento da nação alemã poderia justificar os excessos praticados pelo nazismo? Será que poderíamos justificar o terror e o extermínio através do notório resgate da Alemanha? Evidente que não! Nenhum legado pode ser argumento para o crime.
No Brasil, mutatis mutandis, vivenciamos o golpe militar, o endividamento, e, consequentemente, várias crises econômicas; sofremos com a inflação galopante, com o emparedamento no panorama mundial, com as sanções impostas pelo FMI. Então surge Lula, também carismático e eloquente. De modo similar conquista grandes e pequenos empresários, as classes média e baixa, os agricultores, os pequenos negociantes, os sem teto, os descamisados, os sem terra. E o Brasil experimentou um excepcional avanço. Mas o PT e Lula para governar também tiveram que fazer acordos e alianças com os conservadores que agora chamam de elite.

A segunda pergunta: Isso, no entanto, lhe dá o direito de mascarar os crimes de seu partido? Seu legado é argumento para transformar o país numa republiqueta de bananas, onde os crimes de responsabilidade devem passar impunes? Ao usar seu legado como argumento para não ser investigado e responsabilizado demonstra um sintoma claro de sua desfaçatez. Aliás, como vimos, Lula foi nada original; ele se projetou como qualquer oportunista: tira proveito de um povo desiludido e desesperado com promessas milagreiras e, quando surpreendido em suas leviandades, banca a vítima, fazendo da hipocrisia um recurso midiático.

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