terça-feira, 16 de junho de 2020

Farsa ou Tragédia



Em História do Cristianismo, obra organizada por Corbin, Alain Tallon diz-nos que: “Se a prática inquisitorial se revelou particularmente aterrorizante para a Europa da primeira modernidade, foi em razão de outros aspectos que não os desenvolvidos, às vezes de maneira fantasista [...]. O segredo do procedimento em que o acusado não conhece o delito que lhe é imputado (...)”.

Conseguis vós identificar alguma similaridade? Pois é, Alexandre de Moraes, em sua estupidez característica, dedica-se desavergonhadamente a fazer política partidária. Não, definitivamente não se trata de ideologia, pois ele não tem bagagem literária para isso. E nessa sua inadvertida e medonha parcialidade, ele sequer consegue ser original.  

Neste passo, seria bastante oportuna vossa observação no sentido de repreender-me, isto por ter comparado nossa realidade com o fim da Idade Média, início da Idade Moderna, vinculando, inclusive, nosso Supremo Tribunal Federal aos tribunais inquisitoriais. Data vênia, a comédia burlesca aqui desenvolvida pelo chistoso lupanar, que atende pela alcunha de STF, em muito se aproxima da trágica instituição que dizia combater o sectarismo religioso. Aqui o ministro e seus pares parecem, salvo melhor juízo, defender o sectarismo “politiqueiro”.

Mas continuemos, após este brevíssimo interlúdio: a título de informação, ocorre-me que o arremedo de ministro desconhece o mentor de toda a sua prosopopeia: Karl Marx já o dissera em o Dezoito Brumário de Louis Bonaparte, “que a história se repete ou como farsa ou como tragédia”. Bem, o título de farsante Sua Excelência já não mais consegue ocultar; sua aparência e ruína estética também não conseguem maquiar a nata teratogenia.

Um comentário:

  1. Transcendeu as transitoriedades existenciais.
    Para falar tão claramente das abjurações de uma alma atormentada pelas vis paixões, somente "os olhos" do espírito são capazes de exprimir com tamanha lucidez.

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