O dia e também a noite se arrastam; o
tempo, o nosso tempo, evita fazer-se futuro assim como tornar-se passado. Somos
apenas presente, ilhas, um arquipélago maçante, entediante. O isolamento
social, o insulamento é aviltante e, quiçá, desnecessário. Vivemos o ápice de
um desmando político-sanitário; o clima de insatisfação gerada pela incerteza e
inépcia da administração. E como fugir desta agônica lacuna? A sétima arte cansou-se
da insistente assistência; arrumações, faxinas e tudo o mais fez-se igualmente rotina.
Sim, há livros. Busco romances, novelas, fantasias ... Tudo a ser lido e vivido
sobre uma poltrona com ácaros.
Nem tudo é perdido. Sim, por que não? traz
alento, conforto, ... a religião. A Bíblia, os relatos que a tantos incomodam.
Por que será? Má consciência? Escrúpulos? Talvez preconceitos assimilados,
introjetados? Outra vez pergunto-me: Por que não? Em seguida a desfolho; a
princípio indolente, desleixado, negligente. Esperai! Talvez estas páginas
atendam minhas aspirações, respondam minhas lucubrações. Ezequias! O segundo
livro de Crônicas. A quem interessar possa, trata-se do capítulo trinta e dois.
O rei da Judá prepara-se para resistir a Senaqueribe. Não, não só o desafio, o
desacato, mas blasfemam e embotam ao Senhor. Os inimigos mostram-se vaidosos;
são, de fato, arrogantes; atemorizam, ofendem ... Ezequias, então, ora a Deus,
... e o Senhor enviou um único anjo que destruiu cento e oitenta e cinco mil assírios.
Ergo os olhos da página. Estarrecido,
suponho nos defrontar com outro, ou outros Senaqueribes. Não, não estou em Judá,
não tenho pretensões a rei, tampouco sou judeu. Mas o inimigo mostra-se de modo
similar, igualmente blasfemo, vaidoso, arrogante, implacável. Não, não são
assírios, mas são muitos: uma legião. Eles querem nos dominar, invadir nossos lares,
destruir nossas crenças, nossos valores, nossas famílias, nos escravizar. Então,
de joelhos eu oro: Senhor, perdoai-me a pretensão! Não pertenço ao povo
escolhido e sou neófito em termos de fé... Contudo, vinde em nosso socorro. Já
não nos restam muitas escolhas. Estamos perdidos. Lançai sobre nós teu broquel
protetor; pelejai pela nossa causa. Esse povo, por certo Vos louvará. Amém!
Naquela noite recolhi-me mais cedo na
certeza de que minha prece não fora em vão. Sonhei! O anjo do Senhor lutara por
nós. Não sei quantos infiéis, idólatras, sacrílegos ou apóstatas foram
abatidos, mas dentre estes, independente de ideologias (direita, esquerda,
centro, radicais ou moderados) foram mortos senadores, deputados federais,
ministros do STF, governadores, deputados estaduais, juízes, prefeitos,
vereadores, ex-presidentes, ex-governadores e grande parte da mídia que atende
aos interesses da Nova Ordem Mundial.
Observações: A vós, que vos dedicais à
prática de vincular adjetivos, talvez para provocar descrédito ou até mesmo
anátema, ficam aqui alguns esclarecimentos:
a) Blasfêmia = dito ímpio ou insultante
(ofensivo) contra o que se considera como sagrado; proposição dasarrazoada. Em
nada insultei e certo estou de que meu texto espelha-se na razão, não é injusto
e tem fundamento.
b) Ímpio = que ou quem é contra a
religião; quem não respeita as coisas sagradas, sacrílego; quem ofende o que se
considera digno de respeito. O texto não incorre em tal erro.
c) Heresia = divergência no tocante a
fé ou a doutrina religiosa; opinião ou doutrina diferente das ideias recebidas.
Também não é o caso.
d) Simonia = não comercializo com objetos
sagrados ou bens espirituais; não sou nenhum mago.
e) Sacrílego = quem pratica ato
profano contra coisas, pessoas ou lugares sagrados. Algo parecido?
f) Apóstata = quem renuncia ou
abandona crença religiosa. Também não é o caso.
Credunt!
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