quinta-feira, 4 de junho de 2020

Ezequias



O dia e também a noite se arrastam; o tempo, o nosso tempo, evita fazer-se futuro assim como tornar-se passado. Somos apenas presente, ilhas, um arquipélago maçante, entediante. O isolamento social, o insulamento é aviltante e, quiçá, desnecessário. Vivemos o ápice de um desmando político-sanitário; o clima de insatisfação gerada pela incerteza e inépcia da administração. E como fugir desta agônica lacuna? A sétima arte cansou-se da insistente assistência; arrumações, faxinas e tudo o mais fez-se igualmente rotina. Sim, há livros. Busco romances, novelas, fantasias ... Tudo a ser lido e vivido sobre uma poltrona com ácaros.

Nem tudo é perdido. Sim, por que não? traz alento, conforto, ... a religião. A Bíblia, os relatos que a tantos incomodam. Por que será? Má consciência? Escrúpulos? Talvez preconceitos assimilados, introjetados? Outra vez pergunto-me: Por que não? Em seguida a desfolho; a princípio indolente, desleixado, negligente. Esperai! Talvez estas páginas atendam minhas aspirações, respondam minhas lucubrações. Ezequias! O segundo livro de Crônicas. A quem interessar possa, trata-se do capítulo trinta e dois. O rei da Judá prepara-se para resistir a Senaqueribe. Não, não só o desafio, o desacato, mas blasfemam e embotam ao Senhor. Os inimigos mostram-se vaidosos; são, de fato, arrogantes; atemorizam, ofendem ... Ezequias, então, ora a Deus, ... e o Senhor enviou um único anjo que destruiu cento e oitenta e cinco mil assírios.

Ergo os olhos da página. Estarrecido, suponho nos defrontar com outro, ou outros Senaqueribes. Não, não estou em Judá, não tenho pretensões a rei, tampouco sou judeu. Mas o inimigo mostra-se de modo similar, igualmente blasfemo, vaidoso, arrogante, implacável. Não, não são assírios, mas são muitos: uma legião. Eles querem nos dominar, invadir nossos lares, destruir nossas crenças, nossos valores, nossas famílias, nos escravizar. Então, de joelhos eu oro: Senhor, perdoai-me a pretensão! Não pertenço ao povo escolhido e sou neófito em termos de fé... Contudo, vinde em nosso socorro. Já não nos restam muitas escolhas. Estamos perdidos. Lançai sobre nós teu broquel protetor; pelejai pela nossa causa. Esse povo, por certo Vos louvará. Amém!

Naquela noite recolhi-me mais cedo na certeza de que minha prece não fora em vão. Sonhei! O anjo do Senhor lutara por nós. Não sei quantos infiéis, idólatras, sacrílegos ou apóstatas foram abatidos, mas dentre estes, independente de ideologias (direita, esquerda, centro, radicais ou moderados) foram mortos senadores, deputados federais, ministros do STF, governadores, deputados estaduais, juízes, prefeitos, vereadores, ex-presidentes, ex-governadores e grande parte da mídia que atende aos interesses da Nova Ordem Mundial.

Observações: A vós, que vos dedicais à prática de vincular adjetivos, talvez para provocar descrédito ou até mesmo anátema, ficam aqui alguns esclarecimentos:
a) Blasfêmia = dito ímpio ou insultante (ofensivo) contra o que se considera como sagrado; proposição dasarrazoada. Em nada insultei e certo estou de que meu texto espelha-se na razão, não é injusto e tem fundamento.
b) Ímpio = que ou quem é contra a religião; quem não respeita as coisas sagradas, sacrílego; quem ofende o que se considera digno de respeito. O texto não incorre em tal erro.
c) Heresia = divergência no tocante a fé ou a doutrina religiosa; opinião ou doutrina diferente das ideias recebidas. Também não é o caso.
d) Simonia = não comercializo com objetos sagrados ou bens espirituais; não sou nenhum mago.
e) Sacrílego = quem pratica ato profano contra coisas, pessoas ou lugares sagrados. Algo parecido?  
f) Apóstata = quem renuncia ou abandona crença religiosa. Também não é o caso.

Credunt!

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