Grande número de pessoas está a dizer
que meus escritos são elitistas... Não, não escrevo para eruditos, assim como
não tenho intenção de dirigir-me aos néscios. Busco apenas aprimorar-me no modo
escorreito, pois que admiro sobremodo a língua portuguesa. Reduzida parcela de
circunstantes, todavia, acusa-me de “purista”, o que prefiro entender como
elogio. Infelizmente, para todos nós, independentemente se letrados, sábios ou
ineptos, nosso idioma vem sendo mutilado, vilipendiado. Pessoas de diferentes classes
sociais e graças a uma espécie de doutrina, - estúpido modismo - introduzem termos
estrangeiros totalmente fora de contexto em nossas orações coloquiais. Não falo
de estrangeirismos, de corruptelas ou dos neologismos adquiridos em face da
convivência com demais povos, mas tal expediente - essa salada idiomática -
agride e banaliza nossa raiz cultural. Volto a declarar, como já o fiz em
outras oportunidades, que divirjo daqueles que anunciam “só ser possível
filosofar em alemão”; discordo também dos que entendem o português como “língua
periférica”. Antes de tudo, salvo melhor juízo, consigo perceber certo empenho,
por parte de alguns, em tornar nosso idioma periférico. Línguas outras, mais
faladas do que a nossa, nesta Babel globalizada, mostram-se limitadas e com
restrição vocabular. Penso que, excetuando-se o idioma espanhol, a língua portuguesa
revela beleza ímpar, haja vista as nuanças harmoniosas que expressam vigor; há
um quê de melódico e aprazível em nossa mater
lingua que denota, além do mais, muita sensibilidade. Nossa linguagem é tão
densa que vem permitir confecções de textos como se outro idioma fosse.
Segue-se, portanto, o exemplo abaixo:
Nada além de palavras
O abadengo pudibundo, em virtude de
insalubres escarmentos, assemelhava-se à vegetal xerófilo; poder-se-ia dizê-lo
um escaganifobético. Todavia, aspirava em ser jocoso, iracundo talvez. Quisera
lançar impropérios, verter turpilóquios, ser tosco... Mas sua educação distava;
valores outros lhe tinham sido pespegados, fora criado melindroso. Nas
conversas mostrava-se encomiástico, esbanjava circunlóquios, perífrases. No
âmago, contudo, sabia-se além de restrito, exaustante. Possíveis dialogantes,
com brevidade de tempo, revelavam-se lacunares e modorrentos. À pudicícia
somava-se a timidez. Contudo, buscou apropinquar-se de certa donzela, que além
de pulcra, esbalgia pansofia. Reconheceu-se amantético e lobrigara oportunidade
em fazer a corte. A pucela, no entanto, viu-se presa de jogo temerário, e a
ressumar pavor armou-se de objeto perfuro-cortante. Enfim, o envergonhado
anacoreta fenecera vitimado pelo que mais pregara: o amor!
PS: Em havendo dificuldades na
compreensão, recomendo-vos o dicionário.
Kkkkkkkkk! Vou pegar o meu!
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