sábado, 30 de novembro de 2024

The Jump of Cat (A new trick?)

 

E lá estava o bichano: imóvel, não miava, não rosnava... Acariciei-o e nenhuma reação. O nerd, seu tutor, o chamou pelo nome: Frodo! Frodo apenas virou a cabeça, piscou os olhos e tornou a deitar-se. Arrisquei ainda uma descabida onomatopeia e nada. O nerd, então, pegou seu Apple iPhone 16 Pro Max, digitou alguma coisa e Frodo ficou de pé; conforme ele digitava o gato punha-se a agir de diferentes formas. Pasmai! O gato em questão era apenas um amontoado de algoritmos. Com isso, o antissocial estudioso passou a exibir-se. O corpo feliforme fora esculpido por uma impressora 3D. Acreditava ele ter gerado o pet perfeito: além de não deixar pelos, nada sujar, não necessitar de vacinas, alimentos, água, não perseguir outros animais nem atacar quaisquer pássaros, ele teria bem mais que 7 vidas. Declarou-me que criara Frodo para ser um pet politicamente correto.

Pus-me a vaguear: até que ponto os seres humanos deixar-se-ão dominar por narrativas? Até quando submeter-se-ão à tecnologia? Não, não se trata de ciência; apenas tecnologia. A comodidade passou a atender pela alcunha de IA, Inteligência Artificial. Que lástima, quanto embaraço, quanto equívoco! A começar pelo conceito, pois a Inteligência Artificial não é inteligente. E como corolário, essa não-inteligência é tampouco artificial. O farsante felino agora miava de maneira ritmada e contínua. Uma loucura! O nerd, também incomodado, pressionou alguma tecla e Frodo voltou a seu antigo lugar em silêncio. Ainda atônito, despedi-me do impopular estudioso. Esperei que a porta fosse aberta com a ajuda da password digitada no aparelho celular do jovem.

Nada obstante, assim que a porta foi aberta, antes mesmo de eu sair, enorme cão da raça pastor belga invadiu intempestivamente o recinto e destroçou Frodo. Lamentei o ocorrido; controlei-me para não perguntar: - “E onde está o pulo do gato?”    

Nenhum comentário:

Postar um comentário