Em homenagem a Fernando
Monteiro, meu pai e amigo
À espera os diapositivos. Sobre a mesa
do aparelho o papel canson já com as coordenadas traçadas. O operador examina o
par de fotos; aproximadamente 60% de sobreposição. No papel vegetal que recobre
as fotos, alguns pontos identificados: são acidentes, postes, esquinas, algum
RN (referência de nível). Sim, a escala utilizada será de 1:2000, haja vista a
necessidade da prefeitura em identificar novas construções, bem como ampliar o
cais na suntuosa ilha. E os diapositivos são colocados nas placas do aparelho
restituidor. Agora é sentar e dar início à operação.
Para que as imagens se fundam e seja
possível observar em terceira dimensão, faz-se necessário a orientação. De início
aciona-se as chaves Kappa, depois as chaves Phi e então as chaves Omega. Com a
orientação terminada - não mais paralaxes - busca-se colocar a imagem na escala
correta; para isso deve-se lançar mão das chaves BX ou BY. Os pontos
identificados nas fotografias devem coincidir com a marcação realizada no papel
canson, isto é, suas coordenadas geográficas, bem como suas respectivas
altitudes.
Antes de dar início à restituição,
gabaritos devem ser extraídos de outras folhas já prontas do projeto. Feito
isso, terá início a restituição como um todo, a começar pela hidrografia. O par
a ser restituído em questão mostra uma ponta de praia com seus casarões e um
pequeno pier. Então tem lugar a altimetria, com curvas de nível bem definidas e
delineadas. É possível perceber-se o relevo. Depois terá lugar a planimetria,
ou seja, acidentes naturais geográficos e/ou construções. E lá estão casas,
ruas, estradas vicinais, postes, cercas, muros, cortes, pontes... Vez por outra
uma macega, a lavoura, um córrego, um riacho...
Mas a tecnologia acabou com tudo isso;
acabou com a profissão, com a excelência do trabalho, com a seriedade dos que
ao ofício de entregavam. Onde a perícia e precisão corroborados pela arte? Hoje
aerofotogrametristas são páginas viradas; tornaram-se meros programadores de
lacônicos hardwares e estão à mercê da banalidade dos softwares.
Infelizmente, vida que segue!
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