sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Palavra de ordem: Esterilização!



Há não muito, circulou pelo Congresso Nacional, assim soube, um projeto de lei que visava esterilizar todos os cães da raça Pit Bull. A sustentação fundamental de tal projeto seria o já badalado argumento da agressividade, periculosidade, nocividade e outras “dades” que transitam pelo linguajar dos seres humanos.
Bem, parto do princípio que, se para nos livrar de certos perigos - mesmo aqueles que envolvem de perto a vida humana - usássemos o recurso da esterilização, algumas perguntas ficariam sem respostas. Por exemplo: a quantidade de vítimas fatais no trânsito é aterradora. Que fazer? Esterilizar os automóveis? Ou a raça de motoristas irresponsáveis que exibem uma habilitação para conduzi-los? Talvez devamos nos ocupar das autoridades que fornecem sem quaisquer critérios as habilitações.
Mas falemos em animais. Devemos esterilizar as baleias Orca Orcinus  para que não mais matem e/ou afoguem seus treinadores. E olha que o nome Orcinus é bem sugestivo: significa “do Inferno”.
Neste ponto posso ser acusado de retórico. Solicitando vênia, retomo minha argumentação com um acento mais pragmático. O que fazer com o sem número de assassinos que cresce em proporção geométrica numa sociedade onde a violência é banalizada? Esterilizá-los? De certo que não.
E os envolvidos na guerra do tráfico que acumulam vítimas sobre vítimas e exibem com soberba seus feitos na mídia e na sociedade? Também esteriliza-los?
Certamente existem males bem piores na sociedade do que cães, agressivos ou não. Existem males que estão além do fazer mal ao dono: são aqueles nocivos a toda uma sociedade; são aqueles que, pautados no cinismo e na hipocrisia, dissimulam sua própria nocividade; são aqueles que, sob a égide de uma pseudoautoridade, usam do recurso de uma imunidade parlamentar, de um foro privilegiado. Eles matam, quando embriagados ou não; eles usurpam e não de modo inconsciente; eles extorquem, e para tal fazem uso da racionalidade. Eles preterem, discriminam, molestam.
Neste caso, já que a palavra de ordem é esterilizar, esterilizemos, portanto, a classe política! Quem sabe uma geração alheia a esta raça anômala possa nos agraciar com a dignidade?

Nenhum comentário:

Postar um comentário