Beatrice Harrison, violoncelista, lá pelos idos de 1923, enquanto praticava escalas em seu instrumento, tarde da noite, descobriu-se acompanhada por certo rouxinol. Sim, ele cantava em resposta ao cello, a propor uma espécie de dueto. Surpresa, deu início então a um concerto e percebeu que o acompanhamento prosseguia. Durante várias tardes e noites Beatrice repetiu a experiência com sucesso. A BBC londrina encarregou-se de transmitir os concertos de Beatrice and her Nightingale. Mais tarde, descobriu-se que o pássaro fora também capaz de ensinar a outros rouxinóis como acompanhar as variações de um cello.
O exemplo em questão, assim me parece,
fica muito próximo do que entendo por arte, ou seja, o inconsciente a
revelar-se como consciente. Explico-me melhor: a arte surge do encontro entre
consciente e inconsciente. O consciente busca interpretar o inconsciente; este,
por sua vez, torna-se permissivo. A atividade consciente fundida à profunda
natureza inconsciente revela-se como inspiração. Esta fusão (inspiração) é
harmonia para muito além de qualquer oposição. Espontaneidade, receptividade,
liberdade e natureza integram-se.
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