domingo, 10 de julho de 2022

Mudança de paradigma

 

Ainda não intui o fenômeno como um todo; apenas percebo sintomas. E os sintomas não são aprazíveis. Explico-me: tenho enorme dificuldade em gostar das canções atuais; ritmos, melodias, a própria poesia que pretende dar ânimo às músicas me soam cansativas. Há como um quê de monotonia; algo repetitivo, não digerível... As danças a exibirem um sensualismo barato. Mas as dificuldades vão além da expressão artística. Os esportes manifestam algo de agressividade. Películas cinematográficas - creio que agora uma extinta sétima arte - expõem somente a perversão de uma humanidade doentia, e isso recebe a alcunha de realismo. O dia-a-dia a revelar apenas indivíduos a colocarem seus interesses acima das sociedades que os abrigam. As relações sócio afetivas bem como as econômico-políticas pautadas na tecnologia parece-me simplesmente aviltante. Enfim, o cotidiano me é incômodo.

Então eu busco entender. O que é isso? Seria um desviver? Sim, parece-me que vivo uma outra vida dentro desta mesma vida. Não, não há como adaptar-me; é tudo agressivo, estranho, instável. Sinto-me como no desfrutar do improvável. As imposições tecnológicas fazem-me lembrar de Isaac Azimov, mas oponho-me relutantemente a tal circunstância. A fazer uso de recurso linguístico tecnológico utilizado pela inconsequente juventude, declaro: #NÃO À DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA. Entendo, então tratar-se de um novo paradigma; estou a viver uma quebra de paradigmas, mesmo sem estar pronto para isso. Ainda a copiar o linguajar dos jovens, digo: Não estou nessa vibe! Quiçá nunca esteja pronto para tais mudanças; mudanças que expendem palavras, gestos, cores, ritmos, sensações, mas excluem valores.

Uma última questão: seria apenas resultado natural da idade?

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