quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Breve aula de etimologia

 

De início, a palavra autoridade referia-se a um autor; seria a característica, a qualidade de um autor, de um criador. Por dominar determinado assunto a pessoa (autor) falava do mesmo com autoridade. A palavra autoridade, no início do século XIII, envolvia prestígio, direito, permissão, dignidade. Do latim auctoritatem (nominativa auctoritas) podia ser entendida como invenção, conselho, opinião, influência, comando. Por auctor, compreendia-se um líder, um mestre, um autor.  

Bem, mas o tempo passou (fins do século XIV) e o significado mudou quase que radicalmente, incorporando o sentido de controle, comando, poder de impor obediência. Autoridades tornaram-se, portanto, aqueles que estão no comando (década de 1610). Pessoas que nada entendem, incapazes de criar o mínimo que seja e sem um pingo de dignidade apossaram-se deste “título” (meados do século XIX), até mesmo por satisfação pessoal. E vede bem: ficamos à mercê não só de policiais pervertidos, mas também de políticos corruptos/semianalfabetos e de iníquos ministros do Supremo Tribunal Federal.  

Ilustre Zé Ninguém


Começo por me perguntar: seria ofensivo chamar alguém de Zé Ninguém? Isso me parece nada mais que um vocativo como muitos outros, se bem que nos dias de hoje, com o ativismo do “politicamente correto”... Mas o sentir-se Zé Ninguém é bem mais grave; é uma consciente autodeterminação. O Zé Ninguém vê-se como um “zero à esquerda”, algo (não alguém) sem qualquer importância. Mesmo aqueles que conseguem algum peso social e/ou poder econômico, graças ao nome de família, favorecimento político ou algo similar, continuam por sentir-se um nada. Todavia, o Zé Ninguém, em geral, é cooptado pela vaidade. Aí estão as origens dos desmandos.  Quando trata-se de um indivíduo sem qualquer importância, ele busca a fama através do crime, podendo tornar-se, inclusive, um serial killer. Quando agraciado pelo poder econômico, mostra-se como um esbanjador; o retrato fiel da prodigalidade (crime, drogas, etc.). Agora, quando alcança peso social, independentemente de ter ou não curso superior (o plágio é usado como recurso) e desfruta do poder, torna-se um tirano. Pasmai! Graças a conluios políticos o Zé Ninguém pode tornar-se até ministro da Corte Suprema.             

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Aýpnosgnosia

 

Em face de eu ter cunhado o termo, sinto-me na obrigação de explicitá-lo. Pois bem, a palavra Aýpnosgnosia indica a incapacidade da pessoa ter consciência de que dorme. Em uma breve e superficial pesquisa, nada encontrei parecido dentro da medicina e/ou psicologia. Portanto, a partir daqui, passo a relatar os sintomas que há algum tempo me vem percorrer. 

Sou daqueles que, por vezes, proponho-me a breves caminhadas, haja vista os 72 anos de idade. Nada de bebidas, fumo ou ingestão de carnes. Entendo desfrutar de uma alimentação saudável: são verduras, legumes, raízes, grãos, frutas, leite e derivados. Costumo deitar-me por volta das 22 horas, e assim que o faço, pego no sono. Importante: são raríssimos os espasmos hipnóticos! Lá pelas 3 horas da madrugada, contudo, precisando verter águas, ergo-me da cama ainda sonolento. Satisfeita a necessidade, retorno ao leito. Então tem início a sensação: não consigo perceber que durmo; eu consigo acompanhar o lento amanhecer do dia. Mas eu durmo. E como ter certeza de que, de fato, durmo? Ora, além de sair do leito descansado, a esposa me narra acontecimentos dos quais eu não tive ciência, ou seja, choveu bastante, alguém telefonou, um vizinho qualquer gritou, a buzina de carros barulhentos, ela chamou por meu nome, etc.

Agora é chegada a hora da especulação! Seria um estado vegetativo reverso? Seria uma espécie de narcolepsia? Sei que perdemos a consciência quando dormimos, mas não perdemos a consciência de que dormimos... Seria uma modalidade de sono REM onde a entorno se transforma em sonhos lúcidos? Seriam neurônios superativos? Bem, se a coisa for por aí, doravante preocupar-me-ei em desfrutar apenas de ambientes agradáveis.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Alien incident

 

Ao ler determinado exemplar do Correio Brasiliense (23/05/2023), soube que nosso planeta estava por receber sua primeira mensagem extraterrestre. Ainda tomado de surpresa, inscrevi-me no fórum de discussão global, cuja finalidade seria decifrar a tal mensagem. Contudo, o comunicado teve origem em equipamento da Agência Espacial Europeia, localizado em Marte, com o objetivo de verificar as habilidades humanas para interpretar possíveis mensagens alienígenas.

Postei-me frente - stand by - ao meu laptop para aguardar a hora da dita comunicação. A meu lado livros sobre linguagem matemática, filologia, interpretações cabalísticas, anotações pessoais... Por fim, a tão esperada mensagem chegou com sons ruidosos, alguns silvos, um cadenciado bulício; nada fazia sentido. Depois de gravar os estrépitos e os ruídos cadenciados, dediquei-me a repeti-los exaustivamente. Horas se passaram e ninguém arriscava qualquer tradução. O sono arrebatou-me.

Despertei não sei quanto tempo depois a ouvir um sinal diferente do que recebera de início. Era um sinal sincopado que se repetia alternadamente, como se para chamar a atenção. Observei que os membros do fórum de discussão estavam off-line. Somente eu ouvia aquilo? Concentrei-me no sinal. Parecia algo como um SOS. Sim, é isso! A fazer uso de meus pouquíssimos conhecimentos acerca de linguagem matemática, tentei enviar uma resposta na frequência por mim identificada. Deu certo. Bravo! Bravíssimo!

Pois bem, após esse primeiro contato, a comunicação ficou mais fácil. Meus interlocutores pareciam dominar meu idioma. Mas, qual seria a finalidade daquela comunicação? Por que logo eu? Por que este país? Por que o idioma? E a resposta veio em pouco tempo. Simples, com o fito de conhecer melhor a raça humana, um dos aliens encontrava-se infiltrado no país, mais exatamente em Brasília, no dia 08 de janeiro. Puxa vida, o coitado fora preso e levado para a Papuda sem mandado de prisão. Assim como o vendedor, o entregador de pizza e o motorista de taxi, ele também, o alienígena, foi detido sem mesmo saber sua acusação e sem poder pagar um advogado.

A conversa nesse ponto já demonstrava a exaltação de meu interlocutor. Pude perceber que a indignação maior pairava sobre a acusação de terrorista, fascista, golpista, etc ... O alienígena chegou a perguntar quem era Bolsonaro. Eu só consegui rir. Soube que o advogado contratado por membros de uma organização social, ciente de que o processo corria em segredo de Justiça, revelou as origens do seu cliente. A coisa ficou feia, pois o ministro Alexandre de Moraes começou a desconfiar que, dentre os presos, haviam muitos alienígenas, financiados pelo velho da Havan, com intuito de agredirem o Estado Democrático de Direito.

Bem, até o momento a Folha, o Estadão, UOL ou Globo não falaram disso, mas se o fizerem, por certo dirão que  Bolsonaro aliou-se também a extraterrestres para dar um golpe. Os alienígenas, por outro lado, estão sobremodo irritados com a situação do preso em questão e falam até em ataque coordenado às sedes dos três poderes em Brasília. Oh, coisa boa! Teríamos uma sorte dessas?

O sinal foi cortado de repente... será que o Xandão censurou nossa comunicação?               

domingo, 27 de outubro de 2024

Profecia apócrifa

Não, não foi o Senhor quem falou comigo ou tornou-me arauto de Seu pensamento. Creio ter sido influenciado pela muita leitura e/ou violentado pelo excesso de informações... mas fato é que imagens vêm se formando há algum tempo em meus pensamentos. Disponho-me portanto, não só divulgá-las, mas também partilhá-las convosco, meus possíveis leitores.

Uma primeira visão revela-me alguns funerais (11, se não me engano). Mas são solenidades carregadas de pompa (as circunstâncias é que não são agradáveis); o fausto evidencia pessoas ilustres. Mas o esplendor agora é mórbido, uma magnificência sombria. E lá estão os corpos inanimados, ainda togados, dos ex-ministros (há também uma representante feminina) a ouvirem discursos repletos de elogios canhestros e serem carpidos pela hipocrisia.

Uma segunda imagem retrata o hostil, a desforra, algo próximo da vingança, acontecido uma semana após o descrito sepultamento. O povaréu chega ao cemitério em silêncio, aproxima-se das referidas 11 tumbas, e tem início o funesto ataque. Jazigos depredados. Os corpos são retirados dos sepulcros (não caiados, mas marmorizados). A putrefação é ofensiva; a fetidez provoca um regurgitar simultâneo. Cães igualmente sombrios aparecem para tomar parte naquele ritual pagão. Os manifestantes afastam-se lentamente. Os corpos, ou o que restou deles, assemelham-se, então, a esterco.

Triste fim para a arrogância, fatuidade, felonia, ganância, iniquidade, corrupção! 

sábado, 26 de outubro de 2024

Perversão cultural

 

O termo cultura pode ser entendido como conjunto de tradições, crenças, princípios morais, manifestações artísticas e/ou intelectuais que identificam um povo, uma nação ou grupo social. E a título de exemplo ao respeito pela identidade cultural de diferentes povos, cito o Império Romano, que apesar de tão vasto, nunca se imiscuiu na cultura dos povos sob seu domínio. Ora, a cultura de um povo sofre influências no convívio com forasteiros. O próprio Império Romano assimilou - e muito - a cultura grega quando sob seu domínio, haja vista a similaridade mito/religiosa. “Graecia capta ferum victorem cepit et artes intulit agresti Latio”. (Conquistada a Grécia, o conquistador selvagem levou e trouxe as artes para o Lácio selvagem).   

Todavia, observemos agora as consequências da aceitação passiva de uma cultura estranha dentre uma sociedade com sólida identidade. O que está acontecendo na Europa? O que dizer da pretensão de alguns povos islâmicos em subjugar culturalmente países como Alemanha, França, Inglaterra, etc.? O multiculturalismo, movimento social da esquerda norte-americana, apesar do discurso falacioso pautado em outra farsa, que atende pela alcunha de Direitos Humanos, tem como objetivo precípuo perverter a cultura ocidental. A tão propalada luta pelos direitos civis de grupos dominados tem por base mera narrativa que se declara a favor da igualdade. A parafrasear Nelson rodrigues: “A igualdade é burra!” Não pode haver convivência harmoniosa entre culturas e crenças tão díspares! Cidadãos de pele branca, letrados, heterossexuais e cristãos não são marginais; eles simplesmente são. E, por favor, parai com essa baboseira de diferentes concepções multiculturalistas; todos os estrangeiros querem ter sua cultura assimilada pelo povo que os recepcionou.

O Brasil, por sua vez, já com dificuldades por determinar uma identidade cultural (seja lá qual for), é nada mais que cobaia nesse experimento nefasto. O que temos então? Não só a mentalidade colonial, mas uma extremada subserviência.    

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Ativismo “Woke” e a geração “Floco de Neve”

 

A nova geração assimilou tal ativismo. Como? Busquemos as origens. Em geral, trata-se de alunos da classe média a desfrutar de vantagens sociais, como por exemplo, uma educação acima da média. Todavia, essas vantagens não lhes tornam exemplos de moralidade; há como que uma necessidade em mostrar elevado nível moral. Pois bem, além da educação doméstica pautada na superproteção, graças ao psicologismo atuante, (em tudo vê fonte de traumas), temos um engodo chamado Conselho Tutelar (um modo do Estado imiscuir-se na educação familiar). Como contraponto, observa-se que esta geração, na maioria dos casos, tem apenas um dos genitores presentes no lar. Outrossim, da escola vem a carga maior, pois a doutrina mascara-se de pensamento crítico. Uma simples operação matemática ou uma aula de ciências da natureza carrega em seu bojo questões sociais a serem discutidas. Eis aí, em síntese, as origens do pensamento crítico, se bem que o termo crítica assume novo conceito. A crítica em questão volta-se ao oponente ideológico, tendo-o como inimigo. Não se trata de discordância; a crítica quer diminuir, menosprezar, desacreditar, marginalizar... Quando na Universidade, o vício toma vulto.

Em tudo essa geração vê algo nefasto, algum tipo de injustiça social; e por conta disso acredita-se intelectual e moralmente superior. Na verdade, essa geração foi contaminada por um sentimentalismo tóxico, que destrói a capacidade de pensar e aniquila a certeza da importância do conhecimento. Conteúdos científicos são relegados a segundo plano em nome de demandas sociais. Eis o analfabetismo funcional! Ao elegerem ídolos, buscam os “ungidos”, ou seja, posições superiores desfrutadas por alguns dentro da hierarquia ideológica. Os “Flocos de Neve” por tudo se ofendem, pois educação escolar e orientação familiar fizeram deles pessoas emocionalmente vulneráveis. Sofrem de ansiedade e depressão e passam, em média, 9 horas por dia, a interagir em plataformas digitais.  

É bom ter em mente que o ativismo Woke - Justiça Social Crítica - tem suas raízes no marxismo, se bem que mesclado ao pós-modernismo. Podemos até falar em progressismo, baseado no relativismo, no não permanente, no subjetivismo. Em suas primícias está a Escola de Frankfurt, formada por dissidentes nazistas, o que não os inocenta da carga viral do nacional-socialismo. Aliás, um nazifascismo bem dissimulado nos discursos inflamados que declara preocupação com os menos favorecidos.