terça-feira, 28 de julho de 2020

O Novo Normal



Curioso é como certas circunstâncias são capazes de levarem filósofos itinerantes ou ocasionais a buscarem novos conceitos. Seria eu um deles? Filosofastros e seus respectivos filosofemas, segundo Arthur Schopenhauer - não me reporto a Hegel - que antes questionavam o que seria o normal, agora buscam conceituar o novo normal. Não, a culpa não é do dissimulado e pretenso pensador, mas da filosofia mesma que permite esse assalto, essa intimidade, essa interação. Em verdade, estes desleais encantam-se a tal ponto com a filosofia, que a usam - ou pensam usá-la - indiscriminada e irresponsavelmente em qualquer temática, incluindo sexo, drogas e Rock and Roll.

A busca pelo conceito de “o novo normal” nada mais é do que uma tentativa de resgate do antigo normal. E o que seria o antigo normal? Seres humanos querem segurança, querem sobreviver, e, se possível, de modo agradável. E para ser normal, isso deve ter aceitação quase que unânime. Não busqueis eufemismos, não procureis máscaras, não apeleis para uma retórica barata. Seres humanos são, em face do desenvolvimento e culturas, ortodoxos. A heterodoxia é até admirada, mas nunca amplamente assimilada. Daí advém o adjetivo extravagante. Ser extravagante é ser efêmero.

E por falar nisso, extravagante é dizer-se satisfeito diante do novo contexto social e tentar torná-lo normal. Pergunto-vos: Seria o ser humano, de fato, um ser social? Ou seria apenas sociável? Estes sim, devem ser os conceitos a serem observados. Temos pesquisas a nos revelar que a convivência forçada aumentou sobremaneira o número de agressões, divórcios, etc. isso seria típico da sociabilidade humana? O ser humano associa-se porque a sociedade é utilitarista, e nada mais.

Bem, então fica aqui registrada minha estulta e antiquada colaboração àqueles que voltam-se ao reaprendizado necessário para conviverem com “o novo normal”: a) Sede como a montanha: impassível, inamovível; mantende vossa face inalterável ante ao vento e/ou qualquer outra intempérie. b) Sede como o Sol, isto é, não vos importeis com os que venham ferir-se por vossa luminosidade. c) Sede como o fogo constante, perene, independente de quem, ao vosso contato, saia mal cozido ou queimado. Enfim, d) Reduzi-vos ao mais simples, ao desprendimento, ao esvaziamento de si. Então, independente do mundo, da sociedade, indiferente ao rótulo de normal ou novo normal, experimentarás uma completa disponibilidade, o que implica liberdade, despreocupação e perfeito equilíbrio interior.     

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