Curioso é como certas circunstâncias são
capazes de levarem filósofos itinerantes ou ocasionais a buscarem novos
conceitos. Seria eu um deles? Filosofastros e seus respectivos filosofemas,
segundo Arthur Schopenhauer - não me reporto a Hegel - que antes questionavam o
que seria o normal, agora buscam conceituar o novo normal. Não, a culpa não é do
dissimulado e pretenso pensador, mas da filosofia mesma que permite esse
assalto, essa intimidade, essa interação. Em verdade, estes desleais
encantam-se a tal ponto com a filosofia, que a usam - ou pensam usá-la - indiscriminada
e irresponsavelmente em qualquer temática, incluindo sexo, drogas e Rock and Roll.
A busca pelo conceito de “o novo
normal” nada mais é do que uma tentativa de resgate do antigo normal. E o que
seria o antigo normal? Seres humanos querem segurança, querem sobreviver, e, se
possível, de modo agradável. E para ser normal, isso deve ter aceitação quase
que unânime. Não busqueis eufemismos, não procureis máscaras, não apeleis para
uma retórica barata. Seres humanos são, em face do desenvolvimento e culturas,
ortodoxos. A heterodoxia é até admirada, mas nunca amplamente assimilada. Daí
advém o adjetivo extravagante. Ser extravagante é ser efêmero.
E por falar nisso, extravagante é
dizer-se satisfeito diante do novo contexto social e tentar torná-lo normal.
Pergunto-vos: Seria o ser humano, de fato, um ser social? Ou seria apenas
sociável? Estes sim, devem ser os conceitos a serem observados. Temos pesquisas
a nos revelar que a convivência forçada aumentou sobremaneira o número de agressões,
divórcios, etc. isso seria típico da sociabilidade humana? O ser humano
associa-se porque a sociedade é utilitarista, e nada mais.
Bem, então fica aqui registrada minha estulta
e antiquada colaboração àqueles que voltam-se ao reaprendizado necessário para
conviverem com “o novo normal”: a) Sede como a montanha: impassível,
inamovível; mantende vossa face inalterável ante ao vento e/ou qualquer outra
intempérie. b) Sede como o Sol, isto é, não vos importeis com os que venham
ferir-se por vossa luminosidade. c) Sede como o fogo constante, perene, independente
de quem, ao vosso contato, saia mal cozido ou queimado. Enfim, d) Reduzi-vos ao
mais simples, ao desprendimento, ao esvaziamento de si. Então, independente do
mundo, da sociedade, indiferente ao rótulo de normal ou novo normal,
experimentarás uma completa disponibilidade, o que implica liberdade, despreocupação
e perfeito equilíbrio interior.
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