É quase incessante a sensação de
vácuo; uma lacuna que se me invade. Busco identificá-la, mas baldas se mostram
as tentativas. Há algo como um atraso, um delay entre mim e o mundo. Sim,
podemos falar em contumaz inconstância; eu e o mundo quase sempre não nos
identificamos. Distrações? Recurso simplório, trivial. Passatempos? A
ingenuidade do lúdico. Fugas? Não existe perspicácia no evadir-se, até porque é
óbvio tratar-se de evasão. Discursos, palestras motivacionais? A falácia como
expediente. Certifico-me: o mundo me guarda rancor; tem por mim profundo
desprezo. Quisera também conculcá-lo; quisera também evitá-lo. Mas, qual ...
bobagens!
Então sinto-me privado, desapossado do
ignoto. Ou não seria, de fato, desconhecido? Sim, refugio-me exatamente no que
conceituam como obscuro. Apático e plangente compreendo que os seres humanos
construíram um mundo despojado de Deus. E a questão: teria Deus resolvido abster-se
do mundo? Não, simplesmente o mundo abstém-se de Deus; o mundo é falto de Deus.
Chamam-No irreal, ineficaz, nulo, sem importância ou valor; dizem-No
inexistente. O mais curioso é que, independente da crença, da posição ou
ideologia, o mundo necessita dessa não existência. O que seria de nós apartados
desse irreal?
Enfim posso compreender o porquê da
vacuidade do mundo: estar privado do Inexistente!
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