Em geral e não imbuídos de espírito científico, perguntamo-nos: para que terceiro molar? Fiz esta pergunta a minha dentista e tive como resposta uma novidade, pelo menos para mim, insólita. Disse-me ela que crânios de nossos antepassados, fósseis evidentemente, revelaram a presença até de um quinto molar. Talvez isso explique porque as mandíbulas de então eram bem maiores que as nossas, as atuais. No entanto, creio que esse nosso “avatar” conheceu não só outro tipo, mas também uma alimentação sem qualquer cozimento.
Por erupcionar somente na adolescência
ou próximo a maior idade, diz-se que o terceiro molar é o dente do siso, aqui
sinônimo de juízo, tino, prudência, bom senso, circunspecção. Infelizmente tal
relação é fantasiosa. E já que nos referimos a processo imaginativo, lembro-me
de pândegos a afirmarem que “aos pobres bastam dois dentes: um para roer, outro
para doer”; eis a utilidade do siso. Sim, terceiros molares, na verdade,
perderam sua função, e, ipso facto,
devem ser extraídos. Por outro lado, se o dente siso tornou-se obsoleto e sem
espaço, imaginai uma boca adornada com quintos molares. A observarmos por um
contexto meramente matemático, no lugar onde cabem 28 ou 32, deveriam caber 40
dentes.
Ponho-me a pensar, então, em primeiro
lugar na Fada do Dente, figura lendária que, durante a noite, deixa moedas sob
o travesseiro em troca de dentes de leite. Seu trabalho, bem como seus gastos,
devem estar sobremodo reduzidos em nossa atualidade. Em segundo lugar penso
numa das histórias de minha mãe. Contava-nos ela que, quando menina, a estudar
em escola pública, durante o curso primário – o curso fundamental dos dias de
hoje – empenhou-se em responder a pergunta feita à turma pela educadora. A
questão proposta era: quantos dentes uma pessoa tem na boca? Mamãe, em face da
difícil investigação, dispôs-se a contá-los com o auxílio dos dedos; ela
identificava qualquer modulação da arcada como unidade independente. Enfim a
resposta: 77
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