Chuva, pandemia, pandemônio... sexta-feira. Meu nome? Não vem ao caso. Se pudesse (posso?) chamar-me-ia Antônio. Sim, eu seria inestimável; estaria acima de qualquer estima. Se bem que... talvez fosse melhor Luís, eu seria então um combatente glorioso. Contudo, não abriria mão de certo detalhe: meu sobrenome deveria ser Saavedra; não interessa se por parte de mãe ou de pai. Em verdade vos digo que não passo de personagem; um não cavaleiro de triste figura. Explico-me: tentaram fazer de mim um amálgama de situações condicionais, buscaram calar minha independência. Por que não dizer o fruto resultante de enxertos com restrições acidentais? Fato é que intentaram fazer-me mais uma vítima de levianas manipulações comportamentais; diligenciaram direcionar minhas opiniões. E como justificar-me? Não, não se trata de humildade. Neguei-me à espiral do silêncio. Eu simplesmente já não temo o ridículo, pois busco verdades. Livre? Sou, e como o sou! Exatamente porque ando lado a lado com a verdade. E os cínicos indagam: o que é verdade? Pela ótica da engenharia social tudo está relativizado, principalmente a verdade. E essa relativização lhes é benfazeja.
Todavia debato-me, não silencio; no
máximo faço-me mouco. O fato de ser ridicularizado empresta-me notoriedade; não
que eu a busque, mas por tornar-me fonte de incômodo aos cínicos que contra mim
deblateram. Faço-me rude, escarneço, debico. Muito embora ciente do desemprego,
a crise econômica criada por obscuro experimento (ensaio furtivo de uma guerra
biológica), permito-me sorrir do Lockdown (seria um quase sorriso, talvez uma
irrisão). Sim, as ruas desertas, os combustíveis caros. Fique em casa! (isso
repetido à exaustão). Muitos dos governantes, coitados, acoitados por um
judiciário decadente, a julgarem-se exímios ditadores, não conseguem perceber
que são também peças de reposição da mesma engenharia social. Meu sorriso agora
é largo. Pensando bem, reconheço-me como anti-herói; anti-heróis, em essência,
prodigalizam mais heroísmo do que os heróis clichês. E no papel de um não
cavaleiro da triste figura, não obstante a chuva, lanço-me no quintal a lavar
roupas e cantarolar o verdadeiro Luiz, o de origem diversa, o Luiz Melodia.
“Lava roupa todo dia, que agonia, na quebrada da soleira, que chovia...” Se bem
que não há agonia. A agonia é dialeticidade, seria o anticinismo, algo assim
como uma ética do faz de conta.
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