Bem, como o termo foi criado por mim,
tenho por obrigação discorrer, mesmo que brevemente, acerca de suas raízes,
isto é, prefixo, sufixo, significados, etc. Contudo, se tendes alguma
preocupação com o conceito, ei-lo: O termo em questão aponta para os que
repudiam as coisas e pessoas não belas (em alguns casos, não belas seria um eufemismo).
Sim, eu falo daqueles que criticam, sentem-se mal, desconfortáveis e/ou nada à
vontade diante da feiura. Neste ponto, por certo, dir-me-ão: “Gosto não se
discute!” (Eita chavão sem graça e démodé.) Respondo-vos: “O que não se discute
é o mau gosto”. Antes mesmo de haver conhecimento, faz-se presente em todo ser
humano um momento estético. Esse momento estético contempla a harmonia de
formas, desperta conforto, bem estar e permite a criação de signos. Os signos,
então, despertam ou não o interesse pelo conhecimento. Por favor, vós que
primais em difundir estereótipos, procurai, pelo menos por breves instantes,
conter os impulsos que vos foi introjetado pela doutrinação a objetivar, apenas,
o ensejo de uma guerra cultural.
Continuando. Eu poderia ter usado um
termo latino, afinal nossa língua, o português, é devedor de raízes gregas e
latinas. Todavia, optei pelo grego, na tentativa de cultuar o saber nos possíveis
leitores. Por que não usar o termo pulcritude? Em primeiro lugar, a pulcritude não
faz parte do vocabulário da juventude forjada pela educação freireana e que tão
bem representa nossa Pátria Educadora. Em seguida, o não pulcro seria o horroroso,
o horrendo. Ora, a não beleza, necessariamente, não se traduz por algo
horrendo. Então ocorreu-me lançar mão do grego, já que a palavra fobia - também
de origem helênica - tem sido usada sem o menor critério nos dias atuais. Logo,
o termo ασχημία - aschimía - a feiura,
expressaria melhor o sentimento negativo diante do não agradável, do não
harmônico.
Dito isso, doravante o termo
asquiminofobia deverá ser entendido como característica de pessoas que
experimentam desprazer, repulsa, aversão ou até mesmo ojeriza, em face de
imagens, coisas ou pessoas que careçam de pulcritude, ou melhor, de objetos
esteticamente incorretos. Atenção: pessoas tornam-se objetos quando em face de
uma relação epistemológica, isto é, relação sujeito (que quer conhecer) X
objetos (que dão-se a conhecer). Então, após divulgar esta minha pesquisa
linguística, começo a ouvir rumores nada agradáveis, inclusive, a sofrer
críticas ferrenhas, a receber epítetos os mais variados e até mesmo desconhecidos.
A coisa varia do “preconceituoso” ao “estético-fascista”.
Mas o que é isso minha gente? Eu já
ouvi muita coisa; soube por oitiva (imprensa ou redes sociais) de pessoas que
manifestam as mais variadas fobias: autofobia, aracnofobia, claustrofobia, etc.
Há também as que demostram falhas de caráter: heterofobia, homofobia, etc. No
entanto, preconceito com a feiura, pelo menos para mim, (não sou nenhum Apolo
ou Narciso) é algo inusitado. Ora se houvesse, de fato e de direito, asquiminofobia
no Brasil, certamente Alexandre de Moraes - nosso gato Sphynx que sofre de alopecia
- e Carmem Lúcia - exemplar feminino de Bento Carneiro, vampiro brasileiro - não
se teriam tornados Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Nada obstante, pode-se dar início a
Projeto de Lei que criminalize a asquiminofobia. Se bem que, tanto a Câmara
quanto o Senado Federal, assim creio, jamais pautariam o tema. Se ainda “algumas
belezuras” (prefiro não citar nomes) estivessem no exercício do mandato... Mas, muita calma nessa hora. A pensar melhor,
certa ideia começa por se me fazer presente. Por que não “estimular” o STF? Não
foi assim com as Fake News? Sim, que tal as pessoas usarem as redes sociais
para chamarem Suas Excelências de feias? (pulcros seria mais educado). Em
pouco tempo, posso vos afiançar, surgirá alguma decisão acerca de criminalizar a asquiminofobia e isso será encarado como ato ex officio. Difícil mesmo será
encontrar um ministro relator que, em face de carências estéticas, possa não
declarar conflito de interesses.
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