A arrogância caminha lado a lado com a insensatez; a vaidade anda pari passu com a inconsequência. Faz-se necessário, assim creio, a narrativa de caso concreto para melhor fundamentar minha teoria. Então vamos a ele!
Era uma vez um homem comum, alguém que
se dizia metalúrgico (pelo menos andava infiltrado no sindicato dos
metalúrgicos). Durante anos disse lutar por aquela classe, depois ampliou a
abrangência de sua oratória para toda a classe trabalhadora. Por fim, intentou
tornar-se presidente do país. Criou um partido político a verter em sua
oratória o estreito laço entre ética e política. Foram muitas as vezes em que
concorreu ao cargo, até que um dia... Pois bem, foi eleito e também reeleito. O
país, de início, tornou-se refém das promessas feitas durante os anos de luta
política do candidato. O então presidente da república tornou-se conhecido e
respeitado em todo o mundo. Mas, como a quase totalidade dos políticos, ele olvidou
os compromissos das promessas. Um segundo mandato foi recamado com escândalos de
corrupção. Ao término do segundo mandato, foi substituído por uma ex terrorista
anistiada, também filiada àquele partido dito de trabalhadores. Em verdade,
nunca houve projeto político, mas sim projeto de poder; o país fora aparelhado.
O projeto de poder, entretanto, trazia
velada e implicitamente certo acordo (seria acordo de cavalheiros?): o partido
do ex metalúrgico ficaria a revezar no poder com um outro partido maquiado de
oposição. E como o acordo fora quebrado, houve um golpe muito bem planejado: a
sucessora sofreu impeachment, tendo seus direitos políticos preservados -
elegibilidade - o que revelava a gritante armação. A Constituição Federal fora
agredida com a anuência do então Presidente da Suprema Corte. Com o
impeachment, assume a presidência alguém sem o menor cacoete de administrador
para cumprir o mandato tampão. É bom ressaltar que parte do golpe foi dar início
a uma operação no nível federal, onde políticos ligados ao partido do ex
metalúrgico eram investigados, acusados e presos. As acusações pareciam
obedecer a certo preceito, ou seja, eram baseadas num recurso assimilado pelo
direito penal conhecido como “delação premiada”. Este fora um projeto aprovado
pela câmara e senado e teve como autor o presidente tampão, quando deputado
federal. Mas a coisa fugiu ao controle: as delações começaram a envolver pessoas
do dito partido de oposição agora no poder.
E o escândalo tomou vulto; a população
pode ver o nível de corrupção instalado no país. Após várias acusações,
julgamento e tal, o ex presidente e ex metalúrgico foi preso e condenado. Após o
término do mandato tampão, chegou ao poder o inesperado; alguém que não fazia
parte dos esquemas, ardis e conchavos. A situação conheceu seu momento maior. Pois
bem, este governo inusitado agradou. Todavia, foi desaprovado pelos “tradicionais
agraciados” pelo esquema instalado, do qual destacam-se, além dos políticos de
carreira e ministros da suprema corte, artistas, músicos, jornalistas, a grande
mídia e mais uma gama de apadrinhados. Os partidos políticos ditos de “oposição”
passaram a contemplar, cotidianamente, o Supremo Tribunal Federal com pedidos
de liminares, processos e denúncias contra o Presidente com a maior aprovação
popular. Então teve lugar o ativismo judicial que, a pretextar lealdade à Constituição,
agride-a de modo contumaz. E o povo presenciou o cúmulo do absurdo: o Tribunal
Constitucional, a acatar as reivindicações da “canalhocracia” em pânico,
resolveu anular todos os julgamentos do ex metalúrgico e ex presidente
transcorridas já em segunda e terceira instâncias, com a falácia juridiques de que
as cortes que o sentenciaram não eram abalizadas a fazê-lo. Bem, as acusações
não foram retiradas, mas o agora ex detento tornou-se elegível.
A disputa, segundo as pesquisas,
mostra-se acirrada, se bem que, como acreditar em institutos de pesquisa
associados à mídia tradicional? Mas a coisa parece já estar delineada, caso
haja, de fato, lisura nas apurações e operacionalidade das urnas eletrônicas. O
Presidente inusitado deve ser reeleito.
Uma coisa preocupa-me; melhor, mais de
uma: O ex metalúrgico, ex presidente e ex presidiário ainda não se convenceu de
que seu momento é passado. Sua arrogância, vaidade e presunção tornam-no
insensato, impedem-no de uma melhor percepção; a revolta por suposta injustiça
o bloqueia cognitivamente (saberá ele o que é isso?). Minha primeira
preocupação: Ele não suportará uma derrota nas urnas. Creio ter chegado o
momento de torcer para que alguém o torne inelegível antes do pleito. A prisão
seria a desculpa ideal para ele não ter que justificar-se diante de si mesmo. Minha
segunda preocupação: se o ex detento - não eleito - vier a óbito, vitimado,
talvez, por um enfarto fulminante, a esquerda, a mídia, os artistas, músicos e
seus sequazes culparão aquele que conquistou o respeito da opinião pública. Só
restará, então, o STF indiciar o chefe do executivo por homicídio qualificado.
Pior que tem uma vidente prevendo o infarto de um presidenciável perto do primeiro turno. Será? Bolsonaro que arrume bons advogados e bastante álibis.
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