domingo, 25 de setembro de 2022

Bonum Ruinam (Uma boa queda)

 

A arrogância caminha lado a lado com a insensatez; a vaidade anda pari passu com a inconsequência. Faz-se necessário, assim creio, a narrativa de caso concreto para melhor fundamentar minha teoria. Então vamos a ele!

Era uma vez um homem comum, alguém que se dizia metalúrgico (pelo menos andava infiltrado no sindicato dos metalúrgicos). Durante anos disse lutar por aquela classe, depois ampliou a abrangência de sua oratória para toda a classe trabalhadora. Por fim, intentou tornar-se presidente do país. Criou um partido político a verter em sua oratória o estreito laço entre ética e política. Foram muitas as vezes em que concorreu ao cargo, até que um dia... Pois bem, foi eleito e também reeleito. O país, de início, tornou-se refém das promessas feitas durante os anos de luta política do candidato. O então presidente da república tornou-se conhecido e respeitado em todo o mundo. Mas, como a quase totalidade dos políticos, ele olvidou os compromissos das promessas. Um segundo mandato foi recamado com escândalos de corrupção. Ao término do segundo mandato, foi substituído por uma ex terrorista anistiada, também filiada àquele partido dito de trabalhadores. Em verdade, nunca houve projeto político, mas sim projeto de poder; o país fora aparelhado.

O projeto de poder, entretanto, trazia velada e implicitamente certo acordo (seria acordo de cavalheiros?): o partido do ex metalúrgico ficaria a revezar no poder com um outro partido maquiado de oposição. E como o acordo fora quebrado, houve um golpe muito bem planejado: a sucessora sofreu impeachment, tendo seus direitos políticos preservados - elegibilidade - o que revelava a gritante armação. A Constituição Federal fora agredida com a anuência do então Presidente da Suprema Corte. Com o impeachment, assume a presidência alguém sem o menor cacoete de administrador para cumprir o mandato tampão. É bom ressaltar que parte do golpe foi dar início a uma operação no nível federal, onde políticos ligados ao partido do ex metalúrgico eram investigados, acusados e presos. As acusações pareciam obedecer a certo preceito, ou seja, eram baseadas num recurso assimilado pelo direito penal conhecido como “delação premiada”. Este fora um projeto aprovado pela câmara e senado e teve como autor o presidente tampão, quando deputado federal. Mas a coisa fugiu ao controle: as delações começaram a envolver pessoas do dito partido de oposição agora no poder.  

E o escândalo tomou vulto; a população pode ver o nível de corrupção instalado no país. Após várias acusações, julgamento e tal, o ex presidente e ex metalúrgico foi preso e condenado. Após o término do mandato tampão, chegou ao poder o inesperado; alguém que não fazia parte dos esquemas, ardis e conchavos. A situação conheceu seu momento maior. Pois bem, este governo inusitado agradou. Todavia, foi desaprovado pelos “tradicionais agraciados” pelo esquema instalado, do qual destacam-se, além dos políticos de carreira e ministros da suprema corte, artistas, músicos, jornalistas, a grande mídia e mais uma gama de apadrinhados. Os partidos políticos ditos de “oposição” passaram a contemplar, cotidianamente, o Supremo Tribunal Federal com pedidos de liminares, processos e denúncias contra o Presidente com a maior aprovação popular. Então teve lugar o ativismo judicial que, a pretextar lealdade à Constituição, agride-a de modo contumaz. E o povo presenciou o cúmulo do absurdo: o Tribunal Constitucional, a acatar as reivindicações da “canalhocracia” em pânico, resolveu anular todos os julgamentos do ex metalúrgico e ex presidente transcorridas já em segunda e terceira instâncias, com a falácia juridiques de que as cortes que o sentenciaram não eram abalizadas a fazê-lo. Bem, as acusações não foram retiradas, mas o agora ex detento tornou-se elegível.

A disputa, segundo as pesquisas, mostra-se acirrada, se bem que, como acreditar em institutos de pesquisa associados à mídia tradicional? Mas a coisa parece já estar delineada, caso haja, de fato, lisura nas apurações e operacionalidade das urnas eletrônicas. O Presidente inusitado deve ser reeleito.

Uma coisa preocupa-me; melhor, mais de uma: O ex metalúrgico, ex presidente e ex presidiário ainda não se convenceu de que seu momento é passado. Sua arrogância, vaidade e presunção tornam-no insensato, impedem-no de uma melhor percepção; a revolta por suposta injustiça o bloqueia cognitivamente (saberá ele o que é isso?). Minha primeira preocupação: Ele não suportará uma derrota nas urnas. Creio ter chegado o momento de torcer para que alguém o torne inelegível antes do pleito. A prisão seria a desculpa ideal para ele não ter que justificar-se diante de si mesmo. Minha segunda preocupação: se o ex detento - não eleito - vier a óbito, vitimado, talvez, por um enfarto fulminante, a esquerda, a mídia, os artistas, músicos e seus sequazes culparão aquele que conquistou o respeito da opinião pública. Só restará, então, o STF indiciar o chefe do executivo por homicídio qualificado.   

Um comentário:

  1. Pior que tem uma vidente prevendo o infarto de um presidenciável perto do primeiro turno. Será? Bolsonaro que arrume bons advogados e bastante álibis.

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