Eu e essa minha busca por analogias trouxe-me à memória o antigo e saudável jogo de varetas. Historicamente, o dito entretenimento, com o nome de Jonchet, já foi citado nos livros de Buda e data do século V a.C. O Mikato, de origem chinesa, similar, inclusive nas regras, ostentava varetas de marfim. As regras do jogo são simples: pegar uma vareta sem mover qualquer outra. Cada cor tem uma pontuação; ganha quem somar mais pontos.
E vem a pergunta que não quer calar: Enfim,
a que se assemelha o referido jogo? A atualidade sugere-me uma sociedade de
varetas; somos varetas. Temos que nos mover dentro desta sociedade sem tocar ou
esbarrar no próximo (interpretado aqui como causar constrangimentos), mesmo que
de modo acidental ou fortuito. A vitimização é modus operandi. As pessoas dizem-se aviltadas, ofendidas,
intimidadas por qualquer coisa; atitudes são rotuladas de
invasivas, desrespeitosas, preconceituosas.
A grande diferença para o vero jogo, o pega-varetas, é que nas sociedades hodiernas não há ganhadores; todos saem perdendo. Está cada vez mais difícil a convivência social. O que se pode observar é que o indivíduo foi de tal modo contemplado, que acabou por colocar seus interesses acima dos interesses da sociedade que o alberga. Egos se acham tão importantes que em nada querem ser incomodados. E quando o indivíduo não consegue projeção necessária, associa-se a um grupo dito “minoritário” para conseguir reconhecimento social. Infelizmente, tudo isso teve início com o entendimento equivocado do que seja liberdade.
Uma curiosidade: esta sociedade que contempla o individualismo exacerbado é a mesma que clama por respeito, igualdade, fraternidade. Sorriamos nós, as varetas!
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