quinta-feira, 1 de junho de 2023

Oikos e nomos

 

E tudo começou com a deterioração do feudalismo. Neste sistema, a mão de obra era servil; os servos contentavam-se com a corveia, muito embora deterem total conhecimento sobre ferramentas e trabalhos desenvolvidos. O sistema feudal emprestava muito poder aos senhores feudais; poderes esses que transcendiam a autoridade dos reis, ou seja, do Estado. Os feudos, inclusive, tinham suas próprias leis. Era muito comum feudos guerrearem entre si, muito embora a mesma língua, costumes, cultura, etc. É bom ter em vista que a unificação dos feudos sob a tutela de um único soberano inspirou Niccolo Machiavelli para escrever “O Príncipe”.

Evidentemente que o Estado sentia-se incomodado com tal independência de seus súditos. Teve início, portanto, o protocolo de desestabilização do sistema feudal. O investir nas grandes navegações - meados do século XV - veio muito a calhar. O interior das nações esvaziou-se; o litoral passou a ser contemplado. Multidões acorreram para os burgos (cidades) litorâneos. Famílias uniram-se e deram início à empresas (indústrias). E surge o conceito de economia. Formada por termos gregos: oikos e nomos, ou seja, lar e leis. Sim, as primeiras empresas eram geridas de maneira familiar. Oikos nomos: regidas pelas normas da casa. Daí o termo Economia!

Então os burgos experimentaram um grande crescimento. Teve origem uma nova classe, a burguesia, isso é, antigos servos feudais que migraram para as cidades, criaram empresas segundo os próprios conhecimentos profissionais. Estabelecidos e reconhecidos pelos Estados, tornaram-se influentes, até porque obedeciam a uma única lei e pagavam seus impostos. A classe burguesa, portanto, nada mais é do que uma classe trabalhadora, outrora explorada por senhores feudais.

Mas sempre há os que se sentem incomodados. Sim, a classe burguesa experimentou grande avanço, pois que o enriquecimento de muitos tornou-se patente. Todavia, tal enriquecimento, deveu-se - também - a incontestáveis méritos. Porém, como o egoísmo parece estar presente no DNA humano, regendo, inclusive, as relações comerciais e de mercado, teve lugar uma campanha de demonização. A exploração profissional também tornou-se inconteste. Foi quando surgiu um “economista” com dons messiânicos.

De quem falamos? Lógico, todos sabemos. Seu primeiro engano: negou-se ficar submetido a um “determinismo religioso”; preferiu submeter-se a um determinismo material. Isso tem nome: apostasia! Em segundo lugar precisava reverter a situação, pois incomodava sobremaneira os imensos lucros obtidos pelos burgueses. A propriedade precisava ser extinta e todos os bens tornarem-se coletivos. O Estado precisava reassumir sua posição de destaque. Como? Simples! O retorno ao sistema feudal. A única diferença: o Estado seria um único senhor. E para arrebanhar prosélitos lançou mão do fastidioso slogan: “Trabalhadores, uni-vos!”

Aos ainda iludidos, fica aqui uma brevíssima história da economia.

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