É de fazer espécie o fato de as emissoras de televisão abertas, em geral, apresentarem sempre uma mesma linha de programação. Sim, as TVs são concessões, isto é, elas desfrutam do privilégio, de autorização do governo para exploração, o que, por conseguinte, pressupõe uma contrapartida. O que se deve esperar de um governo que expede uma licença/autorização de funcionamento para emissoras com alcance e que exercem tamanha influência? Faz-se mister reclamar vossa atenção para o fato de que a concessão é a cessão do que se pode recusar. Atenção: esta última declaração nada tem a ver com censura! Ora, já que o discurso político revela tanta preocupação com a educação e cultura do povo, por que não lançar mão do recurso para promover a tão decantada educação?
Todavia, o que se nos apresenta, de
fato, é um mecanismo extremamente sofisticado, cujo objetivo precípuo é alienar
possíveis telespectadores. Os telejornais, por exemplo, em suas múltiplas
edições, mostram-se tendenciosos e a esbanjar doutrinas; há como que uma
preocupação em fazer apologia a uns em detrimento a outros; notícias chegam
sempre editadas, interpretadas, manipuladas. Programas de entrevistas e/ou talk-shows revelam esta mesma faceta,
até porque os convidados são “parceiros” ideológicos. E a alucinação não para
por aí, pois ferramentas outras são ainda disponibilizadas. No caso do humor,
este cedeu espaço ao ridículo de piadas repletas de disfarçada obscenidade; o stand up agora é a tônica.
Viraram moda os reality-shows: a hipocrisia mascarada de seriedade; usados para a
divulgação e implementação do politicamente correto. Os musicais (fantasiados
de concursos ou não) acompanham o mesmo tônus messiânico que se mostram a favor
dos desfavorecidos. Telenovelas e minisséries: recursos didáticos para se
deformar toda uma nação; uma excrecência que demoniza valores. Os filmes, em
geral, disseminam a bandidolatria e o democídio. Os documentários, por sua vez,
que deveriam estar à serviço da informação ou da ciência, também manifestam
forte cunho ideológico. Programas policiais empenham-se em divulgar o
barbarismo no qual a população está imersa. Mas a programação Top da TV aberta em nosso país são as
fofocas. Creio que a tentativa capenga de “competir” com as redes sociais fez
com que as emissoras lançassem mão de pseudo “influencers” para mexericar a vida dos famosos. Na falta de um
melhor termo, eu diria lamentável.
Então a pergunta: onde a preocupação
do Estado com seu povo, com sua cultura, com os jovens e sua respectiva
educação? Onde os programas eminentemente educativos? (Não a doutrinação) Onde
os programas infantis? Os “desenhos animados”, os lúdicos concursos, as
apresentações circenses, os programas de perguntas e respostas, os musicais voltados
à infância, a dança, as apresentações artísticas, o estímulo às artes, as peças
teatrais infantis? O curioso é que essas mesmas emissoras levam ao ar programas
em que psicólogos (especialistas) defendem a educação e formação
infanto-juvenis como fundamento para um mundo melhor. Será que nos será dado apenas
o direito de sorrir de toda essa baboseira?
Nenhum comentário:
Postar um comentário