Consegui! Enfim a chácara: um pedaço de terra para chamar de minha. É bom respirar naquele ambiente de paisagem esverdeada; é sadio plantar, colher, ver as hortaliças brotarem. Há um quê de beleza em ver as árvores florescerem, frutificarem... O verdor relaxa, traz alento. O longínquo conforta; lá “escuto o silêncio das línguas cansadas”. Assim me sinto. Dizem que recriei um determinado sitio de infância. De fato? Se assim o for, sinto-me ditoso. Não só o meu viver, mas minha alimentação viu-se saudável: frutas, raízes, grãos, legumes, verduras, hortaliças viçosas e tenras.
Alguma coisa que desabone tal descrição? Essa pretensa cópia de um pedaço do paraíso? Há um viver que deve ser compartilhado: a vida animal, os verdadeiros donos da terra. De vez em quando um lagarto, uma cobra; acolá um gato-do-mato, o caçar inclemente de gaviões. São pássaros vários; maitacas em seu contumaz alvoroço. Sim, e os insetos: aranhas, besouros, borboletas de variegadas cores, abelhas, etc. Não esquecer do frequente coaxar de rãs e sapos logo que a luz do Sol dá início a sua magnífica despedida. A isso soma-se o romântico estridular de grilos.
Depois de quase um ano, cobravam-me a
inauguração da chácara. E assim o fiz. Mas as pessoas parecem não estarem
preparadas para um reconviver com a natureza; desprezaram de alguma forma os
frutos que a terra lhes proporcionaria e trouxeram seus alimentos: carnes,
conservas, frangos e peixes abatidos, crustáceos. E fartaram-se, e regalaram-se...
Bem, como de costume, o dia seguinte. Então conhecemos o day after; tanto para mim quanto para o ambiente algo inusitado: surgiram
moscas em abundância. Creio haver algum equívoco com a alimentação e o modus vivendi dos citadinos.
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