Meu pessimismo em relação ao mundo tornou-me bem próximo de Arthur Schopenhauer, o que talvez explique o parafrasear do título de sua obra O Mundo como Vontade e Representação. Não, não devo usar o apud, pois nada do que será tratado aqui está relacionado com o conteúdo da obra. De início venho afirmar que a força cega, o princípio fundamental que move o mundo (eu falo do mundo real) não é a Vontade, mas a farsa, a falácia, a impostura. E não só substituo a Vontade pela Farsa, como também a Representação pela Manipulação.
Ora, num mundo entrópico onde imperam
sofismas, nada há que se vincule à razão. E nesta comédia - o mundo como um
todo - só há três tipos de personagens: os idiotas, os fraudadores e os pouquíssimos
prudentes. Os idiotas, já que enceguecidos pelas fraudes, em tudo creem e vivem
em busca de uma prometida felicidade. Os fraudadores, acalentados pelas
incansáveis barganhas, sentem-se senhores do mundo; nele buscam afirmar-se e deixar
suas marcas, seja social, artística, política ou cultural. Já os prudentes, coitados,
apenas passam pelo mundo, alguns deles insignificantes grafomaníacos como eu.
Bem, em se tratando de farsa e
manipulação, buscamos saber, de início, como se dá o embuste e quem seriam os
embusteiros. Na verdade, a burla começa na infância. Não obstante os princípios
religiosos, em nome até mesmo de uma pseudociência, ignóbeis valores nos são
impingidos. Fatos históricos verdadeiros são distorcidos e/ou postos de lado.
Heróis são criados apenas com o intuito de forjar a imprestabilidade. No
esporte, inventam-se mitos; mitos estes que desconhecem o que seja intrepidez
ou denodo. Alguns torpes compositores e intérpretes são ardilosamente ovacionados,
de modo a influenciarem gerações. Obras de arte e espetáculos são utilizados
para servirem de modelo à poltronaria.
Mas os “Senhores do Mundo” não se
limitam às instituições governamentais, sejam elas executivas, legislativas ou
judiciárias. O processo de manipulação tem seus sequazes. Noticiários
transbordam de desordem informacional, pois fatos verídicos tornam-se reféns de
erradas inferências; a incontestável veracidade (de algum modo indesejada) é
“trabalhada”, de modo a estabelecer conclusões errôneas. Conteúdos genuínos são
compartilhados junto a dados falsos; informações ou imagens são manipuladas com
intuito de estabelecer enganos; manchetes, ilustrações ou legendas, em geral, não
confirmam conteúdos. Programas televisivos têm por objetivo precípuo a
alienação.
Será que estou a descrever Matrix? Melhor
falar em caverna platônica? Gostaríeis de reviver o Senhor Neo? Em todo caso,
sede aquele que desvia o olhar das imagens projetadas nas paredes deste mundo;
que a sabedoria vos auxilie a partir as cadeias; abandonai as trevas fabricadas
no interior da caverna e apreciai a luz exterior que se mostra abundante.
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