sexta-feira, 18 de maio de 2012

Aos usuários do metrô do Rio de Janeiro

Próxima estação: Cidade Nova; desembarque pelo lado esquerdo!
 
Eis a Cidade Nova! Mas a cidade não é nova. Cidades não são os prédios faraônicos, não são as novas avenidas, não são as pedras, postes, muros, jardins. Cidades são as pessoas que a constituem, e as pessoas são as mesmas. Nem mesmo pode-se falar de uma nova cidade, pois que as pessoas não atingiram maturidade; não assimilaram novos valores. As pessoas apenas se repetem, se seguem, se multiplicam, se copiam e se extinguem.
Amiúde, seres humanos reinventam paisagens com o fito de transformar a si mesmos. Tolice ou cinismo? O homem é isso: essencialmente e necessariamente cultural; interage com a natureza, transformando-a, moldando-a e adequando-a. Seu princípio básico e o mais natural é ser artificial.
Então não há uma Cidade Nova; houve sim uma reestruturação paisagística, objetivando a “recuperação” de determinado local da cidade que por décadas foi freqüentado e explorado pela prostituição. Eis a contradição: muda-se a paisagem, mas não se consegue mudar a mentalidade. A prostituição permanece, só que agora desconcentrada. Já escrevi alhures: a prostituição atende a expectativa de uma demanda social, de uma exigência social. Nada mais! A prostituição faz com que seres humanos retornem à sua condição primária, primeira, rude, animal, mas nada sexual. Apenas o clamor por uma liberdade ignota!

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