Há
confirmação de que 22 capitais e 72 municípios vão apagar suas luzes por uma
hora, com o propósito de alertar para o perigo do aquecimento global. Bela
Iniciativa! Ou mero expediente dissimulador?
Vejamos:
na verdade, a proposta visa uma conscientização popular, na pessoa de cada
cidadão ou cidadã. Mas a conscientização individual remete a uma
autoconsciência. Ora, autoconsciência é ter consciência de si. Consciência de
si é o reconhecimento, dentre outras coisas, de suas limitações, de suas
falhas, delírios, vícios, conflitos. O fato de se ter consciência de si não
elimina qualquer problema social ou ecológico, até porque o problema em si é
eminentemente econômico. Problemas sociais só são eliminados ou com educação,
ou com a repressão das leis, ou com imperativos morais, ou com o temor
religioso. Não obstante, ainda posso citar o grande Aristóteles: “O caráter não
se modifica com o hábito”. Lembremo-nos de que somos um grupo de Macunaímas, ou
seja, heróis sem caráter.
Como
se falar em autoconsciência em uma sociedade pautada no individualismo? Grandes
centros urbanos - o alvo da mobilização “A hora do planeta” - fizeram das
relações algo totalmente impessoal; a impessoalidade culminou na exacerbação do
indivíduo. A democracia pode até tentar, através de um número elevado de leis e
códigos arrefecer e/ou neutralizar as ações excludentes, onde o indivíduo busca
somente seus interesses, mas, por certo, não conseguirá doutrinar consciências.
E, por favor, esqueçam o “politicamente correto”!
Agora,
sejamos mais pragmáticos: nos grandes centros, caso tenham olvidado os criadores e cultores do movimento, onde se localizam os “impérios econômicos”, a proposta
ou resultado será inócuo, seja por conta da segurança, seja por conta das
transações do mundo globalizado. Geradores entrarão em funcionamento para
manter os sistemas em funcionamento. Nos grandes condomínios de luxo, geradores
também devolverão a tranquilidade de seus habitantes. Estes estão, de fato,
preocupados com o aquecimento global ou algo que o valha? Façam-me o favor! Quem
sairá prejudicado com esse enredo? A população ignorante, manipulada e bem
intencionada que deixará de assistir, de bom grado, sua novela ou ao futebol; a
população que depende do transporte público e que irá se expor aos marginais e
facínoras que lotam a crônica policial, deixando-se imolar como aves em
abatedouros.
Parece-me
que o expediente em questão, esse que busca uma maciça conscientização, não
passa de mais uma tentativa vil, covarde e mesquinha para catapultar alguns que
buscam nada mais que o reconhecimento público, no intento de tornarem-se
celebridades.
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