Acabo de ler uma notícia sobre educação. Eis
a manchete: “Estudo mostra que 44% das escolas do país não têm TV ou
computador”. E em subtítulo: “Maioria dos colégios possui apenas condições
elementares de funcionamento”. O que a matéria chama de “condições elementares
de funcionamento” seriam salas, cadeiras, mesas, quadro negro, água, banheiro
etc. Curioso: quantas pessoas, hoje destaques em nossa sociedade, se valeram
tão somente das ditas “condições elementares”?
Algo me reclama a atenção: Machado de Assis,
José da Alencar, Rui Barbosa, Joaquim Manoel de Macedo, Castro Alves, Raul
Pompeia, Clarisse Linspector, Cecília Meireles, Manoel Bandeira, Mário de
Andrade, José Lins do Rego, Jorge Amado e tantos outros e outras, expoentes de
nossa literatura, certamente estudaram distantes de TVs, computadores e tablets.
Por que será que os novos pedagogos insistem nesta parafernália tecnológica
como fundamento à educação? Muito se tem divulgado a “importância” dessas
engenhocas pós-modernas como ferramenta didática, mas em outras pesquisas
recentes os resultados foram desabonadores, haja vista o resultado das provas
de redação do ENEM. Notas expressivas foram atribuídas a alunos que
transcreveram receitas culinárias e hinos de clubes. Eis a importância da TV no
processo educacional! Acredito ser muito fácil e cômodo colocar a responsabilidade
em máquinas ou recursos tecnológicos, na tentativa de mascarar o evidente
fracasso de todo o sistema de ensino do país.
Se TVs e computadores são, de fato, de suma
importância, então deixemos nossos filhos em casa prostrados de frente às TVs e
esqueçamos as escolas, que muito cobram por serviços que não são prestados.
E onde ficam os livros, os cadernos, a
tabuada, o caderninho barato de caligrafia? Por que não investir maciçamente e
massivamente em laboratórios e em bibliotecas? Quando falo em laboratórios,
falo em instrumentos científicos e não em “bijuterias eletrônicas
descartáveis”; quando falo em bibliotecas não me reporto aos paradidáticos
sintetizados e comentados que abundam nas prateleiras de livrarias
“fashion”. Falo em clássicos, em textos
originais que instigam o aluno ao questionamento.
Quanto à formação de professores, pergunto: Por
que nos cursos de pedagogia não se ensina algo além das teorias marxistas, Paulo
Freire, o construtivismo russo, Foucault e Deleuze? Caso meu leitor ainda não
saiba, cursos de pedagogia são ministrados nos fins de semana, a título de
“adequação a nossa realidade”. Se não fosse trágico, se abeiraria do cômico.
Bem, aqui começo a ser chamado de reacionário
ou fundamentalista. Reacionário o sou, e de modo confesso. Mas o pior
fundamentalista é o pós-moderno, ou seja, aquele que defende o que não mais acredita, por se tratar do único expediente plausível usado como égide para mascarar
sua própria incompetência e dissimular sua má consciência.
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