sábado, 23 de março de 2013

Mais uma vez a educação



Acabo de ler uma notícia sobre educação. Eis a manchete: “Estudo mostra que 44% das escolas do país não têm TV ou computador”. E em subtítulo: “Maioria dos colégios possui apenas condições elementares de funcionamento”. O que a matéria chama de “condições elementares de funcionamento” seriam salas, cadeiras, mesas, quadro negro, água, banheiro etc. Curioso: quantas pessoas, hoje destaques em nossa sociedade, se valeram tão somente das ditas “condições elementares”?
Algo me reclama a atenção: Machado de Assis, José da Alencar, Rui Barbosa, Joaquim Manoel de Macedo, Castro Alves, Raul Pompeia, Clarisse Linspector, Cecília Meireles, Manoel Bandeira, Mário de Andrade, José Lins do Rego, Jorge Amado e tantos outros e outras, expoentes de nossa literatura, certamente estudaram distantes de TVs, computadores e tablets. Por que será que os novos pedagogos insistem nesta parafernália tecnológica como fundamento à educação? Muito se tem divulgado a “importância” dessas engenhocas pós-modernas como ferramenta didática, mas em outras pesquisas recentes os resultados foram desabonadores, haja vista o resultado das provas de redação do ENEM. Notas expressivas foram atribuídas a alunos que transcreveram receitas culinárias e hinos de clubes. Eis a importância da TV no processo educacional! Acredito ser muito fácil e cômodo colocar a responsabilidade em máquinas ou recursos tecnológicos, na tentativa de mascarar o evidente fracasso de todo o sistema de ensino do país. 
Se TVs e computadores são, de fato, de suma importância, então deixemos nossos filhos em casa prostrados de frente às TVs e esqueçamos as escolas, que muito cobram por serviços que não são prestados.  
E onde ficam os livros, os cadernos, a tabuada, o caderninho barato de caligrafia? Por que não investir maciçamente e massivamente em laboratórios e em bibliotecas? Quando falo em laboratórios, falo em instrumentos científicos e não em “bijuterias eletrônicas descartáveis”; quando falo em bibliotecas não me reporto aos paradidáticos sintetizados e comentados que abundam nas prateleiras de livrarias “fashion”.  Falo em clássicos, em textos originais que instigam o aluno ao questionamento.
Quanto à formação de professores, pergunto: Por que nos cursos de pedagogia não se ensina algo além das teorias marxistas, Paulo Freire, o construtivismo russo, Foucault e Deleuze? Caso meu leitor ainda não saiba, cursos de pedagogia são ministrados nos fins de semana, a título de “adequação a nossa realidade”. Se não fosse trágico, se abeiraria do cômico.
Bem, aqui começo a ser chamado de reacionário ou fundamentalista. Reacionário o sou, e de modo confesso. Mas o pior fundamentalista é o pós-moderno, ou seja, aquele que defende o que não mais acredita, por se tratar do único expediente plausível usado como égide para mascarar sua própria incompetência e dissimular sua má consciência. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário