Amanhecia... um chilrear nada outonal
aumentava de intensidade. Luzes então sobejaram. Aqui e acolá cores vibrantes.
E a bailarina invadiu meu cenário com seu salto... Jeté, o corpo fora
impulsionado com ímpeto. Um salto belo, pujante, extremamente dosado. Sim, ela
movia-se ao som de uma melodia: minha vida. Meu viver é isso: melodia por mim
composta, construída, delineada. Em seu movimento Presto a moça fez-se alígera,
alada; no Allegro ma non troppo a jovem mostrou concisa moderação, o amplo
vivido. Pude experimentar o esmorecimento de passos durante o Largo. Sim, o
ballet aliara-se à musicalidade de meu mundo. Houve movimentos lentos, solenes;
houve ocasiões arrebatadoras, Grand Battement e Adágios; houve saltos em
profusão; houve calma e silêncio. A bailarina, então, ousa pôr os pés por
inteiro no chão... En dehors. Um breve giro em torno de si, um Rond de Jambe e ela
se deixa cair com elegância e graça. Agora que a melodia se esvai, meu Grand
Finale, admiro-me, pois que minha vida também teve leveza, graça e bastante
elegância.
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