segunda-feira, 31 de maio de 2021

Dia dos Namorados

 

Em pouco tempo será celebrado o Dia dos Namorados, 12 de junho. Em outros países, no entanto, a data escolhida é 14 de fevereiro, quando se comemora o dia de São Valentim, isso em homenagem a um dos mártires da Igreja Católica, que lutou contra a proibição do amor romântico na Idade Média. Diz-se que a data celebra a união amorosa. E o que seria uma união amorosa? As ditas uniões estariam, de fato, relacionadas ao amor? Se fôssemos discorrer sobre o amor, estaríamos nos arriscando a plagiar O Banquete de Platão. Portanto, vamo-nos ater às relações hodiernas.

 Bem, depois que inventaram uma nova acepção para o verbo ficar, a coisa parece ter fugido um pouco ao controle e ao meu entendimento. Afinal ficar, no que tange aos relacionamentos amorosos, implica o não compromisso. Ora, o cortejar tem por objetivo a conquista, o requestar. O namorar, por sua vez, envolve sedução, o encanto, o início de um compromisso. Não obstante, o ficar, em minha ótica antiquada, não envolve qualquer compromisso. Se, de fato, assim for, percebo algo de incoerente: a juventude, que tanto fala de amor, submete-se espontaneamente a relações efêmeras? Não, muito embora a subversão valorativa do mundo atual, posso vos afiançar que ninguém quer apenas ficar; as pessoas gostam de ser amadas, não apenas usadas.

Depois deste introito não muito breve, vem-me à memória a cena de um namorico; este sim mostrou-se breve. Não posso garantir tratar-se de uma primeira namorada; na verdade, não saberia dizê-lo. Contudo, acredito ter gozado da injusta fama de namorador por conta desta horripilante experiência. O evento teve lugar em fins dos anos sessentas. Eu e os colegas de então costumávamos frequentar o clube recreativo no bairro em que morávamos. E foi no referido clube, na noite de um sábado qualquer que conheci Marion: jovem magra, de face alongada, cabelo louro e gestos estudados. E conversamos bastante ainda no clube, no período de descanso do conjunto. Atenção: não se tratava de banda, mas um conjunto de músicos.

Pois bem, após nos apresentarmos e discorrermos, cada qual a seu turno, sobre seu currículo peculiar e particular, resolvemos sair. Se não me falha a memória, ela teria mais idade do que eu. Disse-me morar na mesma rua do recreativo, pelo menos apontou certo sobrado bem próximo. Abandonamos o local e demos início ao lento caminhar que soe acompanhar o exercício do flerte. Atravessamos a rua, como se previamente combinados e nos aproximamos da esquina onde havia um armazém. Abraçamo-nos, encaramo-nos: a troca de olhares fixos, abrasados, carentes. Distante, uma cão uivou. Arrepiei-me; ela sorriu e conduziu-me para o canto escuro do muro. Confesso que pensei em sair, desistir, mas a libido parece ter falado mais alto... Chuviscos frios tiveram lugar. Refugiamo-nos sob a marquise.

Então beijamo-nos. Burt Lancaster inspirava-me em determinada cena de A um Passo da Eternidade. Pensei abrir os olhos e admirar o rosto de Deborah Kerr. E assim o fiz. Não, não era Deborah, nem mesmo Marion; ela também tinha os olhos abertos. O olhar era frio, maléfico, as feições contorcidas, disformes, um sorrir diabólico; ela nada falava e enlaçava-me a seu corpo. Seu olhar injetou-se de um vermelho sanguíneo; consegui desembaraçar-me de seu abraço. Corri sem olhar para trás. Ainda garoava. Voltei ao clube e refugiei-me no banheiro masculino. Refiz-me, retomei a calma. A imagem diabólica ficara em meu pensamento. Retornei para casa na companhia dos amigos sem nada confidenciar.

Noite terrível, conturbada, insone. Marion não me saía do pensamento; eu tentava comparar ambas as feições que a mulher apresentara, aquela absurda mutação. O dia chegou e encontrou-me sentado no leito. Aproximava-se o horário de meus pais saírem para a missa dominical. Estranharam por verem-me desperto. Sentei-me à mesa com eles; nada falei. Despediram-se e saíram. Pus-me a pensar, a relembrar de alguma coisa que pudesse justificar o que eu vira. Não fora noite de Lua cheia; cheguei a sentir, inclusive, a sensação das gotas finas e frias da chuva que nos encaminhara à marquise. Na Enciclopédia de papai busquei ler sobre bruxas, licantropia, magia negra, feitiçaria... Nada, eu deveria era ter ido à igreja com meus pais.

Troquei-me rápido, sem muito esmero. Saí de casa em direção à igreja. Mas ... eu cruzaria a esquina do clube recreativo, a mesma rua onde Marion afirmara morar. Desisti da igreja e tracei rumo para o sobrado que a mulher apontara. Aproximei-me com cautela; seria melhor dizer temor. Passei em frente ao portão gradeado e busquei devassar seu interior. Nada! Andei de lá para cá diversas vezes. Súbito, a porta do prédio abriu-se e um senhor apareceu. Mesmo tomado de surpresa, disparei um agônico Bom Dia. Ele percebera meu nervosismo, encarou-me com bondade e respondeu ao Bom Dia. Então perguntei se conhecia Marion. Disse-me morar ali há quase 30 anos e nunca ter conhecido ninguém com aquele nome; procurei descrevê-la fisicamente e ele negou ter visto alguém semelhante.

Agradeci e retornei ao lar. Marion, ou seja lá o que tenha sido, até hoje, passados mais de cinquenta anos, continua presente em meus pensamentos. Tive vários relacionamentos, talvez numa tentativa de livrar-me das imagens daquela noite. As relações sempre chegaram ao fim, mas nunca as lamentei, talvez porque a narrada experiência tenha causado em mim uma espécie de analgesia sentimental. Dito isto, pergunto-vos: Conhecera eu o amor? A propósito, desejo a todos um Feliz Dia dos Namorados!  

sábado, 29 de maio de 2021

The hard task of diplomacy


The term negotiate involves contracts, adjustments, agreements, treaties, implying the capacity to do so. Adjustment, in turn, involves combination, regulation and ipso facto conformation. The act of combining and / or regulating presupposes an end to contradictions and disagreements, which inevitably includes the possibility of adjustments or a loss.

Generally, the agreements signed between representatives of any government bring more the promise of compliance with the agreements than the commitment even to fulfill them, considering the specific interests of each party; it would be a kind of "hidden curriculum". Nevertheless, the alleged losses, even if previously calculated, would be subject to unpredictable demands.

The curious thing is that in any negotiation there is a hint of “negligence” of the parties involved; it would be something close to an already consolidated margin of error; "A previously forgiven sin"; await you for the violation.

Thus, in the case of signed agreements, although the parties are signatories, these “gaps” are somehow present. The constant need to relate to this rule of "carelessness", however, does not enable the State to use military force, established power or something like that, but impels it to a specific skill. This skill is a matter for diplomacy. Diplomacy would have a kind of gift for living soft and similar constraints, diligently interposing some postures. Diplomatic skill, in short, would be the appropriate mechanism to interact, to reconcile interests and regulate excesses, thus seeking a conformation, a negotiated adjustment.

Therefore, you ask me “What about the UN?” I answer you: It is very similar to Alice in Neverland.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

A new Diaspora

 

 

The Muslim people have always been under some kind of ultra-conservative leadership. This type of leadership has as its main characteristic religious fanaticism and, consequently, truculence and despotism. In the past 40 years, we have witnessed the dictatorship of Mohammad Reza Pahlavi and his successor Ayatollah Khomeini in Iran. With the outbreak of the Iran-Iraq war, we met Saddam Hussein in detail. In Libya, Muammar Al-Gaddafi took power. Recently, in 2011, we met Hosni Mubarak in Egypt. These and other "statesmen" have always led the Islamic people through internal struggles between Shiites and Sunnis.

With invasions and wars promoted by the United States and allies, we know Al-Qaeda, Hamas, the Taliban and, finally, the Islamic State. However, the Muslim people themselves, despite prohibitions, persecutions and prisons, never left their homeland to live in other countries where the laws, behaviors and principles are so different, in addition to religion, of course.

We noticed, however, that under the dictatorship of Bashar Al-Assad a new phenomenon is taking place. The Syrian government pursues, arrests, tortures and kills its opponents like any dictator. The question is why are the Muslim people leaving their country? Is it a new feature of the Muslim mentality? On the other hand, is there some hidden intention behind it? Persecution, hunger, torture have been noticed in other countries in the Muslim world, but we have never seen such a diaspora.

This seems to be a protocol similar to the Jewish diaspora; however, it obeys a strategy to invade, dominate, and subjugate Western culture, thought and religion. Globalization and the digital dimension cannot explain this phenomenon. The events in Cologne - Köln - Germany have turned out to be a symptom and can confirm my concerns. According to German authorities, it was a series of coordinated attacks. I can add that, not by chance, it happened on New Year's Eve, an important and festive date in Western culture. The most recent event - the arson at Notre Dame de Paris - can exemplify my theory, because it was a deliberate act, with the aim of attacking and destroying the religious pillars of Western culture. Coordinated attacks on Jewish synagogues corroborate this warning. I believe that the next and last war will not focus on economic and political issues, but will be an ideological war, where peoples will fight for cultural and religious domination.

An unsuspecting reader may accuse me of justifying a segregationist policy, but the intention of the text is to warn that among the refugees, there are affiliates to the Islamic State; their members have like aim to co-opt sympathizers and Muslim’s descendants around the world.


Aftereffects of colonialism

 

Unlike slaves, the Brazilian Indians, being on their own land, were hostile to the colonizers. Blacks, far from their lands, forced to live with other ethnic groups and with latent conflicts of origin, lacked solidarity among their own. This lack of unity initiated a loss of identity, which may explain passivity.

This passivity has become responsible not only for incorporating foreign cultures, but also for a dependence regarding to their colonizers. The colonial mentality was something assimilated, built, faceted. The racial miscegenation and, hence education was tasked to solidify such a feature. However, not only our passivity and our stubborn dependence on a foreign model became emblematic.

However, save for better opinion, it seems that this trend has been changing since the beginning of the last century, especially in the arts. Let us remember the "Art Week of 1922”, as well as the musical model that gave rise to "Bossa Nova". Although its roots emerged from samba, a rhythm inherited from blacks, with the mix of American jazz and blues with black roots, "Bossa Nova" was almost universally accepted. In the field of architecture, can be exemplified the works of Oscar Niemeyer; his creations became models for all students and connoisseurs of architecture.

Of course we still need some sort of tour de force for the turn aside of alien models, especially when assimilated spurious values ​​which very dismiss of our reality and circumstances. I believe, therefore, that the subservience so characteristic of Brazil will change. However, it should not be something in the short or medium term, because culture brings in itself the prerogative to influence other models as well as to let be influenced by them.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Credo quia absurdum est

“Acrescentou Deus: toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes que eu te mostrarei”.      Gênesis, 22:2

Deus prometera descendência a Abraão, contudo, Sara, mulher a princípio estéril, só experimentou a maternidade em idade avançada. E o único filho do casal agora seria imolado...

Disponho-me a observar o dilema de Abraão. Sacrificar o próprio filho! Se bem que, pode-se falar efetivamente em dilema? Parece-me que houve opção satisfatória; nada de conjuntura difícil; pelo contrário, teve lugar uma sábia decisão. E por que crer literalmente no referido relato? Não estaríamos diante de uma linguagem figurada, de uma simbologia arquetípica? Afinal, afigura-se-me algo como uma situação absurda! Mas o que é o absurdo? Aquilo que repugna a razão. E quem nos garante que a decisão foi pautada na razão? Podemos falar em sensatez, em circunspecção e prudência? Creio que não.

Bem, posta de lado a razão, voltemo-nos à questão moral (pode-se até mesmo falar em ética). Pergunto-vos: no tocante à decisão tomada por Abraão, houve preocupação com a moralidade, ou seja, justiça, correção, decência, honestidade, integridade, probidade? Estes valores vinculam-se à ética. Percebemos, por ventura, na referida narrativa bíblica a preocupação em seguir regras de conduta? Parece-me que não... Sim, a moralidade, bem como a Ética têm origens na razão. Ora, se deixada de lado a causa, desprestigiadas estão as consequências.

Neste momento, ainda em função da moral, alguém evoca o pecado. Lógico, a moral não ignora o pecado; se o fizesse seria conhecimento vão, seria sem fundamento, algo totalmente fútil. E paradoxalmente, quando a moral admite o pecado, reconhece-o fora de sua esfera. O que nos resta? A razão nos permite discorrer e demonstrar conhecimento sobre o palpável, sobre o mensurável, sobre o real. Não obstante, revela-se limitada no que tange aos objetos que transcendem aquilo que é manifesto, que é evidente. E como devemos nos portar em presença do transcendente? A razão mostra-se inapropriada. Poderíeis, talvez, falar em dever. Mas de que trata esse dever? Dever moral, evidentemente. No entanto, dever moral é o compromisso assumido de um Eu consigo mesmo e com mais ninguém, o que ainda implica moralidade.

Ficamos, consequentemente, diante da fé. E esta não se vincula à moral ou à razão. A fé é paixão, a mais alta paixão humana. A tão louvada razão é nada mais que mero recurso da própria paixão. Muitos são os seres humanos que, sequer, conseguem alcançar esta grandiosidade da paixão. Abraão alcançou-a!

Há, por certo, preocupação (ou seria especulação?) acerca do imo consciencial de Abraão. Todavia, afirmo-vos que ele não se mostrou acomodado. Tampouco houve resignação; ele não renunciou a Isaque. Em momento algum o pai mostrou-se distante de qualquer preocupação com o filho. Sim, sem dúvida, a angústia esteve presente. E Abraão manteve-se em silêncio. Embora digam que o silêncio é armadilha do demônio, ele é também a etapa onde o indivíduo torna-se consciente de sua ligação com a divindade. A falta de coragem pode tê-lo incomodado, mas a isto não se pode chamar de humildade. Sören Kierkegaard já o afirmara: “A coragem da fé é o único ato de humildade”. Precisamos desse ato para aproximarmo-nos de Deus. O mesmo Kierkegaard afirmara; “Amar a Deus com fé é refletir-se no próprio Deus”. A atitude de Abraão sugere a reverência e a honra demonstrada por uma obediência inquestionável; uma total confiança. Yahweh Yir’eh, “O Senhor proverá” expressa toda a confiança que Abraão tinha no Senhor.

Evitemos, portanto, eleger o intelecto como panaceia a toda mundivivência; nem sempre a razão, a moral, a ética ou o dever atendem às demandas do cotidiano. E quando as coisas se nos mostrarem “absurdas”? Atenhamo-nos à fé; a fé partilha de nosso dia-a-dia. Precisamos crer. Não temamos! Nada de humildade fabricada! Sejamos corajosos! E se perguntados por que credes, respondei simplesmente: Creio porque é absurdo!  


quinta-feira, 20 de maio de 2021

O Super-homem

 

Dentre aqueles que atentaram contra - e acreditam ter matado - Deus é contumaz o argumento de que uma enérgica crise de valores os tenha vitimado; acreditam com isso justificarem a sucedânea carência de fé. Contudo, a espontânea privação da fé, ou sua fragmentação, precedeu a dita crise de valores. Ora, a substituição de uma crença por outra (uma não crença), pressupõe a necessidade mesma da fé. Em nada atenua falar em decepções. Historicamente, os desapontamentos andam pari passu ao existir humano. Todavia, pergunto-me: não seria o desapontamento instrumento de potencialização da própria fé? Na verdade, seres humanos, de um modo geral, necessitam de tutela, de sentirem-se amparados por algo que lhes transcenda os restritos limites, ou seja, de um objeto de fé; na falta deste percebe-se a busca por paliativos.

Voltemo-nos, portanto, aos desapontamentos e a consequente busca por paliativos. Em virtude da decepção com antiquados mitos, novos foram criados e até hoje são cultuados; desiludiram-se com os heróis, pois muitos deles se lhes assemelhavam no tocante às imperfeições, às depravações; experimentaram o malogro com o Deus único, pois em pouco tempo este foi tornado ditador, rancoroso, vingativo pelos que dele se diziam representantes. Então iniciou-se o abandono do suprassensível. Desapontaram-se com a ciência que lhes prometera felicidade; veio o fracasso na política que se apresentara como panaceia. Na insana procura pelo amparo de um substituto, lançaram-se à ética, se bem que a emenda confirmou-se pior que o soneto, pois esta, confundida com o moralismo, deu início a uma perda gradativa de valores.

O que restou, afinal? O Eu eclodiu, avultou-se, exacerbou-se. A resposta foi a supervalorização do indivíduo. Friedrich Nietzsche a definiu como “Der Wille zur Macht”, a Vontade de Poder, a única força que deve mover o ser humano; toda ambição, esforço, realização deve objetivar o alcance da mais alta posição durante a existência. Eis o Super-homem! Nada obstante, parece-me que humanos, cujas ações “não mais causam espanto”, em face de torpe hermenêutica, resolveram passar por cima de tudo e todos para tornarem-se novos deuses, tão semelhantes Àquele que lhes foi apresentado pelos sacrílegos e que julgaram assassinar. O filósofo, no entanto, assim creio, não contava com o surgir de “lacradores”, com a busca desenfreada das pessoas por tornarem-se celebridades, com o advento das selfies, com o granjear de seguidores nas redes sociais.   

Se me perguntado fosse pelos apanágios do mundo atual, eu diria consternado: ambientes frívolos, relações superficiais, poderosos em excesso, famosos em demasia... Deuses não; semideuses: abundantes, de caracteres efêmeros, nem mesmo dignos de cultos transitórios. E eu, como poderia conceituar-me em meio a esta criação bizarra? Eu sou alguém para ser temido, um Super-homem, e não por ter atentado contra Deus, mas sim por ter em Deus meu único aliado. Deus é minha principal força motriz, minha vontade de poder, conquanto algo nada ambicioso. E àqueles que duvidam, declaro: I’ll be forever!

terça-feira, 18 de maio de 2021

Do espírito crítico

 

É bastante comum usar como argumento justificador da educação, independente se em escolas fundamentais, secundárias ou de terceiro grau, o desenvolvimento do espírito crítico. Todavia, a meu ver, o afamado espírito crítico tem como pressuposto certo grau de informação. O conhecimento seria, portanto, conditio sine qua non para a realização desta exigência pedagógica.

E como referi-me à pedagogia, lanço mão de uma ferramenta sobremodo eficaz no ensino-aprendizagem: vou desenvolver o conceito de crítica, valendo-me de sua raiz histórico-etimológica. Vejamos! Iniciarei pelo idioma grego, e mais especificamente pela medicina grega. Pois bem, a ciência grega que procura debelar ou atenuar os males, a medicina, busca antes de tudo pautar-se na natureza. O fato de estar doente manifesta apenas um desequilíbrio entre ser humano e natureza, a physis. Pois bem, pergunto-vos: qual o termo médico utilizado para nos referirmos a uma doença qualquer, ou seja, a um desequilíbrio? Patologia, isso é, o estudo das doenças. A palavra patologia tem sua origem no termo pathos, empregado na medicina grega para falar em excesso, sofrimento, ou seja, um desequilíbrio.  

E vós, creio que por mera curiosidade, perguntar-me-ás: E o que isso tem a ver com crítica? Continuo. Já a saber o que é uma doença, um pathos, pergunto-vos: E como as doenças se manifestam? Muito bem, bravo; todos vós respondestes: Através de sintomas! Curiosamente a palavra utilizada na medicina grega para designar sintoma é krisis, isto é, um desequilíbrio sensível, a fase decisiva de uma doença. Devo lembrar-vos da crise de amígdalas, das crises renais, etc. Então observo vossa insistência: E onde entra a crítica nesse estudo linguístico? Pois bem, a fazer-me célere, respondo-vos: Já identificamos a doença, o pathos, através de seus sintomas, krisis, falta-nos apenas o tratamento da mesma, ou seja, o reequilíbrio. A palavrinha grega seria crítica, kritiki, a prática médica que leva à prevenção. A crítica portanto, está ligada à análise, à prevenção, à capacidade de julgar.

Em face do exposto, posso afiançar-vos que a capacidade de atenuar males e reequilibrar disfunções exige conhecimento. Assim como o médico, que demanda vários e vastos saberes para promover curas, todos aqueles que se propõem a sanar “desequilíbrios sociais” devem procurar conhecer em profundidade a temática em questão, a deixar de lado, inclusive, as ideologias. Muito embora a apologia feita ao espírito crítico nas escolas e universidades, as instituições vinculadas à prática educacional não contemplam o conhecimento. A vida escolar/acadêmica preocupa-se sim em desenvolver o sentido figurado do conceito de crítica, ou seja, a opinião desfavorável, a censura, a condenação. Esse apequenar do conceito depõe contra o próprio conceito, que acaba maquiado por um manto de fofoca.

Doravante, portanto, tenhamos atitudes maturadas, responsáveis, consequentes; deixemos de lado o vício contraído no trato com comadres e seus fuxicos ornamentais. Empenhemo-nos no aprendizado, no assimilar os mais variados saberes. Alguém, certa feita, declarou: “O saber não ocupa lugar!” Não mais exerçamos esta atípica “medicina ilegal” recheada de intrigas. Sejamos sóbrios em nossas apreciações, em nossas análises. E Ludwig Wittgenstein vem corroborar todo meu empenho: “A crítica pressupõe conhecimento”.  

segunda-feira, 17 de maio de 2021

De volta à Matrix

 

A engenharia social parece-me ter atingido seu apogeu. Na verdade, descaracterizou-se. O Demiurgo antiplatônico, mais conhecido por NOM - Nova Ordem Mundial - não manifesta qualquer escrúpulo, haja vista valer-se de ideologias, ciências e abundantes vícios para atingir seus desideratos. A pandemia está aí, originada em ambiente militar comunista, disseminada não só pelo vírus laboratorial, mas pelo aparelhamento esquerdista que pervade desde a ONU, passa por confrarias maçônicas e chega às bancadas e cenários midiáticos. Todavia Matrix pretende negar o ensaio de guerra biológica. Pergunto-vos: Por quanto tempo?

As pessoas em geral, não íntimas ou partícipes de minhas relações, até porque não as tenho, dizem-me ingênuo, uma ingenuidade que toca ao ridículo. Mas faço-me crente exatamente por não crer em realidades forjadas. Por que perder tempo em discutir o irreal? O irreal criado, até porque se fosse real careceria de criação, contudo, já revela excessos e precisa ser detido. Mas como, se a excêntrica caverna, em seu característico ambiente, é pródiga em artifícios para perpetuar-se? A cada dia que passa, programadas distopias difundem efêmeros modismos, a excentricidade de paladares, beberagens e drogas extasiantes, promessas de extensa felicidade e ilimitadas liberdades... O irreal, para melhor nos governar, constrói discursos que contemplam mais o indivíduo do que o Estado.

Consigo perceber ainda, o denominador comum existente entre mídia e política: à propaganda associam-se projetos de leis. A mídia esboça os primeiros rudimentos de uma insólita tônica comportamental. Reações surgem; são convocados “especialistas” para discorrerem sobre o inusitado. Os debates, na verdade uma farsa dialética, só servem para popularizar o desmando. Então os projetos políticos, apoiados na falácia verborrágica, selam o novo comportamento. As informações midiáticas não têm preocupação com o conhecimento, apenas introjetam e potencializam valores. Políticos não objetivam quaisquer bem-estares, pois já que igualmente manipulados, defendem interesses outros.

Preciso retornar à Matrix! Mas, dizei-me: Como - pelo menos - coibir seus excessos? De que modo destituir Matrix de sua posição de destaque? Como anulá-la enquanto ferramenta e veículo manipulador? Ocorre-me, salvo melhor juízo, mister a criação de uma irrealidade no interior da irrealidade existente. Faz-se necessário, a princípio, uma coexistência; nada de movimentos ou símiles de revoluções proletárias. Seria algo como um epifenômeno, uma co-irrealidade. Afinal, a negação de uma negação é uma afirmação. E como seria este novo “modus operandi”? Simples! Lancemos mão dos mesmos recursos de Matrix: a farsa, a dissimulação, a falta de escrúpulos, o cinismo... Desempenhemos nosso viés dramatúrgico; mostremos uma humildade rota, uma ingenuidade ofensiva. Exibamos o ridículo, a risibilidade em toda a sua dimensão; façamo-nos merecedor de escárnio, de zombaria. Mostremo-nos insignificantes. A pensar que detém total domínio, o novo Demiurgo não perceberá o sarcasmo. E o sarcasmo será a origem de nossa liberdade!  

domingo, 16 de maio de 2021

Eu, o anti-herói

 

Chuva, pandemia, pandemônio... sexta-feira. Meu nome? Não vem ao caso. Se pudesse (posso?) chamar-me-ia Antônio. Sim, eu seria inestimável; estaria acima de qualquer estima. Se bem que... talvez fosse melhor Luís, eu seria então um combatente glorioso. Contudo, não abriria mão de certo detalhe: meu sobrenome deveria ser Saavedra; não interessa se por parte de mãe ou de pai. Em verdade vos digo que não passo de personagem; um não cavaleiro de triste figura. Explico-me: tentaram fazer de mim um amálgama de situações condicionais, buscaram calar minha independência. Por que não dizer o fruto resultante de enxertos com restrições acidentais? Fato é que intentaram fazer-me mais uma vítima de levianas manipulações comportamentais; diligenciaram direcionar minhas opiniões. E como justificar-me? Não, não se trata de humildade. Neguei-me à espiral do silêncio. Eu simplesmente já não temo o ridículo, pois busco verdades. Livre? Sou, e como o sou! Exatamente porque ando lado a lado com a verdade. E os cínicos indagam: o que é verdade? Pela ótica da engenharia social tudo está relativizado, principalmente a verdade. E essa relativização lhes é benfazeja.

Todavia debato-me, não silencio; no máximo faço-me mouco. O fato de ser ridicularizado empresta-me notoriedade; não que eu a busque, mas por tornar-me fonte de incômodo aos cínicos que contra mim deblateram. Faço-me rude, escarneço, debico. Muito embora ciente do desemprego, a crise econômica criada por obscuro experimento (ensaio furtivo de uma guerra biológica), permito-me sorrir do Lockdown (seria um quase sorriso, talvez uma irrisão). Sim, as ruas desertas, os combustíveis caros. Fique em casa! (isso repetido à exaustão). Muitos dos governantes, coitados, acoitados por um judiciário decadente, a julgarem-se exímios ditadores, não conseguem perceber que são também peças de reposição da mesma engenharia social. Meu sorriso agora é largo. Pensando bem, reconheço-me como anti-herói; anti-heróis, em essência, prodigalizam mais heroísmo do que os heróis clichês. E no papel de um não cavaleiro da triste figura, não obstante a chuva, lanço-me no quintal a lavar roupas e cantarolar o verdadeiro Luiz, o de origem diversa, o Luiz Melodia. “Lava roupa todo dia, que agonia, na quebrada da soleira, que chovia...” Se bem que não há agonia. A agonia é dialeticidade, seria o anticinismo, algo assim como uma ética do faz de conta.    

terça-feira, 4 de maio de 2021

Inconsequências e coincidências

 

O ano é 2023, fins de setembro mais exatamente. Um primeiro caso no estado de São Paulo, capital. Profissional de saúde, funcionário do estado, encontrado morto em seu leito. Em decúbito dorsal, corpo tenso, olhar aterrorizado, a exibir uma pele esverdeada, coberta de algo parecido com escamas. A rigidez cadavérica reclama a atenção dos que colocam o corpo no carro funerário; parece uma tora de madeira. O que seria? Outro tipo de doença? As perguntas avultavam-se. A autópsia demorou dias. A origem de tudo estava no sangue que coagulara. Um vírus circulante na corrente sanguínea encarregara-se de tudo. Exames e exames foram realizados. Sim, algo fora inoculado no sangue daquele cidadão. Mas o quê? Dias e mais dias para chegar-se a um resultado. O único componente presente nos diversos exames, que não se encaixavam no que se entende por normalidade, compunha a vacina Coronavac, administrada há quase dois anos na população. Outros casos surgiram: mesmo modo, mesmas características.

Muito embora a tentativa de comicidade no parágrafo anterior, disponho-me a alertar-vos de que as vacinas usadas até o momento são apenas profiláticas; elas simplesmente estimulam o contato, haja vista a presença de partículas semelhantes ao vírus ou virus-like particles (VLP). Os ditos fármacos administrados no combate ao Covi19 não contém o DNA viral; não são terapêuticos; não controlam as infecções crônicas ou doenças degenerativas instaladas no indivíduo.

Bem, e como tenho em minha personalidade a incontrolável faceta de observar coincidências, aqui vai mais uma: apesar do caos instalado no orbe terrestre, seja de ordem sanitária ou econômica, a China continua a apresentar superávit em seu PIB; sua economia cresceu e muitos empregos foram criados. Mas não deixemos de lado certo acontecimento simultâneo: apesar das numerosas populações, China e Rússia revelaram-se como grandes fornecedores de vacinas aos demais países do mundo. Curiosidade: ambos comunistas e de governos ditatoriais. 

Os países que dizem esbanjar democracia e nela apoiar não só sua economia, mas também as relações internacionais, o estado de direito, a justiça e o discurso fastidioso que dissipa “liberdade”, tornaram-se alvos de chacota, fontes de achincalhe para comunistas, socialistas, bolivarianos, etc. Percebei: o ridículo não reside apenas na oratória afetada, mas também na hipocrisia de projetos irrealizáveis, falaciosos.

É chegada a hora, portanto, de revisitarmos o que seja democracia!