quinta-feira, 31 de março de 2022

Herr Alexandre von Moraes

 

Diz-se que o termo Pogrom tem múltiplos significados. Dentre estes, perseguição deliberada a grupo étnico ou religioso, isto é, aos judeus. Em russo, significa causar estragos, promover destruição violenta; na verdade ataques à população. Em geral, podemos subentender o substantivo Pogrom como movimento popular violento dirigido à comunidade com o beneplácito das autoridades. Ora, o citado movimento está mais que evidenciado nas agressões, perseguições e calúnias dirigidas ao Chefe do Executivo e a seus colaboradores. Já as autoridades alinhadas ao movimento - com ele corroboram - reúnem-se sob a égide de certa instituição que tem por sigla STF.

Mas Alexandre de Moraes vai mais longe: ele apenas usa os interesses da esquerda; sua fidelidade é com o crime organizado. Ele quer o poder; ele quer governar. E para isso põe em prática algo similar a um Pogrom: ele persegue, ele desacata, ele insulta, desmoraliza, humilha, manda prender... E, para alcançar deu desiderato, rasga a Constituição que diz defender. Semelhante a Hitler, a Goebbels, Goering, Josef Mengele, Adolf Eichmann, ele persegue não só judeus, mas a qualquer um que divirja de seu pensar e possa criar obstáculos a seus anelos ditatoriais.

Diz-se que a desgraça nunca vem sozinha; como se nada mais bastasse, o Brasil tem agora seu próprio Führer.    


sábado, 26 de março de 2022

Doce veneno

 

Comecemos por discorrer sobre a contracultura e seus movimentos. É bom lembrar que a contracultura, em si, é um movimento que nega a cultura (o status quo), pois tem por escopo quebrar tabus e superar normas e padrões que determinam qualquer sociedade. Por sucedâneo, surgiram movimentos ad hoc, que ficaram conhecidos como: Beatniks, Hippie, Punk e Anarquista. Todavia, assim o dizem, o fator que teria dado lugar ao surgimento da Contracultura - ainda nos anos 50 - seria a Guerra Fria. Sim, o mundo do pós-guerra mostrou-se dividido. O que os seres humanos, enfim, poderiam esperar deste novo “ambiente”? A incerteza, a insegurança e a efemeridade passaram a fazer parte do cotidiano.

Em face desta nova realidade, como tratar a questão cultural? Bem, a cultura desempenha papel marcante em toda a sociedade. Ora, em havendo declínio cultural, observar-se-á, ipso facto, declínio educacional, o que dará ensejo à alienação. Então vos pergunto: A quem mais interessa a alienação de toda uma sociedade? Lógico! A toda uma classe de manipuladores. Observai com acurácia e percebereis claramente a alienação imposta. A alienação não só manipula, mas também monopoliza. Os veículos, a serviço de manipuladores, selecionam e editam o que deve ou não ser difundido. Máximas e chavões são repetidos à exaustão; as músicas e os ritmos são sempre os mesmos; temáticas e comportamentos insólitos são abordados com constância e recebem o “respaldo de especialistas”. Reclamo vossa atenção para detalhe no mínimo curioso: A mídia sempre encontra especialistas no inusual. 

Bem, tendo em vista a abrangência da temática, não distingo melhor opção senão limitá-la. Logo, dentro do panorama cultural, voltemo-nos às artes e mais especificamente à música. Vejamos! Acima, discorri acerca da contracultura, bem como de sua possível origem no pós-guerra, contudo, longe de fazer um mea culpa e retirar do imputável a responsabilidade pela manipulação, devo ressaltar que o grande Platão já nos alertara no observar o tipo de música a receber incentivo por parte dos governantes; existem boas e más harmonias, bons e maus ritmos. E o que o filósofo, exatamente, queria nos dizer? Não, nada de movimento próximo a uma contracultura rudimentar. Simples: com a cultura a desempenhar papel fundamental na sociedade, a alienação pode vir a atender expectativas diversas.

Convido a vos ater na patente agressividade do mundo hodierno. Por que essa característica parece estar a recrudescer em toda a sociedade humana?  Que ritmos estão a ser veiculados na contemporaneidade? Assim como o “efeito Mozart” pode atuar de modo benéfico no cérebro, tornar seres humanos mais inteligentes e até mesmo auxiliar no desenvolvimento cognitivo em bebês, outros ritmos e melodias podem provocar resultados contrários. A música estimula o humor, influencia comportamentos e promove sentimentos, tais com: raiva, hostilidade, tristeza, medo, aversão, alegria, confiança, amor, compaixão, empatia, etc. Os adolescentes precisam da boa música, pois esta proporciona disciplina, um melhor foco e concentração, o que os afastaria do envolvimento em crimes e do uso das drogas.

Está evidente que defendo uma semântica musical, e o faço a partir de seus componentes. A melodia, com sua sequência de sons, deve primar por um todo harmônico. A harmonia, por sua vez, deve buscar promover o prazer, o agradável aos ouvidos (não estou a me referir ao modismo dos apelos emotivos chamado sofrência). O ritmo, presença marcante em nosso ser desde tenra idade, vem corroborar a declaração de Arquimedes: “Tudo na natureza manifesta uma relação matemática”. Nossa vida é marcada pelo ritmo, haja vista os batimentos cardíacos. O ritmo, portanto, deve regular a sucessão de tempos fortes e fracos, bem como intensidade e cadência.  

Voltemo-nos às canções: música e poesia em consonância. Em se vinculando à poesia, a agora canção deve exigir métrica e rima em versos estruturados e harmoniosos, de modo a comover e despertar sentimentos positivos.  Faz-se mister frisar que nosso cérebro coordena os sons e a partir deles cria um sistema de signos capazes de provocar prazer, sofrimento, alegria, dor, medo, amor, raiva, etc. A música, assim como a canção, tem capacidade de atingir o mais recôndito do ser humano, podendo afeiçoá-lo para o bem ou para o mal. A educação musical pode abrandar irascíveis, afastar vícios e despertar virtudes.

Bem, a vós outros, motivados por doutrinas ideológicas, alienados talvez por diletantismo, ou ainda imersos em programada ignorância, que porventura defendeis não mais um movimento de contracultura, mas uma guerra cultural, cuja finalidade específica é destruir e/ou ridicularizar a arte e os valores conservadores, trago um esclarecimento: a beleza não é relativa, e por mais que incomode aos “donos” do poder, ela está presente na harmonia das proporções. Não permitais que a arte, a música em particular, seja transformada em toxina social, onde o romancear poderia chamá-la doce veneno.  Parece-me, salvo melhor engano, que os que exteriorizam uma percepção distorcida da realidade e, consequentemente, padrões estéticos deturpados, os ideólogos deste movimento - a guerra cultural -, apenas mascaram uma não conformação, na verdade, a revolta contra as próprias limitações. Lamento, mas só consigo vislumbrar a simples manifestação do fracasso travestido de inconformismo.

quinta-feira, 24 de março de 2022

As três irmãs

 

Abri os olhos. O entorno pareceu-me estranho... imagens enevoadas, pardacentas... Senti-me ainda dormente; uma espécie de transe. Eu... ainda letárgico? Como sabê-lo? Aquela vigília soava-me falsa, engendrada. Um canto monofônico teve início de modo quase imperceptível e, aos poucos, foi-se tornando mais e mais audível. Eram frases tristes com entonação melancólica. Alguns vultos, então, começaram por tomar forma. Divulgo um casal: homem forte, musculoso e de olhar penetrante, a mulher pareceu-me bela, mas a venda em seus olhos disfarçava a ablepsia. O casal aproximou-se e deu-se a conhecer: Zeus e Têmis. Sim, eu estava diante do Poder que, ao assimilar Conhecimento, manifesta espontaneamente Sabedoria. Em segundas núpcias, desposara sua irmã, a Justiça. Então o homem falou com voz possante: - “Tu, que tanto buscas conhecer os mistérios da vida; que muito te empenhas em deter o conhecimento, despertaste nosso interesse. Portanto, vou deixar-te com minhas filhas”.

Dito isso, o casal desfez-se no ar, a dar-me ensejo de observar três novos vultos. Eram três mulheres, três irmãs ligadas a fios e teares. A cena sugeria tratar-se de excelentes tecelãs. Mas como descrevê-las? Não o saberia... esteticamente ninguém poderia chamar-lhes belas. Eu as vi extremamente magras, pálidas, deselegantes.  A paisagem lúgubre combinava com a música fúnebre. Muito compenetradas no exercer de suas funções, não tinham o menor compromisso com a simpatia. Uma a uma, no entanto, fez-se próxima a mim. A que me pareceu mais jovem apresentou-se: Κλωθώ (Clotó), mas permitiu-me chamá-la Luzia, a que traz os seres à luz, a encarregada de tecer o fio da vida, a responsável pelos nascimentos e partos. 

A irmã seguinte encontrou-me ainda pasmo; fora dominado por enorme assombro. Na verdade, eu vagava entre o surpreso e o maravilhado, entre o espanto e a consternação. Talvez, por saber-me tolo ou momentaneamente aparvalhado, a moira esforçou-se por ser acessível. Disse chamar-se Γάχεσις - Láquesis. Contudo, até por conta de minha patente confusão, autorizou-me nomeá-la Beatriz. Sim, era ela quem controlava os destinos através de seu tear. Todavia, aquela função em nada deveria sugerir “destinos previamente traçado”.  Sim, os livres-arbítrios interferiam totalmente no desempenho dos teares comandados por Beatriz; ela apenas organizava os eventos de acordo com os valores e volições de cada um. A parca ainda acrescentou que sorte é nada mais que a combinação de circunstâncias positivas ou negativas emanadas por determinações individuais. 

Por fim, a última irmã, a mais velha. De todas, aquela que se me revelou a mais repreensível, esquiva. Olhou-me com olhos semimortos, vagos, inexpressivos. Sua voz era rouca, quase um sussurro. A aparência da moira provocava-me calafrios; ela manifestava desamor, indiferença... Após encarar-me por alguns instantes, revelou-me seu nome: Ατροπος - Átropos. Sim, essa eu conhecia; sua fama a precedia. Era Aisa, a inflexível, a inexorável, a responsável por cortar os fios da vida. Aisa representava a morte, ela retratava o inevitável. Sua irmã Beatriz a informava do desenvolvimento de alguns fios e ela, então, encarregava-se de pôr fim ao curso dos teares.

Inobstante o desagradável contato com as moiras, as apresentações e breves diálogos mostraram-se bastante fecundos, pois permitiu-me entender vida e morte como correlativos necessários. Luzia, uma primeira maia (parteira), ou o nascer, marca o início de um traçado que por certo terá fim. Beatriz apenas reflete o empenho, ela administra a determinação e os valores individuais que pautam toda e qualquer existência; destinos são construídos em função das volições e destes valores. Aisa, a mais velha, apesar da patente antipatia, vem apenas mostrar a inevitabilidade da morte. Tratamos a morte como anátema por supervalorizarmos a vida. Talvez, a forte aversão que Aisa demonstre ter por nós resida, exatamente, no fato de encaramos a morte como castigo, como punição. 

A imagem das irmãs enevoou-se, se bem que o ambiente, ainda imerso em brumas, continuasse a refletir mistério. Pensei ouvir sons, luzes, pensamentos; pensei em calar certezas nunca absolutas; pensei em fugir para meu inescrutável imo. Foram-se as imagens de deuses a confundir-me de modo acurado. Pergunto-me: o quanto é capaz o pensamento? E ainda: a busca pelo conhecer pode ser responsabilizado pelas exaltações de espírito? Experimento um certo abatimento quando deveria saber-me realizado... Perguntas assomam-me o planear da vida: estaria próximo meu reencontro cm Aisa? Seria curiosidade ou temor?

domingo, 20 de março de 2022

Licitum est iniustum (A licitude do ilícito)

 

Eu poderia iniciar este tema a discorrer sobre anarquia, muito embora reconhecer a existência da autoridade... se bem que, as autoridades, de um modo geral, pelo menos em nosso atual contexto, demonstrem bastante empenho por fazerem-se ausentes. Há, e de modo patente, uma falta de direção, de rumo, de objetividade. Percebe-se, sem muito esforço, a desordem; e quando se tenta pôr ordem na desordem, torna-se evidente o conflito. De modo sucinto eu poderia declarar que - pelo menos é o que transparece - a tentativa de seguir a lei conduz à ilegalidade.

As já afamadas “Audiências de Custódia” revelam-se, pelo menos do ponto de vista vocabular e hermenêutico, uma farsa. O termo custódia associa-se à guarda, à detenção, à proteção. Este ato do Direito Processual Penal tem por escopo avaliar tão somente as eventuais ilegalidades da prisão; não cabe ao juiz analisar o mérito ou colher provas acerca do suposto crime. Então pergunta-se: Por que o benefício de responder em liberdade, em se tratando de criminosos conhecidos, de traficantes e assassinos contumazes, presos após extensas investigações? Seriam nossos policiais tão despreparados a ponto de cometerem tantos deslizes no momento de realizarem uma prisão?   

Atentai meritíssimos: não são raras as notícias de elementos presos em virtude de cometerem estupros, roubos, assassinatos, tráfico de drogas, etc., e todos estes a exibirem os fashion penal ornaments, (ornamentos penais da moda) isto é, as tornozeleiras eletrônicas. O viciado em drogas volta a roubar e agredir para sustentar o vício, muito embora o uso da tornozeleira; o homem, reconhecido agressor de mulheres, continua a dar azo a seus desmandos psicopáticos, mesmo em face de uma tornozeleira eletrônica. O que será necessário para que nossos magistrados e legisladores entendam, definitivamente, que o recurso penal tecnológico, bem como uso do mesmo, mostra-se ineficaz?

Embora, relutante, não posso me furtar a comentar algo ainda mais grave: o envolvimento de Ministros do Supremo Tribunal Federal em decisões e também em expedir Habeas Corpus. Nossa Suprema Corte, agora enfeitiçada pela ideologia de esquerda, há muito abandonou o compromisso em atender à Constituição. Infelizmente, os pareceres e decisões veem impregnados de interesses outros, e que revelam em seus argumentos o fazer tendencioso de um partido político. Não é raro nossa Corte Constitucional assumir o status de um estado policialesco, a brincar de polícia, e por outro lado, antagonicamente, a expedir Habeas Corpus e anular julgamentos em prol de eméritos bandidos; o argumento, ou melhor, a desculpa é sempre a mesma: “questões técnicas”.  

Bem, não tenho bola de cristal, não sou adepto das pedras runas, búzios, nada de cartomancia ou quiromancia, mas as consequências desta sofrível e condenável ideologização do direito já se fazem presentes. Tem aumentado sobremaneira o número de pessoas que reagem a assaltos; é quase rotineiro a população se unir para realizar linchamentos. Quereis saber porquê? Em face da patente insegurança jurídica, os cidadãos já não mais creem nas autoridades e nas leis; as pessoas pretendem fazer justiça com as próprias mãos. Mas estas - as pessoas - certamente, se presas e presentes a uma Audiência de Custódia, não terão o benefício de responderem em liberdade, pois serão taxadas de nocivas à sociedade e atentar contra o Estado de Direito. Meu diagnóstico? Estamos diante da licitude do ilícito.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Desmandos da coloquialidade

 

Não mais me surpreende o linguajar utilizado em nossa sociedade. Parece-me, salvo melhor juízo, que nossa linguagem foi infectada por uma espécie de indiferença; algo instituído e protocolarmente estimulado. Estou ciente de que alguns chamar-me-ão preconceituoso e tentarão tornar plausível o desregramento dizendo-o um sotaque regionalista; outros, além de batizar-me com o predicativo “purista” (seria isso uma ofensa?), justificarão os excessos a discorrer sobre uma linguagem coloquial. Todavia, posso vos afiançar que não estou a falar de sotaques e/ou discursos informais.  

Mas, enfim, de que se trata? De início - e aqui arrisco-me sobremaneira - receio que o mesmo espírito imbuído em fazer do “jeitinho brasileiro” algo cultural, é responsável pela indisciplina verificada em nosso linguajar. A coisa atingiu tal patamar que os tropeços na ortoépia e prosódia são vistos como regionalismos. As silabadas conquistaram seus lugares ao Sol e têm até seguidores. Alunos e alunas de nível superior, até mesmo os já detentores de títulos acadêmicos, fazem uso de verbos no infinitivo sem pronunciarem a letra R no final. E para rematar, transformam os verbos no infinitivo em palavras oxítonas, o que vem alterar o sentido da oração.  

 Outrossim, gostaria de que ficasse evidente não se tratar de um apelo à utilização constante da norma culta. Apenas a fazer uso do bom senso, ficamos cientes de que ocasiões há em que regras e padrões linguísticos são imprescindíveis. Então, tendo como supedâneo recursos pragmáticos (minha didática particular) passo a vos relatar exemplos em que a linguagem oral está de tal modo viciada que parece até mesmo ter contaminado a linguagem escrita; tais causos poderiam ser classificadas como risíveis. Vamos a eles!

Certa feita, ao volante de meu automóvel, parado por conta da cor vermelha do semáforo, pude observar um adesivo colado ao vidro traseiro do carro imediatamente à minha frente. O motorista deveria ser uma daquelas vítimas midiáticas, pois fazia questão de corroborar a “cautela” de um certo terrorismo pandêmico. E o adesivo informava em letras vermelhas: “Me vacinei!” Lamentei deveras. Lamentei pelo fato da frase ter começado com um pronome oblíquo, o que revela total desconhecimento do idioma; lamentei também porque se a pessoa tivesse conhecimento da língua, certamente não teria tomado a vacina.

Em outro momento, recebi certa mensagem pelo WhatsApp. Uma coisa consegui aprender: quando a notícia vem de encontro às nossas aspirações ela tem grandes chances de ser falsa. Então ponho-me a observar detalhes. O título: “Se prepare pra guerra!” E lá está o pronome Se a iniciar a oração. Errado! A frase correta seria: “Prepare-se para a guerra!” Sim, eis o pronome reflexivo utilizado de maneira correta. O despreparo na língua pode, inclusive, conduzir despreparados à guerra. Bem, por uma questão de elegância, eu condenaria igualmente o uso da preposição para (pra - contraída).

Para finalizar, o que deve ser com chave de ouro, eu cito a propaganda de certa instituição de ensino superior veiculada na TV. Duas jovens entram em cena e declamam - melhor dizer: Lá vem bomba! “A gente se juntou pra criar algo inédito pra você entrar na faculdade”. Recordo-me dos personagens de Friends: - “Oh my God”. Não, não é pela aversão que nutro pelas jovens, mas pela linguajar esdrúxulo utilizado para se atrair possíveis alunos para a dita instituição. Em face de semelhante português, pergunto-vos: Como levar a sério tal faculdade? A locução a gente (o grifo é meu), que corresponde ao pronome pessoal nós e gramaticalmente a terceira pessoa do singular, foi sabiamente utilizada pela Banda Ultraje a Rigor. “Inútil, a gente somos inútil!” O refrão parece confirmar minhas suspeitas: A locução é, de fato, inútil. Isso sem falar na contração da preposição “Pra” e na omissão da letra R nos verbos no infinitivo.

Bem, ficam aqui minhas condolências a vós que perdestes ou perdereis tempo em desacreditar-me. E como não guardo rancor, estai atentos à dica: “Arrasta pra cima e brilha!”

segunda-feira, 7 de março de 2022

A arte da maquinação ou o conluio em sua mais alta manifestação

 

Comecemos pelos fatos: Por que o interesse da Otan em admitir a Ucrânia como membro? Isolar a Rússia? Ora, a OTAN teve como justificativa a existência da guerra fria. Mas a guerra fria acabou, ou não? Porventura Putin ficaria inerte ao ver os Estados Unidos instalar suas bases no país vizinho? Ou já existe “algo a mais” instalado na Ucrânia? Rússia ataca a Ucrânia. Por que os ataques se mostram não concentrados? Por que não tomar de vez as usinas nucleares? Por que a preocupação com as redes de informações? Por que os ataques de hackers em paralelo? Por que a mídia corporativa está tão preocupada em fazer de Putin e os russos assassinos e de Zelensky e ucranianos vítimas, heróis? Assim com fomos bombardeados diuturnamente com informes sobre a pandemia terrorista, agora o somos com boletins sobre a guerra.

Trump mostrou-se alinhado a Putin; Trump foi ameaçado com impeachment, foi vítima de denúncias caluniosas e deixou de ser reeleito num processo eleitoral duvidoso. Bolsonaro sempre foi alinhado a Trump. Dias antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, Bolsonaro esteve em visita a Putin. A recepção a Bolsonaro foi diferenciada. Bolsonaro seria mais um alinhado a Putin? Trump, Putin e Bolsonaro assimilaram alguns adjetivos do tipo: loucos, ditadores, fascistas, etc. Já percebestes que as críticas a Bolsonaro diminuíram consideravelmente? (As críticas agora quase inexistem por parte da mídia). Putin vem a público declarar que exportações de insumos necessários à agricultura estão suspensos, exceto para o Brasil. A mídia fez questão de divulgar tal declaração. Por que?

Estamos próximos de uma eleição. Um universo paralelo está sendo criado para que o mundo tenha opinião errada do Brasil e dos brasileiros. O intuito é retirar a direita do poder. Foi assim com Trump. Não há interesse por parte da NOM, o Deep State e da Maçonaria ter um representante da direita no poder; o pensamento conservador não admitiria o governo único. Já são 27 nações a compor a Comunidade Europeia, ou seja, um bloco econômico e político. Dentre estes 27, estão quase todos os países que fizeram parte da extinta União Soviética. A Ucrânia seria a exceção. Ao fazer de Putin um carrasco assassino e alinhado a Bolsonaro, a mídia corporativa demoniza o próprio Bolsonaro. Os supostos - insinuações - “crimes de guerra” cometidos por Putin voltar-se-ão contra Bolsonaro; a grande mídia encarregar-se-á disso.

No Brasil, Arthur do Val, deputado estadual pelo Estado de São Paulo, foi passear na Ucrânia em meio ao bombardeio (deixemos a pandemia de lado). Por que? De início falou-se em fazer parte da “estratégia” de campanha ao governo do Estado. De fato? Não, Arthur do Val cometeu suicídio político (assistido), pois divulgou comentários sexistas e preconceituosos acerca das militares ucranianas. Pela vez primeira, e em uníssono, eu ouço todas as vozes exigirem punição para um dos seus. (E ainda dizem que a unanimidade não existe). O presidente da Câmara dos Deputados de São Paulo, o Podemos, partido ao qual ele é filiado, os colegas deputados, a OAB, os demais partidos políticos, ministros do governo, membros do Executivo, o Presidente da República, autoridades civis, a mídia, etc. querem defenestrar Mamãe Falei. A propósito, o partido de Arthur do Val é o mesmo de Sérgio Moro, outro candidato à presidência nas eleições vindouras e um desafeto da esquerda.  

Gente, por favor, ajudai-me! Tenho pavor de coincidências; estou cansado da simultaneidade de acontecimentos. Creio que a mídia, os maçons, o Deep State assimilaram (ou inspiraram) Joseph Goebbels: “Uma mentira contada uma infinidade de vezes transforma-se em verdade”.

domingo, 6 de março de 2022

As flores e o beija-flor

 

Eis uma outra história a envolver a flor e o beija-flor. No entanto, algumas especificidades acerca dos personagens devem ser apresentadas a título de ambientação. O pássaro em questão, por exemplo, vê-se liberto de qualquer figura lendária, bem como alienado de significados metafísicos. A flor, por sua vez, revela-se nada sedutora, algo caprichosa e carente de néctar. Então, de repente, não mais que de repente, desponta um primeiro questionamento: Será que, em face de tais características, poder-se-ia ainda falar de amor? Vejamos!

E lá está o beija-flor a vagar entre as flores do bem tratado jardim. Aquele revolutear, além de irrequieto, parece-me manifestar algo de inconsequência; há também um quê de arrogância, haja vista o pássaro entender que as flores teriam o “dever” de entregar-lhe o néctar. Não, dirá o astuto Bem-te-vi, colher o néctar é apenas uma expectativa de direito, não um direito. Mas o adejar contínuo da ave vem corroborar o servilismo de grande parte das flores. São elas Hibiscos, Brincos-de-princesa, Tajetes, Lantanas...

Nota importante: não somente seres humanos deparam-se com imprevistos. Sim, durante o irresponsável esvoaçar, certa imagem reclama a atenção do ariramba: uma Dactylis Glomerata, o exemplar da anemofilia.  O cuitelo pousa, volta o pescoço e busca pensar: “Por que aquela flor? Sua cor não é vermelha, nem mesmo alaranjada... aquilo parece uma erva”. Bate as asas, aproxima-se e torna a pousar. Experimenta contato e murmura: “Folhas ásperas, indiferentes. Que absurdo!” Pensou na sensibilidade da Mimosa Pudica. Num misto de revolta permitiu-se irritar: “Aquele exemplar não precisava dele para polinizar; preferia o contato com o vento em detrimento ao partilhar de sua elegância e cores”. Todavia, algo ali o atraía. Mas, o que?

Ainda a questionar-se alçou voo, passeou, “beijou” algumas Lantanas e experimentou o suave sabor do néctar. Muito embora satisfazer a natureza, entre adejares e pousos para descanso, a anemófila não lhe saia da mente. Refugiado em alto ramo de um fanerógamo qualquer, livre do assédio ou ataque de predadores, pôs-se a pensar: Que sentimento seria este? Ele sempre amou as plantas, pois elas sempre lhe forneceram o melhor de si. Este fora o amor que até então conhecera: uma espécie de interdependência. Não? Enganara-se? Fechou os pequeníssimos olhos e a Dactylis Glomerata surgiu a sua frente. Sim, aquela primavera viera trazer-lhe ensinamentos na fase outonal da vida. Nada se extrai do ser amado; amor se experiencia. O amor é imprevisibilidade, amor é independência, amor é liberdade!  

sábado, 5 de março de 2022

A era dos Acromáticos

 

Numa total oposição à infância, quando a música clássica era apreciada em volume moderado, vivenciei, na adolescência, um tal de Rock and Roll. Sim, era o estridular de guitarras, os compassos vincados por vibrantes baterias e a harmonia partilhada com imoderados contrabaixos eletrônicos. Mais tarde, num preito à incerteza, a internar-me nas praças de máquinas de navios, desfrutei amplamente dos ruídos naturalmente amplificados pelos motores de combustão interna. Creio que por conta de atípica autopreservação, passei, notadamente, a evitar fragores ou até mesmo os menores bulícios. Recordo-me que, em certas ocasiões, deleitava-me a auscultar o silêncio. O zumbido, assim o dizem, seria a percepção do som na ausência do mesmo. 

Bem, o silêncio absoluto não existe (pelo menos é o que dizem). Eis-me, então, algo próximo de um aventureiro, alguém empenhado em descobrir e cultuar o silêncio total. Mas... Ledo engano! A vida traça seus próprios caminhos. O mundo atual encheu-se de novos ruídos; as pessoas parecem gostar do alvoroço, da gritaria. Pelo menos a música moderna assim o comprova; há um culto ao estrépito, ao tumulto, ao estardalhaço. Nas grandes cidades, aves canoras, fonte ímpar de enriquecimento espiritual, em sinal de protesto, optaram por calar-se. Os aparelhos utilizados para reproduzir a música do momento esbanjam decibéis. Nos bares e restaurantes a música ambiente sobeja e agride tímpanos, martelos, bigornas e estribos. Nas conversas informais parece haver um encômio à bulha. Neste exato momento passa uma motocicleta sob minha janela: o espalhafato dos motores à explosão.

Não obstante, passado algum tempo e a me ver derrotado na busca pelo total silêncio, na verdade uma luta inglória, começo a não perceber algumas cores. Sim, as paisagens começam por se mostrarem modorrentas, cansadas, descoloridas. Instala-se uma apatia nas cores. Já não consigo distinguir as cores prismáticas formadoras do branco. A cor branca faz-se absoluta, ingênita, indivisível... Em seguida vem a palidez das paisagens. Como sucedâneo, meu desespero: o branco e o negro é tudo que vejo. A diversidade de colorações e tons tão agradáveis e deleitosos deixou de existir. De início baniu-se o silêncio; agora não há mais cores. O que há então? Nada!  O que posso discernir? Longe de pretender-me um Shakespeare, faço minhas as palavras de Hamlet: “Tudo que vejo é nada”. 

Lógico, é isso.  O mundo assimilou estas duas características tão ... antagônicas. Como harmonizar o ruído excessivo com a acromatismo? Não pode haver prazer em paisagens acromáticas, ainda mais quando acompanhadas pela bizarrice dos ruídos. Sim, está explicado: as pessoas, hodiernamente, carecem de cores porque cultuaram o ruidoso. A verdade é manifesta: vivemos num novo mundo, numa nova era, a era dos acromáticos. Talvez, quem o sabe, em pouco tempo, possa eu estar a reescrever a presente crônica e a divulgar uma outra realidade: o embaciar das mentes, quiçá, o embranquecer das almas. Our mind will be blank!

sexta-feira, 4 de março de 2022

Simulatio

Encantamo-nos com pouco, com nada...ou quase nada. Hollywood nos encanta: corpos musculosos enleva-nos, corpos sensuais seduz-nos, lábios bem desenhados em harmônicas faces extasia-nos. Estão criados os padrões de beleza. Para que divulgá-los? Óbvio, o consumo aumenta, a competição aumenta, a alienação alastra-se em proporções geométricas. Diz-se que beleza é harmonia e perfeição de formas. Dizem também que beleza é poder. Será? Vejamos! A mídia transforma meninas em Barbies ou em Cinderelas na busca por príncipes encantados. E a que custo? Salões de beleza, academias e clínicas de estética lotadas... O que almejam? Lábios carnudos, seios fartos e empinados, nádegas volumosas... E a mídia tem cumprido seu papel.

Os homens, por sua vez, desde a antiga Grécia, têm granjeado corpos ágeis, fortes, velozes. As guerras assim o exigiam: atletas robustos, seres com destreza, solidez, energia... As olimpíadas revelavam novos heróis, novos mitos, novos deuses. Percebe-se então o despontar de uma velada vaidade - rota filosofia eivada de irresponsável falácia declara que, nesse caso, a vaidade é benéfica. Fato é que, independentemente de estar vinculado ou não a esportes, o que subjaz em todo o processo é a busca por glória, fama, poder.

Mas... os padrões de beleza estão afeitos ao tempo; padrões aliam-se a modismos, a mutações, a demandas sociais. Novos padrões, inclusive, veem a reboque de conflitos. A sociedade, por vezes, parece cansar-se de certos estereótipos de beleza... Alguns dos membros - servis - mergulham de cabeça; seria melhor dizer escravizam-se a novas exigências. Outros, revoltados com a sociedade, colocam-se frontalmente contra a mesma e, destarte, dedignam quaisquer imperativos estéticos. Então surgem os esgares, ou o modismo de escárnio. São corpos cobertos de agressivos atavios, das mais estranhas figuras, das mais bizarras pinturas. Despontam e proliferam os tattoos. A contra-moda também angaria prosélitos.  E a mídia, a serviço da Matrix, continua a desempenhar seu papel de forma magistral.

Do exposto, pode-se inferir que, em verdade, padrões de beleza - mesmo em face da patente degradação - não passam de recursos. São disfarces, são personas, as máscaras, o fingimento; fingimento este característico de toda e qualquer sociedade. (E alguém teve a infeliz ideia de declarar que o ser humano é um animal social - pobre animal, pobre ser humano, podre sociedade). A busca pela glória e fama, hodiernamente, é estimulada por selfies; postagens em redes sociais tem por objeto angariar seguidores, likes, curtidas, etc. Rende-se culto apenas às aparências, a uma exterioridade torpe e repulsiva, que visa, simplesmente, dissimular a busca por um ignaro poder. E nada mais!