Tenho a impressão, e isso já faz algum tempo, de que, por vezes, torna-se manifesto o nítido interesse em “adaptar” alguns conceitos. A adaptação, é claro, atende a expectativas pessoais ou de grupo específico. Adaptar conceitos é mera conveniência. Em alguns casos, no entanto, o termo adaptar pode vir a ser considerado um eufemismo, haja vista as situações em que os mesmos são empregados. Mas a quem importa sujeitar o conceito? Geralmente a inescrupulosos, que se valem de nefasta verborragia não só para alcançar triunfos pessoais, mas, também, para estigmatizar seus desafetos.
Exemplifiquemos, pois: Em dias atuais
é tão comum (corriqueiro) falar-se em cidadania. Mas o que é cidadania? Ora,
cidadania é qualidade de ser cidadão; cidadão que é sujeito de direitos e
deveres. Enquanto sujeito de direito, o conceito elenca o direito à vida, à liberdade,
à propriedade, à igualdade perante a lei, ou seja, ter direitos civis. Ótimo, estamos
cientes; tais direitos são amplamente difundidos pela sociedade midiática. Mas...
direitos implicam deveres. E quais são os deveres do cidadão? Escolher os
governantes do país, cumprir todas as leis e a Constituição, proteger o
patrimônio público e cultural, respeitar os direitos de outras pessoas, fazer contribuições
tributárias e previdenciárias devidas, educar e proteger seus semelhantes,
contribuir com as autoridades. Pergunta-se: a marginalidade, o crime
organizado, o narcotráfico, as milícias, etc. cumprem seus deveres de cidadãos?
Pasmai, mesmo sem cumprir qualquer dos enumerados deveres, eles ainda são
considerados cidadãos. Parece haver, e de caso pensado, um abandono conceitual,
ou melhor, uma adaptação do conceito. E a patente adaptação do conceito de
cidadão pode ter tido suas origens nos tratados e pactos (arapucas) que reiteram
a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Neste ponto recordo-me de Michel
Villey, que em sua obra “O Direito e os Direitos Humanos” declara: “Direitos
humanos são a excrecência do Direito”. Todavia, folgo em saber que existem
defensores - e eu sou um deles - de um Direito Penal do Inimigo.
Voltemo-nos agora para o emprego de um
termo que teve seu conceito adulterado, objetivando criar estigmas a um
desafeto político: Fascismo. Mas o que é o fascismo? Historicamente foi um
movimento político de origem italiana que tinha por símbolo o fasces. O fasces
é um conjunto formado por varas em torno de um machado, transportado por
lictores (guarda-costas de magistrados) e representavam o direito destes a
aplicar punições. O fascismo em nosso país foi chamado de Ação Integralista
Brasileira. Politicamente, fascista é tendência para o autoritarismo ou para o
controle ditatorial. O fascismo busca reprimir a oposição por via da força e
regular a sociedade e a economia. Pergunta-se: Nosso executivo lança mão destes
recursos para governar? Ou será que conservadorismo tornou-se sinônimo de
fascismo? De que modo ele - o poder executivo - reprime a oposição? Se não me
engano, nosso poder executivo quer leiloar todas as empresas estatais... Dentre
o executivo e o legislativo (Supremo Tribunal Federal), quem mais manifesta
tendência para autoritarismo ou controle?
Por inferência, posso concluir que a
ignorância, somada ao mau-caratismo, dilapida até mesmo nossa riqueza lexical.
Aqui vemos claramente, que as pessoas que repetem rótulos, os repetem ou por cegueira ou mau caratismo ideológico. Se buscassem saber o significado das palavras, veriam que tal adjetivo ou está equivocado, ou mal direcionado. Comportamento de gado. Pura massa de manobra.
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