Conheci certo político, um prepóstero matemático, na verdade um apoucado intelectual, que durante seu virulento discurso declarou ter construído uma mesa onde o quadrado mesclava-se ao círculo, pondo fim ao milenar problema da quadratura do círculo. E apresentou o tal objeto (ou seria abjeto?): uma mesa parte curva, parte retilínea. Ouviu-se um oh, seguido de risos. A tentativa de embair a novel plateia, e não só o poviléu, mostrou-se como facécia. A dita távola, então, assimilou a alcunha de anomalia.
Dizem que Ulisses Guimarães, em 1988,
após promulgar a anomalia, digo, a Constituição (desculpai-me o ato falho) foi
assassinado. Isto porque ele seria um dos pretendentes a retirar a espada da
pedra, um legado do deposto Imperador, a simbolizar uma espécie de retorno aos
tempos de exautoração. Muitos foram os sardônicos representantes políticos que
estadearam mínimos princípios éticos para sacarem a arma da rocha e
aboletarem-se no precioso sólio.
Tancredo Neves tentou e morreu. Paulo
Maluf pretendeu, José Serra intentou, Leonel Brizola diligenciou. Houve um primeiro
Fernando que diziam caçar marajás (risos). Mas marajás não caçam marajás! Itamar
não tentou, mas foi inquinado. Outro Fernando, a obumbrar intenso mau-caratismo
surgiu como num fulgir de fogos de artifício. Mas a farsa tem prazo de
validade. No perquirir mais agudamente optou-se em ter um órgão como estalão: o
TSE.
Meu Deus! Dizia o TSE pôr novas regras
à liça e adjudicar o cargo a quem, de fato, a ele fizesse jus. Qual nada! tresandaram,
deflectiram. Creio que de modo consentâneo, permitiram que um herético, dado a
libações, viesse tentar retirar a espada plantada por alguém de mirífico
caráter. Em verdade, o dito representante escolhido pelo TSE teve origem num atascadouro
e vende-se a troca de qualquer espórtula. O mesmo que colocar um lobo para
zelar por ovelhas.
Resta-nos somente a certeza de que a
espada continua enraizada na pedra.
Obs: A linguagem um tanto rebuscada fez-se mister haja vista a seriedade do tema.