terça-feira, 29 de setembro de 2020

Os novos intelectuais

 

O termo novo, além do ineditismo, da originalidade, pode significar também algo recente, o que sucede e atualiza o já existente. Todavia, não se deve confundir essa sucessão e/ou atualização como uma evolução linear. Intelectual, por sua vez, nos leva a imaginar pessoa ou pessoas com amplo domínio do intelecto; detentores de inteligência em atividade permanente; alguém com grande cultura. Fala-se também que o intelectual é aquele que produz pensamentos; pessoa que vive exclusivamente de seu intelecto. Contudo, será que semelhante descrição conceitual pode ser corroborada em dias atuais? Vejamos.

Se não me engano, toda essa nova casta - faço uso do termo casta porque “os novos intelectuais” entendem-se como classe privilegiada, e por isso mesmo desvinculado dos demais - tem uma origem comum. A coisa teve início após a publicação do Manifesto Comunista em 1848. Ao discurso marxista somou-se a hegemonia cultural proposta por Gramsci. Não vos enganeis: nossa Semana da Arte de 22 foi fruto desta aberração. Estava, portanto, levada a efeito a ruptura conceitual com o que os radicais chamam arte burguesa. Por fim, em 1930, teve lugar a Escola de Frankfurt, com seu programa interdisciplinar e materialista. O que vimos surgir? Uma teratocultura. E a agressão tão marcante na arte - literatura, cinema, poesia, dança, pintura, etc. - retrata apenas a decantada “Luta de Classes”. 

As monstruosidades daí originadas, através da falácia e de uma tacanha hermenêutica filosófica psicologista, fizeram da catarse a única origem da arte. Com a desculpa de fugir à visão burguesa de arte e cultura, jovens são doutrinados a abandonarem regras e conhecimentos fundamentais à execução musical; são convocados ao olvido de regras gramaticais na composição de textos; são instados ao empenho de criar versos brancos no que chamam poesia; são conduzidos à pintura abstrata, se bem que distante de qualquer abstração, valor e/ou sensibilidade; são intimados a movimentos de corpos que exteriorizem sensualidade, como mais um recurso para desacreditar valores e religiosidade . Não vos deixeis iludir: a excreção em série deu origem a patente crise na criatividade. Basta observarmos que até contos infantis são vítimas de “releituras”. Eis ai a hegemonia cultural defendida por Gramsci.

Mais curioso ainda é perceber que a “emancipada” juventude vive intensamente uma entropia e dela se nutre. É patente a desordem em todo o sistema. Sim, contudo, eles - a juventude - convivem muito bem com os males que lhes foram impostos, até porque são incapazes de perceber que a isso foram conduzidos e estimulados. E vós me perguntais: quem está por trás disso? A casta de que falamos; essa é sua função primordial.

Bem, então agora já podemos retomar o conceito de “novos intelectuais”: arrogância humanoide, caracterizada pela incapacidade de abstrair, e, por isso mesmo, a fazer uso de chavões e slogans, dizendo promover rupturas, muito embora tenha por base criações batizadas de burguesas, a partir das quais estabelece um espúrio ineditismo.

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