De fato, a tecnologia se nos impõe de modo assustador. Mas, que digo eu? A tecnologia mostra-se invasiva, nos constrange; e isso quando mais se fala em liberdades. Imaginai que agora os documentos são digitais: identidade, título de propriedade veicular, carteira de habilitação, título de eleitor, etc. O porte e o uso do aparelho celular já se mostra imprescindível. Não sei porque, mas só consigo lembrar do sinal apocalíptico ínsito à mão direita dos desavisados. O telefone celular - equipado com câmera, é lógico - acaba, inclusive, de incorporar um novo atributo: o de leitor e decodificador. Como???
Calma, explico-me. Estamos às voltas
com os atualíssimos QR Codes. Sim, pode parecer exagero, mas se ainda não houver
um QR Code para dada coisa ou função, em breve haverá. Vejamos: existem
restaurantes que, em nome da pandemia - onde o sentido do tato foi execrado - aboliram o Menu e a Carta de Vinhos; os clientes aproximam seus respectivos
aparelhos celulares daquele emaranhado de pontinhos e a informação fica
disponibilizada no telefone. Puxa, que bom! Não? Conheço um cidadão - eu não
diria amigo, pois posso me complicar - que é contumaz frequentador de...
diria... lupanares. Pois bem, alguns destes estabelecimentos oportunizam logo à
entrada um QR Code; os clientes usam a câmera de seus celulares para escolherem
a provisória “diva de seus sonhos”.
Aqui serei, por certo, chamado de
exagerado, mas já soube, à boca pequena, que o recurso foi testado em banheiros
públicos, mas sem muito êxito. Ora bolas, o cidadão chega com alguma urgência à
porta dos banheiros e não consegue identificar o gênero, ou seja: por que não o
famoso par de luvas ou a cartola e a bengala para diferenciarem o feminino do
masculino? Seria essa a finalidade da ideologia de gêneros? Enfim, descobriu-se
após uma semana de testes, que havia mais urina na entrada do hall dos
banheiros do que dentro deles.
E a coisa não para por aí: o número de
divórcios tem aumentado consideravelmente em face do uso de QR Codes na relação
entre casais. Imaginai que uma senhora distinta, mãe de família, trabalhadora e
tudo o mais, resolveu criar um QR Code para indicar ao marido sua
“disponibilidade” ao intercurso sexual. Acontece que o marido não tem celular,
só toma banho de água fria e se lava com sabão de coco. Em suma, o cara, um legionário,
além de ser taxado de misógino, está respondendo a processo por tentativa de estupro,
de feminicídio, etc., etc., etc.
Estarei a potencializar o recurso?
Talvez, mas o certo é que hoje não podemos mais assistir TV sem a proximidade
do aparelho celular, pois o QR Code está sendo usado em larga escala. E eu
pensava que o código de barras seria nosso limiar! Imaginai o uso do código
bidimensional para comprar passagens aéreas, marcar assentos no avião, reservar
hotéis, etc. E num clima de descontração, buscai imaginar um casamento pautado
em QR Codes. Sim, o casal conhece-se através do recurso; por ele tem lugar o
primeiro encontro e trocadas as primeiras impressões. E vem o amor ... ou seria
paixão? O Code marca o casamento. O padre só atende aos apelos advindos do
Code. As bodas - convites, buffets, vestuário - tudo deve-se ao QR Code. Neste
momento arrisco-me: a escolha dos filhos deverá ser orientada pelo QR Code?
Como não pretendo alongar-me, devo
informar-vos de que, em breve, os leitores assíduos (será que os tenho?) de
meus textos terão que fazê-lo através de um Code. Eu já me predisponho a
estudar um pouco para criar meus códigos. Sim, bem lembrado: as escolas, com o
advento do EAD - Ensino à Distância - lançaram mão do recurso. Todavia, a
pergunta que não quer calar passeia incauta por minha mente: será que as
pessoas tão voltadas às demandas tecnológicas ainda saberão ler, compreender e
interpretar um simples e inofensivo texto?
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