quinta-feira, 22 de maio de 2025

Alimento-base

 

Perdoai-me o molesto, mas acredito estarmos diante de grave problema alimentar. Afinal, as pessoas necessitam de nutrientes para que as funções vitais também do intelecto sejam mantidas. Não falo em carboidratos, vitaminas, proteínas ou sais minerais; falo em conhecimento, em livros como alimento. Todavia, receio ter sido aberta uma janela, a Janela de Overton, e por ela o apedeutismo tornou-se parte integrante de nosso cotidiano. A ignorância agora é mainstream; o conhecimento está marginalizado.

Senão vejamos: como reconstruir uma sociedade estável e feliz a partir de pessoas egoístas, fracas, desonestas, miseráveis, corruptas? A fazer minhas as palavras de Aristóteles, cito: “A iniquidade perverte o juízo e faz os homens errarem no que se refere aos princípios práticos, de modo que aquele que não é bom não pode ser sábio e judicioso”. E Spurgeon pode então corroborar: “A sociedade jamais será melhor do que os indivíduos que a formam”. De que precisamos, então? Execuções? Não! Alimentos, livros, livros, livros...

Por onde andam nossas bibliotecas de referência? O fechamento de bibliotecas é sintoma grave de degeneração social. Nossa maior referência literária - ABL - virou “puxadinho” ideológico. Temos livrarias, bem poucas na verdade, mas estas não oferecem o alimento necessário. Dando prosseguimento à metáfora, declaro que livrarias oferecem apenas fast foods. As obras hodiernas são alimentos nocivos. A crise na criatividade também pode ser explicada: enfim, como pode uma sociedade desprovida dos mínimos valores produzir algo de referência? Livrarias vendem tira-gostos que contemplam o Eu. E isso é grave, pois “o Eu é um princípio de isolamento”. Como pensar uma sociedade justa e harmônica quando esta contempla somente o interesse de alguns Eus?

Lamentavelmente, em nosso país, como em muitos outros, seres humanos, além de famintos, estão sendo envenenados.     

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